Carla Gravel da Costa Osta
Graduada em Nutrição.
Mestranda em Ciência e Tecnologia em Leite e Derivados – Universidade Federal
de Juiz de Fora. E-mail: carla.gravel@estudante.ufjf.br
Lívia Assis de Oliveira
Graduada em Ciência e Tecnologia
de Alimentos. Mestranda em Ciência e Tecnologia em Leite e Derivados –
Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: oliveira.livia@estudante.ufjf.br
Áurea Alice Campos Oliveira
Graduada em Economia
Doméstica. Mestre em Economia Doméstica – Universidade Federal de Viçosa.
E-mail. aurea.oliveira@emater.mg.gov.br
Soyla Carla Marcelino de Oliveira
Graduada em Microbiologia
de Alimentos. Pós-graduação em Qualidade e Produtividade Empresarial. E-mail:
soyla09.oliveira@gmail.com
RESUMO
Introdução: O leite A2 é um produto proveniente
de vacas com o genótipo A2A2 o qual possui alto valor agregado pois demanda de
rebanhos que possuam genéticas favoráveis. No leite de vaca, a β-caseína representa aproximadamente 30% do total de
proteínas, podendo estar presente como duas diferentes variantes de acordo com
a genética do animal: β-caseína A1 e A2. A β-caseína A1, quando degradada no
trato gastrointestinal origina o peptídeo Beta-Casomorfina-7 (BCM7), os quais,
as evidências apontam como causador de sintomas com efeitos sobre a motilidade
gastrointestinal e ações próinflamatórias em indivíduos susceptíveis
geneticamente a essa variante, apresentados como responsáveis pela
síndrome de intolerância ao leite não relacionada com a lactose. Objetivo: Este estudo teve
por escopo abordar e evidenciar a Beta-caseína A2 como um diferencial na
qualidade do leite e a influência do alelo sobre a função gastrointestinal. Material e Métodos: Realizou-se uma
revisão narrativa tendo como base de dados: Portal CAPES,
SCIENCE DIRECT/ELSEVIER e SCIELO no idioma
inglês utilizando os seguintes descritores: A2 milk; beta-casein; betacasomorphine-7 and
casein. Ao final da pesquisa foram selecionados artigos científicos
publicados entre os anos de 2018 a 2022. Resultados: Embora muitos efeitos
adversos à saúde tenham sido atribuídos ao consumo de leite de vaca contendo a
variante genética A1 da β-caseína, não existe consenso sobre tais efeitos.
Soma-se a esse fator, a possibilidade de haver indivíduos apresentando maior
vulnerabilidade do que outros ao peptídeo BCM-7 na qual as evidências apontam
poder exercer atividades biológicas tais como interferência na motilidade
gastrointestinal conduzindo ao aumento da susceptibilidade para fermentação da
lactose e outros componentes da dieta, tal como FODMAPS (oligossacarídeos,
dissacarídeos, monossacarídeos e polióis).
Estes fatores, aliados à predisposição genética podem ser relevantes em relação
aos resultados clínicos e subclínicos. Sendo assim, o consumo de leite A2
beneficiaria indivíduos sensíveis ao consumo de leite de vaca bem como os
portadores de intolerância ao leite não relacionado com a lactose ou até mesmo
àqueles que possuem alguma deficiência gastrointestinal, como úlcera duodenal,
que podem dificultar a quebra da BCM-7 pela deficiência da enzima dipeptidil
peptidase 4, fazendo-a adentrar à corrente sanguínea em maior quantidade e
assim, podendo ocasionar maiores adversidades. Conclusão: Produtos lácteos
desenvolvidos a partir de vacas de genótipo A2A2 podem conduzir benefícios para
o produtor através do aumento da produção para o rendimento em proteína e leite
e a frequência decrescente da variante A1 da proteína, podendo também, ser mais
benéfico para indivíduos com histórico de sensibilidade interpessoal e
hiperpermeabilidade intestinal do que dietas de restrição à caseína, tendo em
vista ser esse alimento, uma fonte importante de nutrientes para a dieta humana
além de sugerir uma possibilidade de oferta de um novo fator nutricional para a
qualidade do leite.
Palavras-chave: Betacasomorfina-7. Genótipo A1. Leite A2.