José
Paulo Netto.
Expressão Popular, 1ª edição. 2011.
65
páginas
Mara Rubia Aparecida da Silva [1]
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4554-5613
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0768-0195
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5518-5853
[1]Mestre em Educação UFU, email: mararubia470@hotmail.com
[2]Doutoranda em Educação UFU, email: cecidiab@gmail.com
[3]Mestranda
em Educação Profissional e Tecnológica - ProfEPT IFTM, e-mail: shirleicardoso3@gmail.com
A presente resenha traz como
discussão epistemológica o materialismo histórico dialético, uma análise do
livro Introdução
ao Estudo do Método de Marx do autor José Paulo Netto, no qual
discute a construção do método marxista para a prática social e na pesquisa, o
diminuto livro apresenta uma linguagem acessível aos leitores que desconhecem a
práxis marxista e os conceitos existentes nas obras de Marx. Entendemos nesse
sentido, a relevância desse estudo para a compreensão do MHD, o autor contribui
efetivamente para a organização de ideias e conceitos de importante estudo e
análise da vida social e prática.
O
autor do livro em questão, José Paulo Netto, é professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, um dos maiores precursores dos dizeres de Marx e
possui em seu currículo uma vasta elaboração teórica e discussão sobre o método
e sua práxis. A obra foi publicada no ano de 2011 pela editora expressão
popular, possui 64 páginas com os cincos segmentos: “interpretações
equivocadas”, “o método de Marx: uma longa elaboração teórica”, “teoria, método
e pesquisa”, “as formulações teórico-metodológicas”, “o método de Marx”.
Destarte, o autor, inicia a discussão
do método nas ciências sociais, pressupõe que esses estudos se partem da base
estrutural da sociedade e dá voz às lutas e aos direitos socialmente
conquistados. O pensamento filosófico em questão discute um dualismo de
problemas, no campo teórico, político e ou social. Portanto, Netto busca
compreender em sua obra essas contradições existentes na sociedade e na
pesquisa, tirando todo o viés de polêmica em relação ao pensamento de Marx, que
contribuiu para o pensamento do proletariado e da burguesia, uma revolução do
pensamento dos trabalhadores e da estrutura do labor.
Pressupondo
essa lógica da sociedade em que vivemos e da referência ideopolítica, Paulo
Netto traz como primeira discussão as “interpretações equivocadas”, pois, o
método de Marx nos faz não só refletir a realidade, mas interferir em sua estrutura
e transformá-la.
No campo dos estudos, muitos
seguidores de Marx apresentaram uma visão distorcida da realidade e das ideias
apontadas pelo autor, muitas vezes reducionista e apoiadas na lógica
positivista. Apoiando nesses equívocos, surge uma ideia redundante do
materialismo dialético e do materialismo histórico, ambos importantes na
discussão da sociedade.
Nessa perspectiva, a literatura
manualesca pressupõe erroneamente que o método marxista tem como fundamentação
de todos os problemas reais e estruturais da sociedade e do conhecimento.
Podemos entender que Marx parte de um princípio ontológico da sociedade. Netto,
mostra-nos uma carta de 5 de agosto de 1980 onde Marx e Engels apontam que
[...] “é necessário voltar a estudar toda a história, deve-se examinar em todos
os detalhes as condições de existências das diversas formações sociais” (Marx,
2010, p. 107)
Visando
tais questões do processo histórico e do reducionismo das ideias de Marx ao
longo da história, o autor aponta uma crítica pontualmente há dois eixos
temáticos, ao qual as obras de Marx são subjugadas, o
primeiro aborda a questão da suposta superficialidade em relação a
superficialidade da cultural e simbólica na teoria de Marx e o segundo aponta
para um pressuposto “reducionismo” no pensamento Marxiano “a teoria social de
Marx estaria comprometida por uma teleologia evolucionista, ou seja, para Marx,
uma dinâmica qualquer (econômica, tecnológica) dirigia necessária
e compulsoriamente a história para um fim previsto (socialismo)” (NETTO,
2011 p. 15).
Ao
final dessa seção Netto objetiva a necessidade da leitura dos textos de Marx e
Engels, e da importância de colocar o método em prática na sociedade e na
realidade e práxis da pesquisa, levando em conta o estudo da sociedade e a
reflexão de sua transformação e contradição.
Já
na seção intitulada “O método de Marx: uma longa elaboração teórica”,
visualizamos a evolução teórica do Jovem Marx e a construção de sua obra em uma
época de constantes disparidades e revoluções, uma construção do método a
partir das ideias de Feuerbach, onde mais tarde negou o idealismo e pontuou a
importância de uma análise completa da sociedade desde sua base alicerçada em
conflitos e saberes, pesquisas nos campos do feudalismo até a revolução
industrial constituiu a base de sua teoria social.
Nesse
sentido, três linhas de pensamento organizaram a teoria de Marx: a filosofia
alemã, a economia política e inglesa e o socialismo francês. Marx, dispõe da
ideia de conhecimento acumulado ao longo do tempo, tornando consciente e
primordial para a fundamentação, é nessa prática que o autor analisou a
sociedade burguesa da época e dividiu a sociedade em classes, portanto, o método
resulta de uma vasta investigação constituídos de conceitos e elementos
centrais para a discussão da realidade.
Na seção “Teoria, Método e pesquisa”, começa com Netto conceituando
teoria em Marx, sua linha teórica não se resume aos procedimentos tradicionais
do empirismo e / ou positivismo, nem se resume à construção de enunciados
discursivos. Ela se configura em uma forma especial de conhecimento e se
distingue das demais. Portanto, a existência real e efetiva do objeto
distinguiu seu método. Considerando que o pensamento é o verdadeiro criador, e
atribui grande importância à observação dos objetos. Então, para Marx, a teoria
é o verdadeiro objeto de interpretação e pesquisa a nível ideológico, e não
depende da existência de pesquisadores, mas seu surgimento é essencial para sua
existência. Destarte, o papel do pesquisador é compreender a aparência dos
objetos por mobilizar conhecimento e adotar tecnologias diferentes.
Na seção intitulada "Formulação teórico-metodológica", Paulo
Netto mostra-nos que para Marx, sua pesquisa é o resultado de uma elaboração
teórica e científica de longo prazo em relação de contradição com o objeto,
desse modo, em seus estudos partindo do idealismo, sua afirmação inicial foi
próxima do materialismo e ganhou exposição dialética. Isso é neste momento, ele
se posicionou contra alguns de seus pensadores alemães. Podemos visualizar
muito desses dizeres na leitura de "Ideologia Alemã" na qual os
homens são produtores de sua vida material através do trabalho e de outras
concepções apontadas por Marx. O objeto de Marx é a sociedade burguesa, a
crítica da realidade histórica e dialética.
Os materialistas acreditam que
Marx fez progressos na análise de seus objetos. Para Marx e Engels, a
existência social e a questão econômica devido às contradições, objetiva um
mundo de processos sujeitos a constantes mudanças, oriundos de uma relação
entre o desenvolvimento e a mudança. Nas palavras de Netto, Marx postula a
existência de uma sociedade desigual, a qual compreende a produção da burguesia
moderna, a riqueza da sociedade entra nessas discussões onde a produção da vida
dá-se na totalidade da troca, consumo e distribuição, conceitos esses que
organizam o pensamento do método.
No final desta seção,
uma citação de Marx apontou que, na produção social, as pessoas entram em
relações de produção independentemente de sua vontade, que corresponde à etapa
específica de seu desenvolvimento de produtividade, materialidade que forma a
estrutura econômica da sociedade, que por sua vez apoia na superestrutura legal
e política, expandindo o modo de produção, vida social e política. Nesse
sentido, a consciência é medida segundo sua existência social e sua relação com
a realidade existente.
Na última parte, “O método de Marx”, Netto começa com a instituindo que
é difícil para a ciência provar a falta de um conjunto de regras para orientar
a pesquisa e definição da pesquisa. Nesse sentido, Netto tem como objetivo
resumir alguns dos pontos principais do método.
Na última parte deste livro, os métodos e pesquisas de trabalho social
de Marx, Netto mencionou serviços sociais e acredita que, portanto, é
necessário que os profissionais insistam na pesquisa e promovam suas ações.
Pois provocaram mudanças na sociedade brasileira. Estimulam novas demandas de
pesquisa em serviço social, educação e estruturam a abordagem e o método do
materialismo dialético em diversos âmbitos.
O autor aponta que alguns fatores dificultam a inserção da tradição
marxista no campo do serviço social, na educação e na pesquisa em geral, seja
pela dificuldade de compreensão ou da recorrente reflexão e contradição da
análise.
Portanto, historicamente com o fim da ditadura, as coisas mudaram, e
mesmo assim o impacto com o MHD (Materialismo Histórico Dialético) é
atormentado por muitos problemas. Propostas inconsistentes e a pressão do
neoconservadorismo pós-moderno torna o conceito de metodologia teórica de Marx
em um ponto difícil, mas não impossível. Destarte a importância de incorporar
as ideias de Marx nas pesquisas e levar para a sociedade a ideia de revolução e
a totalidade que se articula na contradição no processo de transformação da
sociedade, na mediação que estrutura a totalidade da sociedade e da rumo a
perspectiva teórico metodológico.
É importante entendermos essa categoria de totalidade no método de Marx,
que compreende a realidade e suas contradições, Marx partiu da crítica às teses
de Feuerbach no qual o homem é totalidade “O homem apropria-se do seu ser
universal de maneira universal, portanto como homem universal”. (Manuscritos de
1844, citado por Lefebvre, p. 48, 1955). Sendo assim, Marx organiza-se no
sentido de que o homem é uma construção histórica e contraditória, esse
pensamento parte da totalidade do ser social, sendo o trabalho a categoria
fundante.
Por fim, o livro de Netto, abarca as questões pontuais do método,
trazendo à tona sua totalidade e contradições, com seu objetivo de introdução às ideias do
método consegue abranger as disparidades e contribuições para pensar uma teoria
revolucionária que mexa nas estruturas das bases e proporciona um olhar de
mudança, simultaneamente objetiva-se incentivar a classe trabalhadora através
de uma visão de homem, mundo e sociedade desvelar a lógica do capital. Subjaz a
importância da leitura desse livro, seja pela classe trabalhadora ou
universitários que queiram compreender de forma introdutória o método e a
construção das ideias de Marx, bem como sua obra.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
NETTO, José Paulo. Introdução
ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011 (64p.)