💢 Artigo em PDF


Jéssica Pereira de Sousa

Graduada em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, e-mail: jessicapereiraneto02@gmail.com

 

  Neila Nunes de Souza

Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Tocantins – UFT. Doutora em Educação pela Universidade de Brasília – UnB, e-mail: neilanzousa@mail.uft.edu.br

 

 

Resumo: A maioria das escolas de rede pública, em seu projeto pedagógico apresenta uma proposta para a inclusão de alunos especiais em salas comuns. Ao pensarmos na maneira de como a turma de alunos especiais é inserida na unidade escolar, deparamos com uma realidade muito conflitante, pois na maioria das vezes, a “entrada na classe especial é o final de um processo de reafirmação da inadequação do aluno mediante um sistema escolar segregacionista, estigmatizador e preconceituoso" (Cunha, 1988). Desse modo, questiona-se: a turma de classe especial dentro de uma escola comum assegura o processo de inclusão? A forma como está sendo concebida a ‘classe especial’ na escola comum, contribui para o processo de inclusão ou pode ser considerado como o estigma da diferença? Nesse sentido, visando conhecer esse amplo campo das unidades de ensino que possuem as salas de recurso, aguça-se o desejo de investigar se há um processo de inclusão dos alunos especiais com os alunos da sala comum, onde foi analisado no presente trabalho a metodologia de uma professora na sala de recurso com alunos que necessita de um atendimento educacional especializado para alunos com deficiências intelectuais com Síndrome de Down, da Escola Estadual Carmênia Matos Maia na cidade de Porto Nacional – TO.

Palavras-chave: Estudo de caso. Aprendizagem. Sala de Recurso. Metodologia.

 

THE METHODOLOGY OF A PUBLIC SCHOOL TEACHER WITH SPECIAL STUDENTS: A CASE STUDY IN EDUCATION.

 

Abstract Most public school schools in their pedagogical project present a proposal for the inclusion of special students in common rooms. When we think about the way special class students are inserted into the school unit, we encounter a very conflicting reality, because most of the time, "entering the special class is the end of a process of reaffirming the student's inadequacy through a segregationist, stigmatizing and prejudiced school system "(Cunha, 1988). In this way, it is questioned: does the special class class within a common school ensure the inclusion process? How is the 'special class' being conceived in the common school, contributes to the inclusion process, or can it be regarded as the stigma of difference? In this sense, in order to know this wide field of the teaching units that have the resource rooms, the desire to investigate if there is a process of inclusion of the special students with the students of the common room, where in the present work the methodology of a teacher in the resource room with students who needs a specialized educational service for students with intellectual disabilities with Down Syndrome, from the State School Carmenia Matos Maia in the city of Porto Nacional - TO.

Keywords: Case study. Learning. Board of Appeal. Methodology.

 

INTRODUÇÃO

A pessoa com deficiência possui um histórico de exclusão e abandono pela sociedade, diante dessa realidade, criaram-se a política educacional brasileira que prevê nas escolas regulares ou instituições especializadas, um Atendimento Educacional Especializado (AEE), para servir de suporte para que a educação inclusiva aconteça em nosso país.

Visando conhecer esse amplo campo das unidades de ensino que possuem as salas de recursos, aguça-se o desejo de investigar como se dá esse processo de aprendizagem dos alunos especiais.

Nesse sentido, tivemos como objeto de estudo a unidade escolar Carmênia Matos Maia, localizada na zona urbana do município de Porto Nacional, estado do Tocantins, de modo que procuramos investigar os processos de inclusão instituídos nesta escola para atender os alunos com necessidades especiais.

Pensando na acessibilidade dos alunos, o colégio possui algumas adaptações para os estudantes com necessidades educacionais especiais como: rampas, corrimão e banheiros com pequenas adaptações, possibilitando a locomoção dos alunos com deficiência intelectual.

A escola utiliza-se uma forma de ensino não substitutiva à escolarização, pois sendo a educação inclusiva um direito assegurado na Constituição Federal para todos os alunos, sendo que a efetivação desse direito deve ser cumprida pelas redes de ensino sem nenhum tipo de distinção.

Desse modo, o aluno especial participa das aulas na Sala de Recurso no contra turno, onde são atendidas três vezes na semana durante duas horas em dias alternados, de forma individualizada, com vista ao acompanhamento, visando sempre sanar as suas dificuldades.

É importante entender que todo o trabalho a ser realizado na escola, inclusive na sala de recursos, não pode ser apenas do professor/a ou da equipe pedagógica. Mas também é imprescindível o apoio familiar no processo de aprendizagem destes alunos, pois quando a família se responsabiliza, acompanha e auxilia o educando em sua vida escolar este tende a obter maior sucesso em sua vida acadêmica.

Com o intuito de garantir uma educação de qualidade, a sala de recurso é um espaço criado para que o aluno especial se desenvolva e seja o ponto de partida para o desenvolvimento do pensamento do aluno de forma gradativa na qual a sala de recurso pode ensinar valores humanos que serão levados por toda a vida.

O presente trabalho pretende discorrer sobre a metodologia de uma professora na sala de recurso com alunos que necessita de um atendimento educacional especializado para alunos com deficiências intelectuais (AEE).

Destarte, nos propomos a estudar a concepção de educação inclusiva, que é ampla e complexa, pois envolve não só apenas alunos com dificuldades motora, sensorial e cognitiva, mas também o contexto social escolar. Na relevância da inclusão no interior da unidade escolar, como política de inclusão, procura-se adaptar o currículo às necessidades dos alunos com necessidades educacionais, a partir do respeito às diferenças e que a educação seja integradora. Com esse intento, surgem as salas de recursos. Acerca do debate sobre a inclusão, apresentamos a seguir pontuações sobre a legislação, à luz da inclusão.

Diante disso, este artigo está subdivido em oito seções, a primeira trata da inclusão no Brasil, de modo que enfatizamos a legislação da Constituição Federal de 1988, a segunda evidencia o meio no qual é realizado o trabalho com o aluno, apresentamos a Sala de Recurso, em seguida, o campo empírico desta pesquisa, logo adiante fazemos um relato da observação realizada, mostrando também os procedimentos e atuação do(a) professor(a) na sala de recurso, na sequência apresentamos as considerações finais, e por fim, as referências que norteiam esta pesquisa.

 

INCLUSÃO NO BRASIL: A LEGISLAÇÃO EM QUESTÃO

Com a democratização da escola, inicia-se o processo de inserção de alunos especiais, com o intuito de fazer apenas uma interação com os colegas e não uma inclusão.

Assim, a Constituição Federal de 1988, no artigo 206, “garante a igualdade de condições de acesso e de permanência para todos na educação regular”. Nessa perspectiva, o inciso terceiro do artigo 208 define como obrigação do Estado garantir o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988 p.56).

Para reforçar e chamar a atenção dos pais como agentes importantes na educação dos filhos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, em seu artigo 55 estabelece que cabe aos pais ou responsáveis a obrigatoriedade de matricular seus filhos na rede regular de ensino. Nessa mesma década, tanto a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), como a Declaração de Salamanca (1994) passaram a influenciar a formulação das políticas públicas de inclusão na educação.

Nesse sentido, a Lei n° 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – priorizou esta nova visão educacional, principalmente, com a prescrição do artigo 59 que afiança aos educandos com necessidades especiais a adaptação curricular, metodológica e organizacional da escola, permitindo também a terminalidade e a aceleração de acordo com as necessidades de cada pessoa. O inciso V do artigo 24 e parágrafo primeiro artigo 37 da LDB, evidenciam de que maneira a educação básica deve-se organizar, priorizando: “oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (BRASIL, 2007, p.3).

A Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada pela Organização das Nações Unidas, em 13 de dezembro de 2006, em reunião da Assembleia Geral para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, teve como propósito promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua inerente dignidade. Sendo assim, considerado um marco para muitos militantes da justiça e equidades sociais e para seu público destinatário que lutam pela inclusão das pessoas com deficiência em uma unidade escolar.

Neste curso, o Plano Nacional de Educação (PNE) apud (BRASIL, 2014, p. 3) afirma que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. Além de destacar a formação ineficiente dos profissionais da educação, a acessibilidade e o atendimento educacional especializado como fatores que não permitem a efetivação do sistema educacional inclusivo (BRASIL, 2007, p. 3).

Pautada na lei que assegura os direitos dos alunos com necessidades especiais, as Salas de Recursos estão se aprimorando e buscando um atendimento especializado e que garanta uma aprendizagem de qualidade permitindo desta forma, o debate e a elucidação em que consiste as Salas de Recursos.

 

SALA DE RECURSOS

As Salas de Recursos são ambientes oferecidos na unidade escolar para atender alunos com necessidades especiais, com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular, que tem entre outros objetivos, ajudar os estudantes no processo de aprendizagem.

O trabalho na Sala de Recurso não deve ser clínico, mas sim pedagógico. O professor responsável deve ter uma especialização para que facilite ensinar os alunos especiais, garantindo assim, um ensino de qualidade e que se sintam incluídos. Diante disso, podemos perceber que a forma de aprendizagem dos alunos especiais são distintas, os estudantes deficientes visuais, por exemplo, fazem uso do braile para fazer a leitura dos variados textos que são propostos pelo professor, os surdos utilizam-se da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com intérprete na sala de aula e os alunos com deficiência intelectual fazem uso de jogos pedagógicos que complementam a aprendizagem.

Observando a Sala de Recurso como fator de aprendizagem no processo de ensino, é importante salientar que só há inclusão dos alunos com deficiência, quando a sala regular se importa em fazer a interação com a Sala de Recurso.

Mas para que isso aconteça, é essencial que tanto o professor da sala comum, como o professor da sala especial estejam com o um único objetivo: incluir o aluno em todas as atividades escolares, fazendo as adaptações necessárias é o que afirma a docente, que trabalha atualmente no Projeto Atendimento Domiciliar, do setor de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Santos, no litoral sul de São Paulo: “Ainda não há inclusão de fato na educação. Para isso realmente acontecer, é necessário oferecer a estrutura correta e estabelecer os objetivos corretos, para o aluno ter condições de alcançar”.

Diante desta afirmação, podemos notar que é necessário um trabalho árduo para que aconteça a inclusão desses sujeitos que fazem da vida um espaço de aprendizado e superação com o intuito de um dia ser reconhecidos por àqueles que os consideram pessoas anormais e invisíveis no meio social.

Nesse sentido, é importante utilizar de ferramentas de ensino como: materiais pedagógicos ilustrativos, filmes, brinquedos educativos que levam o aluno a desenvolver o pensamento crítico, mesmo que seja de forma gradativa, pois assim o aluno especial sentirá seguro em tentar aprender o que lhe é proposto. A aprendizagem às vezes, pode levar muito tempo e cabe ao profissional ser paciente e entender que é necessário de atividades pedagógicas, de cunho lúdico e interativo-participativo, para que desperte nos alunos o desejo de aprender.

Dessa forma, nós como futuros educadores devemos participar de formações especializadas oferecidas no âmbito do poder municipal, estadual e federal, procurando a luz dos anseios das questões de inclusão, aperfeiçoar nosso conhecimento, para que assim possamos adquirir saberes e estejamos cada vez mais preparados para atender os nossos alunos especiais garantindo a eles uma melhor condição de ensino, pois devem ser incluídos na sociedade como qualquer outra pessoa.

 

ASPECTOS METODOLÓGICOS: O CAMPO EMPÍRICO EM QUESTÃO

O objetivo deste trabalho de pesquisa é destacar a importância metodológica da professora na Sala de Recursos Multifuncional no processo de inclusão e interação no meio escolar. Para que houvesse sucesso na pesquisa, estabeleceram-se os objetivos orientadores, a saber: conhecer o método de ensino realizado na Sala de Recurso; verificar o limite de alunos que podem ser atendidos na Sala de Recurso Multifuncional e quais as suas deficiências; identificar os métodos e técnicas de ensino, utilizados pela professora com os alunos que são atendidos na Sala de Recursos Multifuncional; observar a frequência e o aproveitamento dos alunos atendidos neste espaço.

Assim, os relatos da professora foram determinantes na elucidação dos questionamentos sobre a sala de recursos, a partir das seguintes perguntas: Existe uma preparação para os professores da sala regular para ministrar aulas para os alunos especiais? Que sentimento tem estes professores quando se deparam com esses alunos? Existe um laudo médico para que sejam inseridos na sala de recurso? Há atendimento para os alunos com dificuldades de aprendizado também?

Nesta investigação nos pautamos pelos laudos médicos, relatos da professora da sala regular, acesso ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, planos de aula e leis que asseguram o direito à inclusão destes alunos na sala de recurso. Apresentamos a seguir as experiências de observação na sala de recursos.

RELATO DE OBSERVAÇÃO

Foram realizadas duas observações na escola, a coleta dos dados foram realizadas por meio de perguntas orais com a professora da sala de recursos, sendo observados os aspectos físicos da sala e a metodologia utilizada no processo de ensino e aprendizagem dos alunos especiais.

Segundo a professora H[1], “a maioria dos alunos não passa do nível um e leva anos para aprender o nome”. Isso requer paciência, amor e determinação quanto ao processo de leitura e escrita destes alunos.

Neste trabalho árduo, de acordo o relato da educadora da Sala de recursos, a escola não disponibiliza uma formação específica para os professores da sala regular, mas confessa que possui uma especialização em psicopedagogia, o que tem muito ajudado na aprendizagem dos alunos.

Relatou ainda que os professores expressavam sentimento de medo ao depararem com alunos deficientes na sala comum, pois alguns alunos esboçavam inquietações e agressividades, o que contribuíam na falta de atenção dos demais tirando o foco da aula, mas que depois de muito diálogo, estes professores entenderam que é necessário ter paciência e respeito às suas limitações e confessaram que se sentem desmotivados por não possuírem nenhuma especialização na área. Isso implica dizer, que há necessidade de se ter professores capacitados para atuar na área, que entenda a realidade destes alunos, respeitando suas fases e suas limitações, colaborando assim para que haja uma aprendizagem significativa e eficiente.

 Através de diálogos com estes professores, a educadora da Sala de Recurso, mobiliza-os questionando que também já teve o mesmo sentimento para com eles, mas que com o tempo, esse medo se transformou em amor e, em uma luta para a melhoria da qualidade de vida deles.

Segundo a professora, na Sala de recursos em que trabalha só é permitido que o aluno especial seja inserido nesse ambiente escolar depois que for feito o laudo médico. Afirmou ainda que a escola possui parceria com uma instituição privada que fornece estes laudos. No entanto, há pais que ainda não aceita a deficiência do filho. Para isso é necessário muita conversa, para que elabore o laudo. Pois os pais esperam filhos perfeitos e quando se apresenta alguma dificuldade desse gênero, os conflitos são evidentes.

Foi afirmado também que não é feito atendimento nesta Sala de recursos para alunos com dificuldades de aprendizagem, porque a prioridade é para estes alunos que carecem de amor, atenção e dedicação no processo de desenvolvimento de aprendizagem.

Uma constatação: a sala observada se apresenta bem estruturada, composta por inúmeros brinquedos, que vão desde quebra-cabeças a livros de histórias bíblicas e infantis. É um espaço aconchegante e ventilado.

Atendem-se dois alunos no período de duas horas, no contra turno das aulas regulares. Aprendem fazer o nome, pintam, assistem filmes no YouTuber, etc. Constata-se que os alunos que possuem necessidades especiais, têm interesse nas atividades pedagógicas ofertadas pela professora, de forma que neste ambiente eles se sentem capazes de aprender algo novo.

É perceptível o entusiasmo da docente quando se refere à Sala de Recurso, apresentando as vantagens da evolução na escola. Expõe que a unidade de ensino esta sendo reconhecida nacionalmente pelo trabalho exercido, como na participação de jogos estudantis de outros estados.

A educadora relata que é um trabalho pouco reconhecido, mas ela trabalha arduamente para levar sorrisos para estes alunos que na maioria das vezes não é reconhecido na sociedade.

Baseada nas informações coletadas foi possível analisar o contexto social em que estes alunos estão inseridos e, quais melhorias devem ser tomadas, para que a Sala de Recursos não seja apenas um espaço para amontoar crianças e adolescentes, mas que seja um espaço de conquista de valores de inclusão.

Portanto, o que podemos perceber é que para que a inclusão destes alunos especiais aconteça, é preciso que tanto escola como a família estejam interligadas, procurando harmonizar os conhecimentos, pois haverá melhorias no desenvolvimento de aprendizagem destes estudantes.

O/A PROFESSOR/A NA SALA DE RECURSOS

Neste contexto, a formação do professor é fundamental para que seu trabalho esteja centrado no potencial de cada aluno, de forma que as crianças com uma incapacidade de andar, ouvir, enxergar, falar ou qualquer outra deficiência não sejam classificados como incapazes de aprender, levando-as muitas vezes a desistir da escolarização (BERTUOL, 2010, p. 25).

Nesse sentido, o professor da Sala de Recursos Multifuncionais deve ter qualificação profissional que o habilite para atuar em áreas da educação especial para o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos.

O professor da Sala de Recursos Multifuncionais tem como atribuições: elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do aluno; definição do cronograma e das atividades de atendimento ao aluno; organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção de recursos acessíveis; ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientação e mobilidade, língua portuguesa para alunos surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular; acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia; articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes etapas e modalidades de ensino; orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre os recursos utilizados pelo aluno; interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras.

Com isso, vale ressaltar que a atuação docente é um processo de investigação que vai além da sala de aula, o professor é capaz de identificar as deficiências múltiplas de seus alunos e procurar reverter tal situação no comando disciplinar de ensino, tornando sua aula cada vez mais interativa e inclusiva, de modo que fora da Sala de Recurso, os demais alunos sejam inseridos no ambiente do aluno especial, ou seja, é importante que o professor leve os alunos que não possuem alguma deficiência intelectual, física ou motora a participar do ciclo de ensino do aluno especial, que seja por meio de uma atividade pedagógica dentro ou fora da sala de aula. Dessa forma, o profissional estará mostrando um trabalho integrador, diversificado e inclusivo, demonstrando seu papel eficiente de docente.

É importante dizer também que o trabalho do professor deve situar-se diante da melhor interação, incluindo todos no processo de ensino, com isso, este deve elaborar um plano de atividades flexível que atenda as necessidades singulares de cada aluno.

Nesse sentido, Mantoan (1997, p. 120) afirma que

[...] a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma consequência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do ensino básico.

Em análise, a coleta de dados na Sala de Recursos foi observada que é um espaço favorável ao aprendizado e que a metodologia empregada pela professora é didática e interativa, o que colabora para a formação dos seus alunos. Isso contribui de maneira progressiva no apoio destes alunos, visto que esse apoio do professor tem a finalidade de ajudar o aluno processo de ensino e aprendizagem.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente pode-se constatar que as escolas de ensino regular estão recebendo matrícula de alunos com deficiência/necessidades educacionais especiais e conta com o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais como apoio para educação desses alunos.

Nesse sentido, observa-se um crescimento na abertura dessas salas a cada ano, em um movimento que demonstra o quanto são importantes. No entanto, os profissionais para trabalhar nesse espaço, ainda são em números insuficientes, na maioria das vezes, um único professor tem que conciliar seus horários para atender em Salas de Recursos Multifuncionais de outras escolas ou já está para se aposentar, cumprindo somente o tempo de se aposentarem.

É possível observar que, mesmo com a legislação que assegura aos alunos com necessidades especiais o direito a condições necessárias para o desenvolvimento de sua aprendizagem nas classes regulares, na prática esses sujeitos ainda enfrentam grandes desafios, em virtude do despreparo da maioria das escolas que não sabem lidar com as diferenças.

Os professores do ensino regular demonstram descontentamento e despreparo profissional, demonstram ter pouco envolvimento com a educação dos alunos com deficiência, por considerar que eles exigem “naturalmente” muito mais atenção que os demais alunos.

Nesse sentido, pode-se perceber a importância das Salas de Recursos Multifuncionais no processo de inclusão escolar, por oferecer apoio especializado a esses alunos e também aos professores das classes comuns. Só a matrícula do aluno alvo da Educação Especial nas classes regulares não garante a inclusão, é preciso uma política de educação que realmente funcione e que garanta o direito legal à educação, oferecendo aos alunos com necessidades especiais condições para o progresso de sua aprendizagem. Além disso, para um grande avanço nessa política é necessário que as Salas de Recursos Multifuncionais possam dispor de equipamentos e materiais pedagógicos suficientes e professores qualificados.

Conclui-se que a busca é incessante, o trabalho é árduo, mas é preciso de determinação por parte dos pais, equipe pedagógica e formação para os professores, para que estes indivíduos especiais sejam reconhecidos na sociedade e sejam atuantes na educação.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 7ª. ed. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2012.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.

BRASIL. Plano Nacional de Educação – PNE. Lei Federal 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o e dá outras providências. Brasília, DF, 25. Jun. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm Acesso em: 17/02/2019.

CMM. Projeto Político Pedagógico. 2018.

COOL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jésus. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre: v. 2, Artes Médicas. 1996. Disponível em: https://www.fundacaodorina.org.br/deficiencia.../convencao-da-onu-sobre-direitos- Acesso em: 02/02/2019.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? Editora Moderna: São Paulo. 2003.

SANTOS, Clóvis Roberto dos. Ética, moral e competência dos profissionais da Educação. São Paulo: Avercamp, 2004, p. 81.

SANTOS, Silvana Caetano. A Importância da Sala de Recursos Multifuncionais na Inclusão. Aracajú, 2014.

TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. 18. ed. São Paulo: Integrare Editora, 2006, p.75.




[1]  Prezamos por não identificar o nome da professora, assim esta passou a se chamar H.



Recebido em 31 de outubro de 2020
Publicado em 26 de março de 2021


Como citar este artigo (ABNT)

SOUSA, Jéssica Pereira de. SOUZA, Neila Nunes de. A Metodologia de uma Professora da Rede Pública de Ensino com Alunos Especiais: Um Estudo de Caso em Educação. Revista MultiAtual, v. 2, n. 3. (Número Especial - Neurociências), 26 de março de 2021. Disponível em: https://www.multiatual.com.br/2021/03/a-metodologia-de-uma-professora-da-rede.html