DOI: 10.5281/zenodo.7044461

 

Lavínia Izidoro Martins

Bacharel em História pela Universidade Federal Fluminense. Desenvolve atualmente pesquisa no Laboratório de História Regional e Patrimônio (LAHIRP) da UFF-PUCG. Contato: laviniamartins@id.uff.br.

 

Resumo

O presente artigo tem por objetivo apresentar reflexões acerca das memórias ligadas à Usina de Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, uma das principais da região até a década de 1990. Para isso, damos enfoque na disputa entre duas narrativas: a usina como patrimônio agro-industrial do município, bem como a memória política e paternalista ligada a seus antigos donos, e a que vem à tona com a publicação do livro Memórias de uma guerra suja (2012), no qual o ex - delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Cláudio Guerra, revela a utilização dos fornos da usina para queimar os corpos de militantes vítimas da Casa da Morte de Petrópolis, no período da ditadura militar brasileira. Assim, contrapomos a memória oficial, relacionada principalmente ao caráter latifundiário da sociedade e da política campista, às revelações do uso dessas instalações pelo aparelho repressivo, para discutir o caráter de lugar de memória desse espaço.

Palavras-chave: Cambahyba, memória, patrimônio, ditadura militar, repressão, direito à verdade.