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Thais
Teixeira Nopres [1]
Pós-graduada em Língua Portuguesa pela Faculdade Souza Marques, em
Gestão Escolar pela Faculdade Campos Elíseos, em Neurolinguística, Educação
Especial Inclusiva e Neuropsicopedagogia pelo Centro de Ensino Superior Dom
Alberto. Professora.
E-mail: thaisnopres@yahoo.com.br
RESUMO
Numa sociedade que tudo é fragmentado tem-se uma
perspectiva em que a Razão não deve ser separada da emoção, diante deste
questionamento encontra-se uma situação bastante conflituosa, pois desde
pequenos somos ensinados a separara a razão da emoção. O presente trabalho
destaca a importância da Neurociência que nos traz um olhar para o emocional
dentro do contexto escolar uma vez que se tem bases contribuídas de que a
escola não é um local de Afeto e Amor. Tendo em vista de que a escola é o local
de envolvimentos de sentimentos e emoções, partindo desta análise este trabalho
envolverá o tema Razão e Emoção como contribuição para a aprendizagem do
sujeito. A neurociência mostrará como o sujeito / aluno é repleto de
experiências emocionais que acarretam diretamente na aprendizagem e que na
escola é local onde está inserido estabelecendo relações de afetos. Dessa
forma, este artigo desenvolve um olhar para o aluno que é parte de um todo
repleto de emoções que geram as suas racionalidades.
PALAVRAS-CHAVE: Neurociência. Razão. Emoção. Afeto. Integração. Escola
1 INTRODUÇÃO
O
presente trabalho constitui-se como uma proposta de reflexão sobre as bases
emocionais das crianças na sociedade atual, principalmente, voltada para as
emoções vividas e trabalhadas na escola por meio da Educação.
É, nesse
sentido, conforme anunciamos no título desse trabalho, que debruçarmo-nos sobre
a perspectiva dualista e a perspectiva emocional, subjacentes, respectivamente,
no ensino das crianças na instituição escolar.
Nesse
enquadre político-cultural dualista de que somos racionais e não, emocionais
que são formuladas as perspectivas das crianças e que reproduzem isso como
realidade, crescendo dentro de uma perspectiva dualista, separatista e
dicotômica.
Daí nos
deparamos atualmente com jovens e adultos que não conseguem lidar com as
frustrações, decepções, perdas e tantos outros sentimentos, pois não foram
ensinados a compreender e entender as emoções.
Diante
disso, encontra-se a importância de falar acerca da emoção na escola, pois a
escola é a nossa segunda comunidade. No entanto, é na escola que as crianças
vão conhecer certos sentimentos nunca explorados e sentido antes.
Então por
que não falar dessas emoções na escola? Por que falar de amor, de medo, de
tristeza, de ansiedade? São sentimentos e devem ser abordados, explicados e
respeitados.
Ao longo
deste trabalho abordaremos visão cartesiana; sociedade e escola; professor e
aluno; razão e emoções, mostrando uma reflexão acerca do tema deste trabalho.
Nesse
sentido, a metodologia principal utilizada, nesse trabalho, é de cunho
qualitativo, pois teremos um trabalho pautado na riqueza de dados e fontes.
O
trabalho está organizado em 3 partes, esperando agrupar as ideias de acordo com
uma pauta de reflexão. No capítulo 1, apresentaremos à introdução na qual
mostraremos o tema deste trabalho. Já na parte 2 abordaremos razão x emoção e
seus conceitos; e finalizaremos com uma breve análise sobre uma perspectiva
emocional na escola.
Diante do exposto anteriormente, esperamos contribuir
para as reflexões acerca da importância das emoções na construção bases
emocionais da criança no contexto escolar.
2 DESENVOLVIMENTO
Neste tópico abordaremos a perspectiva que constituiu a sociedade atual
que é a visão cartesiana-dualista que discorre do emocional x racional em
contrapartida traremos perspectivas que divergem da visão dualista, neste caso,
as abordagens da inteligência socioemocionais. Este trabalho evidenciará essas
abordagens dentro do contexto escolar.
2.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA
VISÃO CARTESIANA
Cabe,
dessa forma, ainda brevemente, uma explanação sobre o conceito de dualismo ou
cartesianismo. O cartesiano surge com o filósofo René Descartes que, no século
XVI, postulou a separação da razão e da emoção, bem como da mente e do cérebro
e, também, da mente e do corpo do sujeito.
Esse
conceito dicotomizar significa dividir algo em duas partes. Então dicotomizar é separar, logo podemos levantar
uma reflexão acerca da emoção e razão, que nos foi ensinado desde criança a separar
essas terminologias, pois ao pensarmos numa pessoa emocional, logo a
consideremos fraca e se ela for racional a consideramos forte, desconsiderando
todo o contexto do sujeito, todas as suas experiências.
Segundo Francisco Porfírio relata
que Descarte afirma que a razão e todo o conhecimento racional que são inatos
ao ser humano, dependendo do nível de inteligência de cada um e de como usamos
a racionalidade, ou seja, a razão e a inteligência para o filosofo que são
responsáveis para um bom domínio emocional.
Diante desta visão nos deparamos
com o estudioso Damásio que contrapõe a visão dualista cartesiana, pois segundo
o Neurocientista defende que as emoções são indispensáveis para a vida
emocional. Logo é o emocional que nos difere uns dos outros.
Segundo Damásio, a natureza e a extensão do nosso repertório de respostas
emocionais não dependem exclusivamente do nosso cérebro, mas da sua interação
com o corpo, e das nossas próprias percepções do corpo. Ainda em Damásio que nos diz que há certas decisões que são
evidentemente feitas pela própria emoção.
Como
vimos, segundo estudos recentes não há como separar a razão da emoção. Logo
essa análise reflexiva influenciará diretamente na contexto social do sujeito.
Então, utilizando esse conceito de integração mente e corpo e razão e emoção,
analisaremos dentro do contexto aluno e escola e de como influencia diretamente
nas bases emocionais da sociedade.
2.2 A QUESTÃO DA INTERAÇÃO NA
NEUROCIÊNCIA E NA NEUROPLASTICIDADE.
Muito tem-se discutido, recentemente, acerca do
cérebro humano e suas capacidades. A neurociência visa compreender as
capacidades cerebrais e como o cérebro humano se organiza para adquirir novos
conhecimentos e reorganizar os conhecimentos cognitivos, ou seja, os
conhecimentos de mundo.
Os conhecimentos cognitivos correspondem à
capacidade, que o ser humano tem de arquivar informações e experiências vividas
por ele. Se, em algum momento, é necessário utilizar uma dessas informações,
que já foram vivenciadas, o sistema nervoso central ativa essas experiências e
consegue manter ligações com o “novo saber” adquirido, gerando, assim, um novo
conhecimento.
Para haver um melhor entendimento, a Neurociência
utiliza a Neuroplasticidade como fonte de confirmação. A neurocientista, Relvas
(2007, p.32) define a plasticidade cerebral como:
a capacidade de organização do sistema nervoso
diante do aprendizado e/ou lesão. Essa organização se relaciona à modificação
de algumas conexões sinápticas. Além disso, mostra que o sistema nervoso
central (SNC) possui uma habilidade adaptativa e pode modificar sua organização
estrutural própria e funcional.
A Neuroplasticidade é a capacidade que o cérebro
humano possui para modificar-se ou reorganizar-se devido às suas necessidades.
Isso ocorre ao longo da trajetória humana, quando ocorre o processo de
aprendizagem. A aprendizagem é o estímulo para os neurônios organizarem-se e
expandirem-se, modificando a capacidade de organização neurofuncional.
O desenvolvimento da Neuroplasticidade dá-se por
meio de novas experiências, ocorrendo um rearranjo das redes neuronais. Essa
conexão acontece no Sistema Nervoso Central. Se em algum momento, houver a
perda entre estas conexões, os neurônios conseguem fazer a ligação de forma
individual, mas lembrando de que este processo é espontâneo e gradual.
Se uma pessoa necessita utilizar novas formas de
aprendizado, vemos que é possível. Dessa forma, os neurônios irão adaptar-se e
transformar esse novo aprendizado em uma nova capacidade. Logo, a parte afetada
irá se modificar, com a ajuda da plasticidade cerebral, para haver uma nova
aprendizagem.
O cérebro tem a capacidade de se renovar, isso é
conhecido como neurogênese, que são o nascimento de novos neurônios, mesmo após
ter sofrido uma lesão cerebral.
A Neurociência tornou-se um instrumento fundamental
e facilitador para a aprendizagem. No processo de aprendizagem ocorre a
interação entre educador – educando – e seus conhecimentos de mundo, tendo em
vista que essa relação de interação acontece em um ambiente propício a isso, que
é sala de aula. Nesse local, é onde acontecem expectativas, trocas de
experiências e aprimoramento dos saberes.
Com isso, percebe-se que o cérebro humano é um
inteiro, necessitando das experiências físicas (corpo) para se reorganizar e,
também, das experiências mentais. Então, a relação mente e corpo é essencial
para a aprendizagem, pois observamos que o cérebro depende destas relações,
para manter o funcionamento dos neurônios, que se modificam ou assumem a
capacidade de se expandir e acrescentar novos conhecimentos.
Os neurônios
são reorganizáveis e assumem funções de outras áreas cerebrais, passando a
suprir uma função que antes não era utilizada por eles. Dessa maneira, o educador terá esse
instrumento que pode contribuir, largamente em suas aulas e na compreensão de
que cada aluno é único.
No que diz respeito à Neurociência ser vista como
facilitadora da aprendizagem, citamos Relvas (2007, p.35) que menciona em seu
livro Neurociência e educação:
Que a plasticidade é importante na aprendizagem,
pois as áreas do cérebro que são destinadas à função específica podem assumir
outras funções quando necessárias, além da interdisciplinaridade cerebral,
quando o conhecimento de uma área é aproveitado em uma outra área. Por exemplo:
o ritmo que é desenvolvido por uma música é aproveitado na leitura, na escrita
e nos conceitos matemáticos.
É sabido que a aprendizagem é um processo cognitivo
adquirido, gradualmente, pois os indivíduos estabelecem ligações próprias e
acrescentam informações ao longo de sua vida.
Neste processo, percebemos que cada aluno tem uma
capacidade evolutiva e cada cérebro tem seu momento de absorção das
informações. Compreendemos que alguns alunos têm mais facilidade de aprender um
determinado conteúdo e outros não. Isso acontece porque cada sujeito precisa
ter seu próprio tempo e o cérebro humano precisa ser estimulado para tornar o
processo de aprendizado mais harmonioso e amadurecido.
Segundo a professora Almeida
(2012. Apud, Salla, 2012)
Ao professor cabe se alimentar das
informações que surgem, buscando fontes seguras, e não acreditar em fórmulas
para a sala de aula criadas sem embasamento científico. "A Neurociência
mostra que o desenvolvimento do cérebro decorre da integração entre o corpo e o
meio social. O educador precisa potencializar essa interação por parte das
crianças".
Observamos que a aprendizagem
precisa de estímulos e, em sala de aula, o professor é o principal provocador
de estímulos para seus alunos.
2.3 A INTERAÇÃO AFETO E COGNIÇÃO
Na subseção anterior, abordamos a questão da
Neuroplasticidade e suas contribuições para estabelecer a relação do processo
de aprendizagem, mostrando como os nossos neurônios organizam-se para a
aprendizagem por meio do desenvolvimento cerebral. Agora, reportaremo-nos, de
maneira breve, à organização cerebral, que está direcionada à parte da
aprendizagem do ensino de língua. Nesse sentido, conforme falamos na subseção
relacionada à Neuroplasticidade, torna-se bem ilustrativo tratar do cérebro
humano, ainda que brevemente..
Observamos que o cérebro há anos tem sido fonte de
pesquisas, pois, através dele, o ser humano desenvolve a capacidade de
aprendizagem e aprimoramento.
Segundo Relvas (2007, p.45),
o encéfalo
se encontra no crânio, ele é formado por bulbo raquidiano, hipotálamo, corpo
caloso, córtex cerebral, tálamo, formação reticular, cerebelo e hipófise. As
partes do encéfalo que serão utilizadas para a análise serão o córtex cerebral,
o mesmo é constituído por células neuroglias e neurônios e é dividido em lobos
cerebrais que asseguram a coordenação entre a chegada de impulsos sensitivos,
sua decodificação e associação, até a atividade motora de resposta.
Vejamos algumas partes do cérebro e percebemos como
elas estão interligadas:
Diante de uma breve explicação sobre funcionamento
do cérebro percebemos que todas as suas partes estão interligadas. De acordo
com as considerações de Relvas (2007), o grande problema é que há um conflito
entre os estudos de nossa inteligência emocional e a racionalidade, ou seja,
ainda perdura a visão cartesiana que postula a separação entre “emoção e razão”
na ciência.
Mais uma vez, reportamo-nos ao neurocientista
Damásio (1996), que nos mostra que há uma interação “mente e corpo”, “razão e
emoção”, não sendo possível separá-los, pois o raciocínio humano é formado por
emoções. Entendemos esse como um argumento a favor da indissociabilidade entre
cognição e afeto.
2.4 A NEUROCIÊNCIA E DESCONTRUÇÃO DA VISÃO CARTESIANA NA EDUCAÇÃO
Primeiramente,
para entender este tópico, precisamos compreender o conceito de neurociência e
visão interacionista. A neurociência é a ciência cujos estudos visam
compreender as capacidades do cérebro humano. Já o interacionismo é o estudo
que visa a integração do sujeito. Então o que isso tem a ver com a Razão
e Emoção com Escola e Aprendizagem?
O cenário
educacional tem ganhado um novo olhar a partir do surgimento das Neurociências
e o interacionismo, pois a partir desses estudos tem se compreendido mais
acerca do ser humano no que se refere ao desenvolvimento cerebral. Daí nos
deparamos com pesquisas que envolvem a educação, aprendizagem, e o
desenvolvimento das emoções.
Até pouco
tempo, pouco se sabia da nossa mente devido a esses estudos e pesquisas vem
interagindo e compreendendo melhor o desenvolvimento do pensamento e da mente
humana.
Neste
tópico, nos debruçaremos na contribuição na Integração da emoção para
aprendizagem e de como ela está incorporada na vida do sujeito, pois como vimos
não há razão sem emoção.
A escola
e aprendizagem, por muito tempo, foram pautadas na perspectiva de Descartes que
separa a razão da emoção, mas com a Neurociência e o interacionismo tem nos
mostrando que o nosso corpo está interligado com a nossa mente que está
elencada nas experiências vividas. Diante disso vemos o quão difícil é separar
a Razão da Emoção.
Neste momento, cabe, citarmos Damásio (1996), que nos traz à ideia
de interação mente e corpo, a chamada tese da mente corporificada, ou seja, a
mente não pode ser separada do corpo.
Segundo o neurocientista Damásio (1996), as experiências físicas
não podem ser separadas da mente, portanto, mente e corpo são uma única força,
que atuam integradamente na vida do sujeito.
A
visão interacionista da linguagem bem como da neurociência, mostra-nos que
nossas vivências são envolvidas de sentimentos, que exercem forte influência
sobre cada pessoa.
Entretanto, o neurocientista Damásio (1996,
p.276) afirma que os sentimentos exercem grande influência sobre a razão. Cabe,
também, mencionarmos Maturana (2002, p.13) que nos reporta uma metáfora para
abordar essa questão. Maturana mostra-nos que uma situação de competição
esportiva não é sadia porque as emoções que surgem por meio da vitória de um, é
a derrota do outro.
Logo,
os sentimentos que são gerados durante uma competição são de raiva, inveja,
rivalidade, disputa e entre outros. Dessa maneira, seria a emoção que
comandaria esses impulsos, não havendo contribuição da razão. Com isso, no caso
de uma competição, a razão para Maturana (2002) está, paralelamente, ligada à
emoção.
Por
tudo isso que foi exposto, anteriormente, no que diz respeito à razão e emoção,
o sujeito possui o racional linkado ao emocional, ou seja, cada pessoa é
repleta de sentimentos e emoções. Além disso, Damásio (1996, p.278) destaca
que:
Em um nível prático, a função atribuída às emoções na criação da
racionalidade tem implicações em algumas das questões com a nossa sociedade se
defronta atualmente, entre elas a educação e a violência. Devo dizer que os
sistemas educativos poderiam ser melhorados se insistisse na ligação inequívoca
entre emoções atuais e os cenários de resultados futuros, e que a exposição
excessiva das crianças à violência na vida real, nos noticiários e na ficção
audiovisual desvirtua o valor das emoções na aquisição e desenvolvimento de
comportamentos sociais adaptativos. O fato de tanta violência gratuita ser apresentada
sem enquadramento moral só reforça sua ação dessensibilizadora.
Com isso, percebemos que o sujeito
não consegue separar o racional do emocional. Nesse sentido, a razão e emoção
completam-se, uma vez que os sentimentos exercem uma sobrecarga no indivíduo.
Ainda em Maturana (2002) que declara que somos
seres racionais, mas vivemos em uma cultura que desvaloriza as emoções (...) e
não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional.
Diante disso, mais uma vez,
percebemos que separar a razão da emoção não faz sentido, pois as bases
emocionais do sujeito são construídas por sentimentos.
Damásio
(1996, p. 276) aborda que razão e emoção dependem uma da outra:
Os sentimentos parecem depender de um delicado sistema com múltiplos componentes
que é indissociável da regulamentação biológica; e a razão parece, na verdade,
depender de sistemas cerebrais específicos, alguns dos quais processam
sentimentos. Assim pode existir um elo de ligação em termos anatômicos e
funcionais, entre razão e sentimentos e entre esse e o corpo.
Logo, o sujeito é considerado um ser
racional, mas que constrói sua vida por meio das emoções, transformando-as em
experiências. Desse modo, o sujeito estabelece sentido, a partir da interação
entre suas experiências junto à mente e
ao corpo.
3. ESCOLA EMOCIONAL X ESCOLA RACIONAL
Neste tópico iremos
abordar o contexto escolar na visão da Razão x Emoção. Bem, como vimos a nossa
cultura foi pautada na separação entre Razão e Emoção e lógico de alguma forma
influenciaria na Educação e consequentemente na escola.
Por muito tempo, deparamo-nos com a dificuldade de
integração entre aluno e escola, muito compreensível, pois viemos de uma visão
separatista, de uma educação excludente que não considera as experiências de
mundo dos alunos.
Segundo Cunha (2017, p. 30),
Percebe-se que, quando se fala em fracasso na educação , é porque
durante décadas o afeto ficou fora da sala de aula, proporcionando o
tecnicismo, a dicotomia entre razão e emoção, o reducionismo arbitrário e
aferição do valor do conhecimento mais pelo seu individulístico poder ter de
trânsito no mundo do que pelo seu poder de satisfação pessoal no compartilhar
de saberes.
Diante disso percebe-se que o afeto e as emoções se tornam cada
vez mais importantes na vida do sujeito/ aluno, pois os são impregnados de
experiências de mundo/ emoções que de alguma forma vai interferir na
convivência ou na própria aprendizagem, pois somos emocionais, os sentimento
interferem diretamente na vida de cada pessoa.
A grande problemática é que a escola permaneceu por muito tempo
dentro dessa perspectiva de dicotomização/ separação em que era aluno x
professor x escola. Para ratificar esta afirmação embasamo-nos em Cunha (2017,
p. 23), que nos mostra que
Durante anos, a escola permaneceu engessada em uma cama, com tudo
ao redor ultrapassando-a em uma velocidade díspar. Ela ajudou a construir o
desenvolvimento social, tecnológico e humano, sem, entretanto, conseguir
acompanhá-lo. Exigirá de nós,
educadores, um esforço bem maior para atualizá-la às mudanças que reordenaram o
tempo e o espaço em que vivemos, não somente nos aspectos materiais e
científicos, mas também afetivos, em razão das sensíveis alterações dos núcleos
familiares sociais.
Daí a importância de trabalhar as emoções nas Escolas, em que
professores sejam capacitados em tendências emocionais para promover uma
aprendizagem mais integradora e relacionada as vivências de mundo dos alunos.
Os alunos são seres integrantes das sociedades e é na escola que muitos vão se
deparar com sentimentos e emoções nunca experimentadas antes.
Então será possível ainda permanecemos na visão de Descartes de
separar a mente do corpo e a razão das emoções. Devemos quebrar paradigmas e
desconstruir visões para desenvolvermos um melhor trabalho nas escolas.
Ainda em Cunha (2017, p.39)
O foco que concentramos nas nossas emoções, positivos ou
negativas, interfere no cognitivo. O desequilíbrio emocional influencia o
gerenciamento dos Pensamentos. Para um adulto, torna-se demasiadamente difícil
o controle das emoções por meio apenas do esforço mental. Para criança, é
altamente improdutivo. Somente pelo afeto e amor, ela poderá editar
as lembranças negativas, melhorando seu aprendizado.
Como vimos, é de extrema importância trabalhar o emocional na vida
escolar, pois enquanto crianças conseguimos transformar nossas experiências,
logo percebemos a importância da emoção para a aprendizagem, pois é a partir do
entendimento do afeto e do amor que vamos estruturando as nossas experiências
de mundo.
Cabe, mencionar que Cunha aborda que (2017, p.39)
as emoções são importantes para a saúde psíquica. Somos um ser
social e afetivo. Afetivo, principalmente, porque nos relacionamos uns com os
outros. A nossa primeira forma de aprendizagem tem pelas redes sociais, que
sempre estarão conosco. Ainda que deixemos de estudar, ler, assistir à
televisão e ir à escola, continuaremos a aprender pela convivência.
Daí entendermos a importância da escola que visa o emocional, que
qualifica seus profissionais para uma abordagem mais emocional e afetiva em que
os sentimentos devem ser amplamente discutindo e abordados com os alunos,
mostrando a necessidade e envolvimento das escola, desconstruindo a abordagem
dualista e dicotômica e trazendo uma abordagem integradora emocional e realista
para a escola.
CONCLUSÃO
O estudo realizado, ao longo dos tópicos, tratou do
binômio Razão x Emoção e de como as emoções são importantes na vida do sujeito.
Também foi percebido que a visão separatista de
ensino é muito comum e vem pautada a partir de antigos questionamentos sobre
racionalidade e sentimentos uma vez que eram desconsideradas as experiências de
mundo de cada pessoa.
Foi percebido que essa abordagem separatista vem
sendo descontruída com os estudos da Neurociência que comprova cientificamente
as bases emocionais da mente humana e
também com interacionismo que nos mostrou que somos parte de um todo, que as
nossas experiências vividas são importantes para a construção dos futuros
adultos.
Além
disso, observou-se que por muito tempo a escola se manteve engessada, mas que
ela tem um papel fundamental para a vida emocional dos alunos que é por meio do
afeto e do amor que podemos descontruir o negativo.
Daí a
importância da entendermos a relação Razão x Emoção, pois não existe
racionalidade sem as emoções, sem os sentimentos, somos integrados e únicos,
pautados e repletos de sentimentos.
Dessa maneira, acreditamos que os aspectos afetivos são grandes aliados
para um melhor funcionamento da aprendizagem dentro do contexto escolar.
Este trabalho teve por finalidade abordar de forma reflexiva de como a
aprendizagem e a escola estão inseridas dentro do binômio Razão e Emoção.
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