Ana Flávia Souto Figueiredo Nepomuceno
Farmacêutica
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre e doutoranda em
farmácia pelo Programa de Pós Graduação em Farmácia da Universidade Federal da
Bahia.
Mariana Souto Figueiredo
Cirurgiã
dentista pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre em saúde
coletiva pelo Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal da
Bahia.
RESUMO
INTRODUÇÃO: Os Transtornos Mentais (TM) tem se configurado um importante problema
de saúde pública, sobretudo devido à sua elevada prevalência e pelo seu impacto
negativo sob a qualidade de vida das pessoas que o apresentam. Dentre os
fatores associados ao seu desenvolvimento, encontram-se a atividade laboral e
as condições de trabalho, que tem repercutido diretamente na saúde mental da
população. Dessa forma, estudos sobre a temática
tornam-se pertinentes. OBJETIVO: Investigar o perfil de
notificações de transtornos mentais relacionados ao trabalho no período de 2017
a 2021, no estado da Bahia, Brasil.
METODOLOGIA: Este é um estudo epidemiológico, transversal, retrospectivo,
descritivo, com abordagem quantitativa, e de análise de série temporal tendo
como base informações disponíveis no departamento de informática do Sistema Único
de Saúde. As variáveis total de notificações por ano, sexo, raça, faixa etária,
notificação segundo o diagnóstico, regime de tratamento e evolução dos casos
foram analisadas. RESULTADOS E
DISCUSSÃO: Durante o período foram registrados 649 casos de transtornos
mentais relacionados ao trabalho na Bahia. Acredita-se que esse achado possa
ser ainda maior, uma vez que as subnotificações são frequentes. O ano de 2019
concentrou a maioria das notificações (30,20%), enquanto que 2017 registrou a
menor frequência do período (12,94%). A maioria dos casos foram referentes a
pessoas do sexo feminino (58,55%), pardas (39,29%), e com faixa etária de 35 a
49 anos (56,08%)Os dados encontrados corroboram com estudos prévios que evidenciaram que mulheres são as mais suscetíveis a apresentarem TM
relacionado ao trabalho, isso pode ser justificado por diversos fatores com
destaque para os hormonais, as desigualdades de
gênero no mercado de trabalho, somado a elevada sobrecarga doméstica e de
cuidado com os filhos. A faixa etária de maior frequência, sugere que
provavelmente, há um acúmulo de fatores que com o passar dos anos de profissão,
que tornam essas pessoas incapacitadas temporariamente a desempenhar as
atividades laborais. Cabe destacar também que, trabalhadores em situações de
desvantagens econômicas são mais vulneráveis ao desenvolvimento de TM. Quanto
ao diagnóstico, observou-se maior frequência de transtorno neurótico, com
estresse e somático (41,60%) seguidos de transtornos de humor (27,89%) e
síndrome de Burnout (2,62%).No que diz respeito
ao regime de tratamento, a maioria foi feito a nível ambulatorial (73,50%). Em
relação à evolução, a maioria resultou em incapacidade temporária (67,80%),
entretanto esse achado pode estar enviesado, uma vez que, os profissionais
notificadores acompanham esses indivíduos em até seis meses, tempo recomendado
para que os casos sejam notificados. CONCLUSÃO:
Este estudo evidenciou que pessoas do sexo feminino, pardas, e com faixa
etária de 35 a 49 anos foram as mais propensas a apresentarem TM relacionados
ao trabalho no estado da Bahia, durante o período analisado. Dessa forma, a
implementação de políticas públicas em saúde mental voltadas para o diagnóstico
precoce, para o acompanhamento constante desses trabalhadores e para redução de
fatores que predispõem os TMs devem ser estimuladas.
Palavras-chave: Transtornos mentais. Saúde do trabalhador. Saúde Pública.