Lavínia Izidoro Martins
Bacharel em História pela Universidade Federal Fluminense. Desenvolve atualmente
pesquisa no Laboratório de História Regional e Patrimônio (LAHIRP) da UFF-PUCG.
Contato: laviniamartins@id.uff.br.
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar reflexões acerca das
memórias ligadas à Usina de Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, uma das
principais da região até a década de 1990. Para isso, damos enfoque na disputa
entre duas narrativas: a usina como patrimônio agro-industrial do município,
bem como a memória política e paternalista ligada a seus antigos donos, e a que
vem à tona com a publicação do livro Memórias de uma guerra suja (2012), no
qual o ex - delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Cláudio
Guerra, revela a utilização dos fornos da usina para queimar os corpos de
militantes vítimas da Casa da Morte de Petrópolis, no período da ditadura
militar brasileira. Assim, contrapomos a memória oficial, relacionada
principalmente ao caráter latifundiário da sociedade e da política campista, às
revelações do uso dessas instalações pelo aparelho repressivo, para discutir o
caráter de lugar de memória desse espaço.
Palavras-chave: Cambahyba, memória, patrimônio, ditadura militar, repressão, direito à verdade.