Daniel da Roa Eslabão
Doutor em Sociologia (Universidade do
Porto, Portugal). Doutorando em Filosofia na Universidade Federal de Pelotas.
Bolsista CAPES.
E-mail: sociologiabrasil@yahoo.com
RESUMO
Este
artigo, tem como proposta de consideração a ideia de que houve na obra de Friedrich
Nietzsche (1844-1900), ao menos em seu período intermediário, repercussões de
inspiração literária, em específico, proveniente do escritor inglês Walter
Savage Landor (1775-1864). Desejamos, neste estudo, verificar esta hipótese,
tendo em base os indícios apresentados pelo próprio filósofo em suas obras, bem
como apontamentos oriundos de outras fontes. Nesta direção, envidaremos
esforços para delimitarmos um quadro de textos a serem considerados em um
estudo preliminar em foco aos períodos, temas e personagens convergentes entre
ambos. De maneira ilustrativa escolheremos um dos textos de Landor como
exemplificação de um escopo analítico. Tomaremos, neste caso, um dos diálogos
de "Conversas Imaginárias" (LANDOR, 1878). Nossa investigação, de
cunho teórico e bibliográfico, permitiu, até o momento, divisar possíveis
aproximações entre a filosofia nietzschiana e o campo literário. Verificamos
que Nietzsche era leitor de autores de língua inglesa, dentre eles o britânico
Shakespeare e o norte-americano Ralph Waldo Emerson. Esse último, curiosamente,
foi amigo de Landor e um dos pensadores lidos com mais constância pelo pensador
alemão. Notamos estas repercussões no período intermediário da filosofia deste
clássico da crítica moral do século XIX e autor de “Assim falava Zaratustra”.
Percebemos em livros como “A Gaia Ciência”, substancial mudança não apenas nos
rumos do seu pensamento, como também no estilo da escrita, a se tornar cada vez
mais rica em termos de recursos literários empregados, desde a intercalação de
diálogos em meio a sequências de aforismos, até o uso da prosa poético, como
meio de expressão.
Palavras-chave: Literatura. Filosofia. Crítica Moral.