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Fernanda Marcelle Miranda
Professora de Matemática do Ensino Médio Integrado do IFMG Bambuí. Técnica em Administração pela Escola Técnica de Formação Gerencial. Bacharel em Engenharia Química pelo Centro Universitário de Formiga. Licenciada em Matemática pela Universidade de Franca. Licenciada em Química pela Faculdade FAVENI
fernanda.prof.exatas@gmail.com
fernanda.miranda@ifmg.edu.br
Viviane Lima Martins
Resumo: A educação à distância (EAD) é um ensino
remoto no qual há o distanciamento físico e a utilização de plataformas online.
A EAD é centrada na autoaprendizagem do aluno, enquanto o professor acompanha
as atividades e fornece apenas o suporte necessário. Devido ao cenário atual,
muitas instituições foram forçadas a aderir ao ensino remoto devido ao
isolamento social imposto. O artigo teve como objetivo a avaliação do uso das
metodologias ativas como forma de potencializar a aprendizagem na educação à
distância em tempos de pandemia. A pesquisa bibliográfica foi realizada através
da utilização de livros, artigos científicos, dissertações e teses,
disponibilizados pela plataforma do Google Acadêmico, avaliando fontes
secundárias de documentações já analisadas e publicadas, atingindo o objetivo
da pesquisa. Levando em consideração a pandemia do COVID-19, as instituições de
ensino têm aderido de forma consciente a educação a distância adaptando-se às
suas vantagens e desvantagens. Algumas das vantagens do EAD são a flexibilização
dos locais e horários de estudo, a diminuição dos gastos e o ritmo de estudo
próprio de cada aluno. As desvantagens sobrepõem-se, como a falta de adaptação
às tecnologias digitais, a limitação da socialização, a falta de preparo dos
professores e a dependência da internet, visto
que muitos alunos não possuem acesso a computadores com internet. As
metodologias ativas facilitam o processo de ensino-aprendizagem e estimulam a
autoaprendizagem do aluno, sendo o professor apenas o facilitador do processo.
Dentre as metodologias ativas utilizadas na EAD, destaca-se a aprendizagem
baseada em problemas e a sala de aula invertida, responsáveis pela promoção de
uma aprendizagem mais significativa.
Palavras-chave: Educação a distância. COVID-19. Metodologias ativas. Aprendizagem
significativa.
Abstract: Distance education (EAD) is a remote education
in which there is physical distance and the use of online platforms. EAD is
centered on the student's self-learning, while the teacher monitors the activities
and provides only the necessary support. Due to the current scenario, many
institutions have been forced to join remote education due to the imposed
social isolation. The article aimed to evaluate the use of active methodologies
as a way to enhance learning in distance education in times of pandemic. The
bibliographic research was carried out through the use of books, scientific
articles, dissertations and theses, made available by the Google Scholar
platform, evaluating secondary sources of documentation already analyzed and
published, reaching the research objective. Taking into account the COVID-19
pandemic, educational institutions have consciously adhered to distance
education adapting to its advantages and disadvantages. Some of the advantages
of EAD are the flexibility of study locations and times, the reduction of
expenses and the pace of study for each student. The disadvantages overlap,
such as the lack of adaptation to digital technologies, the limitation of
socialization, the lack of preparation of teachers and the dependence on the
internet, since many students do not have access to computers with internet.
Active methodologies facilitate the teaching-learning process and encourage
student self-learning, with the teacher being only the facilitator of the
process. Among the active methodologies used in distance learning,
problem-based learning and the inverted classroom stand out, responsible for
promoting more meaningful learning.
Keywords: Distance education. COVID-19. Active methodologies. Meaningful learning.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a maior parte
das instituições de ensino adotou a educação a distância na década de 90, mas a
primeira legislação específica foi a Lei de Diretrizes e Bases na Educação
Nacional, de 1961. Apesar de não ser uma modalidade de ensino recente, a
educação a distância tem conquistado seu espaço na sociedade, principalmente
com a introdução das tecnologias digitais da informação e comunicação no ensino
básico.
A pandemia causada pelo
novo coronavírus afetou várias áreas sociais, inclusive a área da educação. A
necessidade do distanciamento social generalizado forçou o fechamento das
escolas e suspendeu as atividades presenciais por tempo indeterminado,
obrigando as instituições de ensino a adotarem o ensino remoto, do ensino
básico ao ensino superior, para que os alunos não perdessem o ano letivo.
Porém, a maioria dos professores se sentem despreparados para ministrar aulas
online, e nem todos os alunos possuem acesso a computadores e internet,
reforçando a desigualdade social.
Para manter a motivação
dos alunos durante a pandemia e facilitar o processo de ensino e aprendizagem
na educação à distância, os professores têm utilizado as metodologias ativas em
substituição aos métodos tradicionais de ensino, garantindo uma aprendizagem
efetiva e significativa.
A estrutura do artigo é composta pela
introdução, fundamentação teórica, metodologia da pesquisa, análise de dados,
considerações finais e referências bibliográficas. A pesquisa foi desenvolvida
com o objetivo de avaliar o uso das metodologias ativas como ferramenta
potencializadora da aprendizagem significativa na educação à distância em
tempos de pandemia.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
Educação à distância
A
primeira tecnologia que permitiu a educação à distância (EAD) foi a escrita. A
invenção da escrita possibilitou a primeira forma de EAD, o ensino por
correspondência. Posteriormente surgiu o livro, a tecnologia de maior
contribuição na área da EAD, democratizando o conhecimento. Tardiamente, o
surgimento do rádio, da televisão, e das tecnologias computacionais
possibilitou uma nova dinâmica ao EAD. Cada evolução tecnológica introduziu
novos elementos à relação ensino-aprendizagem (SOEK; GOMES, 2008).
A
EAD é uma modalidade de ensino na qual ocorre uma separação física entre o
docente e o discente, rompendo as fronteiras da sala de aula. Por meio dela, o
ensino é mediado através das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação
(TDIC) (ROSA, 2017; SILVA, 2019).
O conceito de EAD é definido oficialmente no Decreto nº 5.622 de
19 de dezembro de 2005:
Art. 1°
Caracteriza-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a
mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre
com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com
estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou
tempos diversos (BRASIL, 2005).
A
introdução da EAD na legislação educacional originou-se em 20 de dezembro de
1961, com a Lei Federal nº 4.024/61 (BRASIL, 1961).
Na
EAD, o processo de aprendizagem é centrado no aluno, e o professor tutor
acompanha as atividades fornecendo o suporte necessário.
A
EAD expandiu-se, sendo autorizada no nível superior, graduação e pós-graduação;
e na educação básica, ensino fundamental e médio (GAMBARRA, 2015).
Educação a distância durante a
pandemia
Devido
a pandemia do COVID-19, medidas de isolamento social foram adotadas para
prevenir e reduzir a propagação da doença, determinando-se o fechamento das
instituições de ensino com suspensão das aulas e atividades presenciais,
viabilizando o ensino remoto (CAMACHO et
al., 2020).
O
distanciamento social, tem sido utilizado como forma de prevenir a expansão do
vírus, decretando o fechamento dos comércios considerados não essenciais, como
as escolas, porém, o isolamento reforça a exclusão, a injustiça e o aumento das
desigualdades (SANTOS, 2020; PAZ, 2020).
Na
educação básica, crianças e adolescentes tiveram as atividades escolares
suspensas por tempo indeterminado. Universitários, pós-graduandos e estudantes
da educação tecnológica, também tiveram as atividades acadêmicas suspensas. Os
professores foram dispensados de suas atividades presenciais para trabalhar
remotamente (JOYE; MOREIRA; ROCHA, 2020).
A
educação está sendo modificada pela adaptação dos alunos e professores.
Diversos ambientes digitais de aprendizagem gratuita estão disponíveis para uso
no ensino remoto, como: Sistema Moodle, Google Clasroom, Youtube, Facebook,
StreamYard, OBS Estúdio, Google Drive, Google Meet e Jitsi Meet (PASINI;
CARVALHO; ALMEIDA, 2020).
O
isolamento social surpreendeu alunos e professores com essa mudança repentina
no sistema de ensino. Os professores não estavam preparados para as tecnologias
do ensino remoto, e a maioria deles não possuem formação inicial ou continuada
para ministrar aulas online. Nem todos os alunos possuem acesso a computadores
e internet de qualidade, aumentando, assim, a desigualdade social.
Para
que o ensino remoto seja eficaz durante a pandemia, é necessário que as escolas
se adaptem e desenvolvam estratégias didáticas que proporcionem o ensino e a
aprendizagem de forma igualitária.
A educação à distância redefine os
papéis do professor e do aluno
Conforme
Chermann e Bonini (2000):
No ensino a distância o aluno é o cento do
processo de aprendizagem e deve ser levado a desenvolver habilidades para o
trabalho independente, para a tomada de decisões e esforço auto responsável; o
professor nada mais é que um tutor, um agente facilitador da aprendizagem. Ele
deve desenvolver no aluno a capacidade de selecionar informações, de refletir e
decidir por si mesmo. É preciso lembrar que o professor deve ser, antes de mais
nada, um eterno estudante, pois não é o dono do conhecimento; ele é, sim,
melhor conhecedor dos caminhos que levam a esse conhecimento (CHERMANN; BONINI,
2000, p. 26).
Na relação
professor-aluno na EAD, o professor-tutor deve incentivar a autonomia dos
alunos, para que eles superarem as dificuldades e formulem seu próprio
conhecimento (IVASHITA; COELHO, 2009).
Na
educação presencial, os professores utilizam recursos tradicionais, como quadro
e giz. Já na educação a distância o ensino depende da informática,
utilizando-se recursos como webconferências, vídeo-aulas, fóruns de discussão e
chats (ZAMUDIO, 1997).
A
EAD é um cenário de autoformação, que permite ao aluno a autonomia e a
autoaprendizagem, sendo o próprio aluno o gestor da sua aprendizagem (TEODORO,
2015).
O
professor da EAD diferencia-se dos professores do ensino presencial, não em
relação pedagógica, mas institucional.
Metodologias ativas para o
ensino-aprendizagem na educação à distância
A
metodologia ativa visa estimular a autoaprendizagem e a curiosidade do
estudante, sendo o professor apenas o facilitador do processo. O uso das
metodologias ativas estabelece autonomia e liberdade ao educando, de modo que
ele participe ativamente do processo de ensino-aprendizagem, como indivíduo
crítico, reflexivo e construtor do conhecimento (FREIRE, 1997).
As
metodologias ativas baseiam-se na resolução de problemas, de modo que os alunos
encontrem caminhos, alternativas, possibilidades e escolhas adequadas perante
contextos complexos. Favorecem o desenvolvimento de competências,
problematizando e ressignificando saberes em busca da construção de novos
conhecimentos (OLIVEIRA et al.,
2015).
Conforme
Christofolettiet et al. (2014), a
internet e as TDIC’s contribuíram para a expansão e disseminação das
metodologias ativas.
As
metodologias ativas são capazes de promover um processo de ensino-aprendizagem
satisfatório na EAD, destacando-se a aprendizagem baseada em problemas, a sala
de aula invertida, a aprendizagem entre pares, e a gamificação.
A
aprendizagem baseada em problemas (ABP) consiste no ensino por meio da solução
de problemas reais ou simulados, desenvolvendo no aluno hábitos de raciocínio,
pesquisa e habilidades de resolução. A ABP promove uma aprendizagem centrada no
aluno, sendo os professores meros facilitadores do processo de produção do
conhecimento (BARROWS, 1986).
Segundo
Sardo (2007):
O problema é utilizado para: ajudar
os alunos a identificarem suas próprias necessidades de aprendizagem, enquanto
tentam compreender o problema; pensar em conjunto; sintetizar a aplicar
informação ao problema e
começar a trabalhar efetivamente para aprender com os membros do grupo e com os tutores (SARDO,
2007, p. 79-80).
A sala de aula invertida,
derivada do ensino híbrido, é uma metodologia ativa que prepara os alunos para
as aulas através de recursos a distância, ampliando a absorção do conhecimento
por meio da EAD. A ideia da sala de aula invertida é oferecer aos alunos aulas
menos expositivas e promover o engajamento, em oposição ao tradicional modelo
de ensino (YAMAMOTO, 2016).
Na sala de aula invertida
o aluno torna-se sujeito de sua própria aprendizagem, e o professor mantém seu
papel de mediador entre o conhecimento elaborado e o aluno (SCHNEIDER et al., 2013).
A aprendizagem entre
pares tem como objetivo tornar as aulas mais interativas, fazendo com que os
alunos interajam entre si, explicando uns aos outros os conceitos estudados e
aplicando-os nas soluções das questões propostas (PINTO et al., 2013).
Por fim, a gamificação
traz uma proposta inovadora na EAD, que consiste na aplicação de jogos como
facilitador no processo de aprendizagem, auxiliando na resolução de problemas
diversos (KAPP, 2012).
A aprendizagem
significativa é consequência das metodologias ativas e realiza-se quando os
novos conhecimentos adquiridos, as ideias e as informações que apresentam uma
estrutura lógica, interagem com os conhecimentos prévios do aluno, disponíveis
na estrutura cognitiva (MOREIRA, 1982).
Para uma aprendizagem
significativa na EAD é necessário que o professor incentive o educando na busca
de um amadurecimento intelectual, social, interpessoal e intrapessoal
utilizando a participação como metodologia no processo de ensino-aprendizagem
(SILVA; RIBAS; KANUT, 2014).
METODOLOGIA DA PESQUISA
O
artigo caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório,
descritivo e qualitativo, na qual adotou-se um levantamento bibliográfico
fundamentado em livros, artigos científicos, dissertações e teses,
disponibilizadas pela plataforma do Google Acadêmico.
Executou-se
a busca nas bases de dados por meio dos seguintes descritores: “metodologias
ativas”; “aprendizagem significativa”, “educação à distância”; “metodologias
ativas na educação à distância”; e “educação à distância durante a pandemia do
COVID-19”.
Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica,
caracteriza-se pela utilização de fontes secundárias, de documentações já
analisadas e publicadas que permitiram atingir o objetivo da pesquisa.
Futuramente, essa base de dados será ampliada considerando o ano de 2020 como
marco inicial do isolamento social e a introdução do ensino remoto na educação
básica, do ensino fundamental ao médio.
ANÁLISE DE DADOS
A
EAD tornou-se necessária devido ao isolamento social imposto pela pandemia do
COVID-19, decretando o fechamento de todos os comércios não-essenciais e a
suspensão das aulas presenciais em todas as modalidades de ensino.
A
EAD apresenta vantagens e desvantagens quando comparada ao ensino presencial:
· Vantagens: flexibilização dos locais e
horários de estudo; diminuição do gasto com deslocamento; alternativa aos
alunos de áreas distantes que tem dificuldade de se deslocar até a escola do
ensino básico; possibilidade de equilíbrio entre a vida pessoal e a vida
profissional; abrangência de uma maior quantidade de alunos; o aluno adota seu
próprio ritmo de estudo; as aulas ficam salvas e podem ser reprisadas.
· Desvantagens: o ensino online não é
democrático; nem todos os alunos possuem acesso à computadores e redes de
internet; professores despreparados para o ensino remoto; dificuldade de
adaptação às ferramentas digitais; limitação da socialização do aluno; maior
disciplina e organização por parte dos alunos; maiores custos de implantação;
alto nível de desistência; jornadas de trabalho mais extensas para os
professores; pais e responsáveis assumiram o papel dos professores; escola
básica presencial garante a alimentação dos alunos carentes; qualidade inferior
ao ensino presencial (MUSSIO, 2020).
O COVID-19 forçou a criatividade dos professores
para a transmissão de uma educação de qualidade, através da utilização das
metodologias ativas. As metodologias aplicadas na EAD promovem uma aprendizagem
significativa, tornando o aluno sujeito de sua própria aprendizagem, enquanto o
professor age apenas como orientador.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Durante o isolamento
social provocado pela pandemia, os professores têm enfrentado o desafio de
disponibilizar atividades remotas aos estudantes, garantindo o acesso as
atividades pedagógicas através de plataformas digitais, como medida de
prevenção e combate ao contágio do novo coronavírus.
Devido ao isolamento
social repentino, professores e alunos sofrem com a necessidade da utilização
de ferramentas digitais em substituição as aulas presenciais. Os professores
não estavam preparados para ensinar online e não receberam o suporte necessário
para atuar no ensino a distância, e nem todos os alunos conseguem participar
ativamente do ensino remoto pela falta de acesso a computadores, celulares ou
redes de internet.
A utilização das
metodologias ativas transforma o processo de ensino e aprendizagem, onde os
alunos deixam de ser agentes passivos e se tornam protagonistas do processo de
aprendizagem. No ensino a distância as metodologias constituem estratégias,
métodos e técnicas promotoras de aprendizagem significativa, aumentando a
qualidade do ensino e da aprendizagem, mesmo que remotamente.
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