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Jéssica
Pereira de Sousa
Graduada
em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal do
Tocantins – UFT, e-mail: jessicapereiraneto02@gmail.com
Neila Nunes de Souza
Professora
do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Tocantins –
UFT. Doutora em Educação pela Universidade de Brasília – UnB, e-mail:
neilanzousa@mail.uft.edu.br
Resumo: A
maioria das escolas de rede pública, em seu projeto pedagógico apresenta uma
proposta para a inclusão de alunos especiais em salas comuns. Ao pensarmos na
maneira de como a turma de alunos especiais é inserida na unidade escolar,
deparamos com uma realidade muito conflitante, pois na maioria das vezes, a
“entrada na classe especial é o final de um processo de reafirmação da
inadequação do aluno mediante um sistema escolar segregacionista,
estigmatizador e preconceituoso" (Cunha, 1988). Desse modo, questiona-se:
a turma de classe especial dentro de uma escola comum assegura o processo de
inclusão? A forma como está sendo concebida a ‘classe especial’ na escola
comum, contribui para o processo de inclusão ou pode ser considerado como o
estigma da diferença? Nesse sentido, visando conhecer esse amplo campo das
unidades de ensino que possuem as salas de recurso, aguça-se o desejo de
investigar se há um processo de inclusão dos alunos especiais com os alunos da
sala comum, onde foi analisado no presente trabalho a metodologia de uma
professora na sala de recurso com alunos que necessita de um atendimento
educacional especializado para alunos com deficiências intelectuais com Síndrome de Down, da Escola Estadual
Carmênia Matos Maia na cidade de Porto Nacional – TO.
Palavras-chave: Estudo de caso. Aprendizagem.
Sala de Recurso. Metodologia.
THE
METHODOLOGY OF A PUBLIC SCHOOL TEACHER WITH SPECIAL STUDENTS: A CASE STUDY IN
EDUCATION.
Abstract
Most public school schools in their pedagogical project present a proposal for
the inclusion of special students in common rooms. When we think about the way
special class students are inserted into the school unit, we encounter a very
conflicting reality, because most of the time, "entering the special class
is the end of a process of reaffirming the student's inadequacy through a
segregationist, stigmatizing and prejudiced school system "(Cunha, 1988).
In this way, it is questioned: does the special class class within a common
school ensure the inclusion process? How is the 'special class' being conceived
in the common school, contributes to the inclusion process, or can it be regarded
as the stigma of difference? In this sense, in order to know this wide field of
the teaching units that have the resource rooms, the desire to investigate if
there is a process of inclusion of the special students with the students of
the common room, where in the present work the methodology of a teacher in the
resource room with students who needs a specialized educational service for
students with intellectual disabilities with Down Syndrome, from the State School Carmenia Matos Maia in the
city of Porto Nacional - TO.
Keywords:
Case study. Learning. Board of Appeal. Methodology.
INTRODUÇÃO
A
pessoa com deficiência possui um histórico de exclusão e abandono pela
sociedade, diante dessa realidade, criaram-se a política educacional brasileira
que prevê nas escolas regulares ou instituições especializadas, um Atendimento
Educacional Especializado (AEE), para servir de suporte para que a educação
inclusiva aconteça em nosso país.
Visando
conhecer esse amplo campo das unidades de ensino que possuem as salas de
recursos, aguça-se o desejo de investigar como se dá esse processo de
aprendizagem dos alunos especiais.
Nesse
sentido, tivemos como objeto de estudo a unidade escolar Carmênia Matos Maia,
localizada na zona urbana do município de Porto Nacional, estado do Tocantins,
de modo que procuramos investigar os processos de inclusão instituídos nesta
escola para atender os alunos com necessidades especiais.
Pensando
na acessibilidade dos alunos, o colégio possui algumas adaptações para os
estudantes com necessidades educacionais especiais como: rampas, corrimão e
banheiros com pequenas adaptações, possibilitando a locomoção dos alunos com
deficiência intelectual.
A
escola utiliza-se uma forma de ensino não substitutiva à escolarização, pois
sendo a educação inclusiva um direito assegurado na Constituição Federal para
todos os alunos, sendo que a efetivação desse direito deve ser cumprida pelas
redes de ensino sem nenhum tipo de distinção.
Desse
modo, o aluno especial participa das aulas na Sala de Recurso no contra turno,
onde são atendidas três vezes na semana durante duas horas em dias alternados, de
forma individualizada, com vista ao acompanhamento, visando sempre sanar as
suas dificuldades.
É
importante entender que todo o trabalho a ser realizado na escola, inclusive na
sala de recursos, não pode ser apenas do professor/a ou da equipe pedagógica.
Mas também é imprescindível o apoio familiar no processo de aprendizagem destes
alunos, pois quando a família se responsabiliza, acompanha e auxilia o educando
em sua vida escolar este tende a obter maior sucesso em sua vida acadêmica.
Com
o intuito de garantir uma educação de qualidade, a sala de recurso é um espaço
criado para que o aluno especial se desenvolva e seja o ponto de partida para o
desenvolvimento do pensamento do aluno de forma gradativa na qual a sala de
recurso pode ensinar valores humanos que serão levados por toda a vida.
O
presente trabalho pretende discorrer sobre a metodologia de uma professora na
sala de recurso com alunos que necessita de um atendimento educacional especializado
para alunos com deficiências intelectuais (AEE).
Destarte,
nos propomos a estudar a concepção de educação inclusiva, que é ampla e
complexa, pois envolve não só apenas alunos com dificuldades motora, sensorial
e cognitiva, mas também o contexto social escolar. Na relevância da inclusão no
interior da unidade escolar, como política de inclusão, procura-se adaptar o
currículo às necessidades dos alunos com necessidades educacionais, a partir do
respeito às diferenças e que a educação seja integradora. Com esse intento,
surgem as salas de recursos. Acerca do debate sobre a inclusão, apresentamos a
seguir pontuações sobre a legislação, à luz da inclusão.
Diante disso, este artigo
está subdivido em oito seções, a primeira trata da inclusão no Brasil, de modo
que enfatizamos a legislação da Constituição Federal de 1988, a segunda
evidencia o meio no qual é realizado o trabalho com o aluno, apresentamos a
Sala de Recurso, em seguida, o campo empírico desta pesquisa, logo adiante
fazemos um relato da observação realizada, mostrando também os procedimentos e
atuação do(a) professor(a) na sala de recurso, na sequência apresentamos as
considerações finais, e por fim, as referências que norteiam esta pesquisa.
INCLUSÃO NO BRASIL: A LEGISLAÇÃO EM
QUESTÃO
Com
a democratização da escola, inicia-se o processo de inserção de alunos
especiais, com o intuito de fazer apenas uma interação com os colegas e não uma
inclusão.
Assim,
a Constituição Federal de 1988, no artigo 206, “garante a igualdade de
condições de acesso e de permanência para todos na educação regular”. Nessa
perspectiva, o inciso terceiro do artigo 208 define como obrigação do Estado
garantir o “atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988 p.56).
Para
reforçar e chamar a atenção dos pais como agentes importantes na educação dos
filhos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, em seu
artigo 55 estabelece que cabe aos pais ou responsáveis a obrigatoriedade de
matricular seus filhos na rede regular de ensino. Nessa mesma década, tanto a
Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), como a Declaração de
Salamanca (1994) passaram a influenciar a formulação das políticas públicas de
inclusão na educação.
Nesse
sentido, a Lei n° 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
priorizou esta nova visão educacional, principalmente, com a prescrição do
artigo 59 que afiança aos educandos com necessidades especiais a adaptação
curricular, metodológica e organizacional da escola, permitindo também a
terminalidade e a aceleração de acordo com as necessidades de cada pessoa. O
inciso V do artigo 24 e parágrafo primeiro artigo 37 da LDB, evidenciam de que
maneira a educação básica deve-se organizar, priorizando: “oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (BRASIL,
2007, p.3).
A
Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada pela Organização
das Nações Unidas, em 13 de dezembro de 2006, em reunião da Assembleia Geral
para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, teve como propósito
promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com
deficiência e promover o respeito pela sua inerente dignidade. Sendo assim,
considerado um marco para muitos militantes da justiça e equidades sociais e para
seu público destinatário que lutam pela inclusão das pessoas com deficiência em
uma unidade escolar.
Neste
curso, o Plano Nacional de Educação (PNE) apud
(BRASIL, 2014, p. 3) afirma que “o grande avanço que a década da educação
deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o
atendimento à diversidade humana”. Além de destacar a formação ineficiente dos
profissionais da educação, a acessibilidade e o atendimento educacional
especializado como fatores que não permitem a efetivação do sistema educacional
inclusivo (BRASIL, 2007, p. 3).
Pautada na lei que assegura
os direitos dos alunos com necessidades especiais, as Salas de Recursos estão
se aprimorando e buscando um atendimento especializado e que garanta uma
aprendizagem de qualidade permitindo desta forma, o debate e a elucidação em
que consiste as Salas de Recursos.
SALA DE RECURSOS
As
Salas de Recursos são ambientes oferecidos na unidade escolar para atender
alunos com necessidades especiais, com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede
pública de ensino regular, que tem entre outros objetivos, ajudar os estudantes
no processo de aprendizagem.
O
trabalho na Sala de Recurso não deve ser clínico, mas sim pedagógico. O
professor responsável deve ter uma especialização para que facilite ensinar os
alunos especiais, garantindo assim, um ensino de qualidade e que se sintam
incluídos. Diante disso, podemos perceber que a forma de aprendizagem dos
alunos especiais são distintas, os estudantes deficientes visuais, por exemplo,
fazem uso do braile para fazer a leitura dos variados textos que são propostos
pelo professor, os surdos utilizam-se da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com
intérprete na sala de aula e os alunos com deficiência intelectual fazem uso de
jogos pedagógicos que complementam a aprendizagem.
Observando
a Sala de Recurso como fator de aprendizagem no processo de ensino, é
importante salientar que só há inclusão dos alunos com deficiência, quando a
sala regular se importa em fazer a interação com a Sala de Recurso.
Mas
para que isso aconteça, é essencial que tanto o professor da sala comum, como o
professor da sala especial estejam com o um único objetivo: incluir o aluno em
todas as atividades escolares, fazendo as adaptações necessárias é o que afirma
a docente, que trabalha atualmente no Projeto Atendimento Domiciliar, do setor
de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Santos, no litoral
sul de São Paulo: “Ainda não há inclusão
de fato na educação. Para isso realmente acontecer, é necessário oferecer a
estrutura correta e estabelecer os objetivos corretos, para o aluno ter
condições de alcançar”.
Diante
desta afirmação, podemos notar que é necessário um trabalho árduo para que aconteça
a inclusão desses sujeitos que fazem da vida um espaço de aprendizado e
superação com o intuito de um dia ser reconhecidos por àqueles que os
consideram pessoas anormais e invisíveis no meio social.
Nesse
sentido, é importante utilizar de ferramentas de ensino como: materiais
pedagógicos ilustrativos, filmes, brinquedos educativos que levam o aluno a
desenvolver o pensamento crítico, mesmo que seja de forma gradativa, pois assim
o aluno especial sentirá seguro em tentar aprender o que lhe é proposto. A
aprendizagem às vezes, pode levar muito tempo e cabe ao profissional ser
paciente e entender que é necessário de atividades pedagógicas, de cunho lúdico
e interativo-participativo, para que desperte nos alunos o desejo de aprender.
Dessa forma, nós como
futuros educadores devemos participar de formações especializadas oferecidas no
âmbito do poder municipal, estadual e federal, procurando a luz dos anseios das
questões de inclusão, aperfeiçoar nosso conhecimento, para que assim possamos
adquirir saberes e estejamos cada vez mais preparados para atender os nossos
alunos especiais garantindo a eles uma melhor condição de ensino, pois devem
ser incluídos na sociedade como qualquer outra pessoa.
ASPECTOS METODOLÓGICOS: O CAMPO EMPÍRICO
EM QUESTÃO
O
objetivo deste trabalho de pesquisa é destacar a importância metodológica da
professora na Sala de Recursos Multifuncional no processo de inclusão e
interação no meio escolar. Para que houvesse sucesso na pesquisa,
estabeleceram-se os objetivos orientadores, a saber: conhecer o método de
ensino realizado na Sala de Recurso; verificar o limite de alunos que podem ser
atendidos na Sala de Recurso Multifuncional e quais as suas deficiências;
identificar os métodos e técnicas de ensino, utilizados pela professora com os
alunos que são atendidos na Sala de Recursos Multifuncional; observar a
frequência e o aproveitamento dos alunos atendidos neste espaço.
Assim,
os relatos da professora foram determinantes na elucidação dos questionamentos
sobre a sala de recursos, a partir das seguintes perguntas: Existe uma
preparação para os professores da sala regular para ministrar aulas para os alunos
especiais? Que sentimento tem estes professores quando se deparam com esses
alunos? Existe um laudo médico para que sejam inseridos na sala de recurso? Há
atendimento para os alunos com dificuldades de aprendizado também?
Nesta
investigação nos pautamos pelos laudos médicos, relatos da professora da sala
regular, acesso ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, planos de aula e
leis que asseguram o direito à inclusão destes alunos na sala de recurso.
Apresentamos a seguir as experiências de observação na sala de recursos.
RELATO DE OBSERVAÇÃO
Foram
realizadas duas observações na escola, a coleta dos dados foram realizadas por
meio de perguntas orais com a professora da sala de recursos, sendo observados
os aspectos físicos da sala e a metodologia utilizada no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos especiais.
Segundo
a professora H[1],
“a maioria dos alunos não passa do nível
um e leva anos para aprender o nome”. Isso requer paciência, amor e
determinação quanto ao processo de leitura e escrita destes alunos.
Neste
trabalho árduo, de acordo o relato da educadora da Sala de recursos, a escola
não disponibiliza uma formação específica para os professores da sala regular,
mas confessa que possui uma especialização em psicopedagogia, o que tem muito
ajudado na aprendizagem dos alunos.
Relatou
ainda que os professores expressavam sentimento de medo ao depararem com alunos
deficientes na sala comum, pois alguns alunos esboçavam inquietações e
agressividades, o que contribuíam na falta de atenção dos demais tirando o foco
da aula, mas que depois de muito diálogo, estes professores entenderam que é
necessário ter paciência e respeito às suas limitações e confessaram que se
sentem desmotivados por não possuírem nenhuma especialização na área. Isso
implica dizer, que há necessidade de se ter professores capacitados para atuar
na área, que entenda a realidade destes alunos, respeitando suas fases e suas
limitações, colaborando assim para que haja uma aprendizagem significativa e
eficiente.
Através de diálogos com estes professores, a
educadora da Sala de Recurso, mobiliza-os questionando que também já teve o
mesmo sentimento para com eles, mas que com o tempo, esse medo se transformou
em amor e, em uma luta para a melhoria da qualidade de vida deles.
Segundo
a professora, na Sala de recursos em que trabalha só é permitido que o aluno
especial seja inserido nesse ambiente escolar depois que for feito o laudo
médico. Afirmou ainda que a escola possui parceria com uma instituição privada
que fornece estes laudos. No entanto, há pais que ainda não aceita a
deficiência do filho. Para isso é necessário muita conversa, para que elabore o
laudo. Pois os pais esperam filhos perfeitos e quando se apresenta alguma
dificuldade desse gênero, os conflitos são evidentes.
Foi
afirmado também que não é feito atendimento nesta Sala de recursos para alunos
com dificuldades de aprendizagem, porque a prioridade é para estes alunos que
carecem de amor, atenção e dedicação no processo de desenvolvimento de
aprendizagem.
Uma
constatação: a sala observada se apresenta bem estruturada, composta por
inúmeros brinquedos, que vão desde quebra-cabeças a livros de histórias
bíblicas e infantis. É um espaço aconchegante e ventilado.
Atendem-se
dois alunos no período de duas horas, no contra turno das aulas regulares.
Aprendem fazer o nome, pintam, assistem filmes no YouTuber, etc. Constata-se que os alunos que possuem necessidades
especiais, têm interesse nas atividades pedagógicas ofertadas pela professora,
de forma que neste ambiente eles se sentem capazes de aprender algo novo.
É
perceptível o entusiasmo da docente quando se refere à Sala de Recurso,
apresentando as vantagens da evolução na escola. Expõe que a unidade de ensino
esta sendo reconhecida nacionalmente pelo trabalho exercido, como na
participação de jogos estudantis de outros estados.
A
educadora relata que é um trabalho pouco reconhecido, mas ela trabalha
arduamente para levar sorrisos para estes alunos que na maioria das vezes não é
reconhecido na sociedade.
Baseada
nas informações coletadas foi possível analisar o contexto social em que estes
alunos estão inseridos e, quais melhorias devem ser tomadas, para que a Sala de
Recursos não seja apenas um espaço para amontoar crianças e adolescentes, mas
que seja um espaço de conquista de valores de inclusão.
Portanto,
o que podemos perceber é que para que a inclusão destes alunos especiais
aconteça, é preciso que tanto escola como a família estejam interligadas,
procurando harmonizar os conhecimentos, pois haverá melhorias no
desenvolvimento de aprendizagem destes estudantes.
O/A PROFESSOR/A NA SALA DE RECURSOS
Neste
contexto, a formação do professor é fundamental para que seu trabalho esteja
centrado no potencial de cada aluno, de forma que as crianças com uma
incapacidade de andar, ouvir, enxergar, falar ou qualquer outra deficiência não
sejam classificados como incapazes de aprender, levando-as muitas vezes a
desistir da escolarização (BERTUOL, 2010, p. 25).
Nesse
sentido, o professor da Sala de Recursos Multifuncionais deve ter qualificação
profissional que o habilite para atuar em áreas da educação especial para o
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos.
O
professor da Sala de Recursos Multifuncionais tem como atribuições: elaboração,
execução e avaliação do plano de AEE do aluno; definição do cronograma e das
atividades de atendimento ao aluno; organização de estratégias pedagógicas e
identificação e produção de recursos acessíveis; ensino e desenvolvimento das
atividades próprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientação e
mobilidade, língua portuguesa para alunos surdos; informática acessível; Comunicação
Alternativa e Aumentativa (CAA), atividades de desenvolvimento das habilidades
mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular; acompanhamento da
funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia; articulação com os
professores das classes comuns, nas diferentes etapas e modalidades de ensino;
orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre os recursos
utilizados pelo aluno; interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e
outras.
Com
isso, vale ressaltar que a atuação docente é um processo de investigação que
vai além da sala de aula, o professor é capaz de identificar as deficiências
múltiplas de seus alunos e procurar reverter tal situação no comando
disciplinar de ensino, tornando sua aula cada vez mais interativa e inclusiva,
de modo que fora da Sala de Recurso, os demais alunos sejam inseridos no
ambiente do aluno especial, ou seja, é importante que o professor leve os
alunos que não possuem alguma deficiência intelectual, física ou motora a
participar do ciclo de ensino do aluno especial, que seja por meio de uma
atividade pedagógica dentro ou fora da sala de aula. Dessa forma, o
profissional estará mostrando um trabalho integrador, diversificado e
inclusivo, demonstrando seu papel eficiente de docente.
É
importante dizer também que o trabalho do professor deve situar-se diante da
melhor interação, incluindo todos no processo de ensino, com isso, este deve
elaborar um plano de atividades flexível que atenda as necessidades singulares
de cada aluno.
Nesse
sentido, Mantoan (1997, p. 120) afirma que
[...] a inclusão é um
motivo para que a escola se modernize e os professores aperfeiçoem suas
práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma
consequência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das
condições atuais do ensino básico.
Em
análise, a coleta de dados na Sala de Recursos foi observada que é um espaço
favorável ao aprendizado e que a metodologia empregada pela professora é
didática e interativa, o que colabora para a formação dos seus alunos. Isso
contribui de maneira progressiva no apoio destes alunos, visto que esse apoio
do professor tem a finalidade de ajudar o aluno processo de ensino e
aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente
pode-se constatar que as escolas de ensino regular estão recebendo matrícula de
alunos com deficiência/necessidades educacionais especiais e conta com o
Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais como apoio para
educação desses alunos.
Nesse
sentido, observa-se um crescimento na abertura dessas salas a cada ano, em um
movimento que demonstra o quanto são importantes. No entanto, os profissionais
para trabalhar nesse espaço, ainda são em números insuficientes, na maioria das
vezes, um único professor tem que conciliar seus horários para atender em Salas
de Recursos Multifuncionais de outras escolas ou já está para se aposentar,
cumprindo somente o tempo de se aposentarem.
É
possível observar que, mesmo com a legislação que assegura aos alunos com
necessidades especiais o direito a condições necessárias para o desenvolvimento
de sua aprendizagem nas classes regulares, na prática esses sujeitos ainda
enfrentam grandes desafios, em virtude do despreparo da maioria das escolas que
não sabem lidar com as diferenças.
Os
professores do ensino regular demonstram descontentamento e despreparo
profissional, demonstram ter pouco envolvimento com a educação dos alunos com
deficiência, por considerar que eles exigem “naturalmente” muito mais atenção
que os demais alunos.
Nesse
sentido, pode-se perceber a importância das Salas de Recursos Multifuncionais
no processo de inclusão escolar, por oferecer apoio especializado a esses
alunos e também aos professores das classes comuns. Só a matrícula do aluno
alvo da Educação Especial nas classes regulares não garante a inclusão, é
preciso uma política de educação que realmente funcione e que garanta o direito
legal à educação, oferecendo aos alunos com necessidades especiais condições
para o progresso de sua aprendizagem. Além disso, para um grande avanço nessa
política é necessário que as Salas de Recursos Multifuncionais possam dispor de
equipamentos e materiais pedagógicos suficientes e professores qualificados.
Conclui-se que a busca é
incessante, o trabalho é árduo, mas é preciso de determinação por parte dos
pais, equipe pedagógica e formação para os professores, para que estes
indivíduos especiais sejam reconhecidos na sociedade e sejam atuantes na
educação.
REFERÊNCIAS
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TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. 18. ed. São
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