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Vanessa Ribeiro Duella
Licenciada
em Letras pela Faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal; Graduada em
Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação Alvorada Plus; Pós-Graduada em
Direito Educacional e Atendimento Educacional Especializado pela Faculdade de
Educação São Luís de Jaboticabal; Docente dos ensinos: fundamental 2, médio e técnico. E-mail:
vanessa.silva@etecbebedouro.com.br
Deyse Almeida dos Reis
Pesquisadora graduada em Gestão da Qualidade e Ciências Biológicas, mestra e doutora em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Desde 2013, colabora em pesquisas científicas relacionadas à bacia hidrográfica do rio Doce. Atua como docente na educação especial, no ensino fundamental e técnico nas modalidades presencial e à distância. Atualmente leciona em programas de pós-graduação nas temáticas meio ambiente e educação. Também realiza projetos voltados à Contabilidade ambiental na identificação de custos e riscos ambientais.
RESUMO
O presente estudo destaca como objeto de análise as competências socioemocionais, as quais, deveriam ser desenvolvidas durante o ensino técnico, mas que devido ao momento turbulento atual em que uma pandemia virótica estabeleceu-se por todo o mundo ameaçando a vida dos cidadãos, fez-se necessário modificar a maneira pela qual os indivíduos se relacionavam cotidianamente, dificultando assim, o estabelecimento de vínculos e o aprimoramentos das aprendizagens. Desta forma, por meio de um breve histórico será possível compreender as atitudes tomadas por órgãos competentes durante esta e outras pandemias existentes no passado. Em seguida, serão apresentadas as competências socioemocionais presentes no ensino técnico e para finalizar haverá uma verificação sobre a situação atual referente a ação desse vírus, além de uma investigação sobre como as escolas técnicas vêm se ambientando para realizar as aulas remotas com qualidade. Portanto, a pesquisa representará uma reflexão sobre o momento atual de pandemia, no qual, as pessoas que cursam o ensino técnico necessitam desenvolver competências socioemocionais, mesmo mentalmente afetadas.
PALAVRAS-CHAVE: Competências Socioemocionais. Pandemia. Ensino Técnico.
ABSTRACT
The present study highlights socio-emotional competences as an object of analysis, which should be developed during technical education, but due to the current turbulent moment in which a viral pandemic has established itself around the world, threatening the lives of citizens, if necessary, modify the way in which individuals related to each other on a daily basis, thus making it difficult to establish bonds and improve learning. In this way, through a brief history it will be possible to understand the attitudes taken by competent bodies during this and other pandemics existing in the past. Then, the socio-emotional skills present in technical education will be presented and, finally, there will be a check on the current situation regarding the action of this virus, in addition to an investigation on how technical schools have been getting used to conduct remote classes with quality. Therefore, the research will represent a reflection on the current moment of the pandemic, in which, people who attend technical education need to develop socio-emotional competences, even mentally affected.
KEYWORDS: Socioemotional skills. Pandemic. Technical education.
INTRODUÇÃO
As
políticas públicas educacionais, constantemente, criam planos de ações de modo
a melhorar a qualidade do ensino brasileiro, por isso, desde a Constituição
Federal de 1988 até os dias atuais várias metas foram traçadas, sendo que a
partir de 2015 houve a idealização e a inserção aos meios educacionais de uma
nova base curricular unificada, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Neste
documento estabeleceu-se competências e habilidades, as quais os alunos da
educação básica deveriam adquirir durante suas aprendizagens e definiu-se que
além de aprimorar os conhecimentos dos estudantes, seria necessário desenvolver
valores e atitudes, os quais proporcionariam aos alunos um ensino integral, de
modo a formar cidadãos éticos e preparados para lidarem com diversas situações
em seus cotidianos.
Apesar da BNCC, ter sido formulada para contemplar os níveis da educação
infantil ao ensino médio, suas competências podem e devem ser inseridas a vida
de qualquer indivíduo para que este consiga viver em sociedade pacificamente,
por este motivo é de suma importância inserir as competências socioemocionais
no ensino técnico. Assim, por meio de um
breve histórico será possível compreender as atitudes tomadas, hoje e no
passado, por órgãos competentes para amenizar o alastramento das pandemias. Em
seguida, serão explicitadas as competências socioemocionais, as quais,
pretende-se que sejam desenvolvidas pelos alunos de cursos técnicos.
Finalizando com a apresentação dos desafios de cumprir as metas impostas pelo
governo e a adequação de todos os envolvidos para que as aulas remotas
aconteçam e sejam de qualidade, proporcionando o aprimoramento das habilidades
discentes.
Logo, com essa pesquisa pretendeu-se, por meio de análises
bibliográficas e estudo de caso, mostrar o quanto a ação de um vírus modificou
o modo como as pessoas se relacionam no ambiente escolar, atrapalhando, por
vezes, a construção das competências socioemocionais dos estudantes.
1
PANDEMIAS
Na história da humanidade, juntamente ao crescimento populacional nos
continentes, surgiram diversas doenças, as quais, necessitaram de medidas
higiênicas e do avanço da ciência de modo a intervir nos sintomas e
proporcionar a cura. Algumas enfermidades tiveram seus tratamentos realizados
por meio da utilização de medicamentos ou vacinas, outras, porém, devido a seu
alto poder destrutivo e de contaminação causaram nas populações medo e
incertezas, cobrando de órgãos competentes como a Organização Mundial da Saúde
(OMS), medidas radicais e investimentos em pesquisas para a criação de fármacos
capazes de minimizar as pandemias destas moléstias.
Nos dias atuais, o termo pandemia se popularizou em todo o território
mundial, fato este relaciona-se ao alastramento de uma doença causada por um
vírus do tipo Corona – o Covid 19 - que vem contaminando muitas pessoas e
modificando a maneira como seres humanos estão acostumados viver. Segundo
Freitas (2020), a palavra pandemia refere-se a: “uma patologia se espalha
dentro de quadros epidêmicos por diversos países e continentes. [...] deve ser
infecciosa e atingir um grande número de pessoas simultaneamente, além de
possuir uma transmissão inicial local fixada”.
1.1 PRAGA DE ATENAS, O CONTÁGIO POR FEBRE TIFOIDE
Apesar da população considerar essa palavra um neologismo, as pandemias têm
sua primeira notificação no período 430 antes de Cristo, durante a guerra de
Peloponeso.
Dizem que a doença começou na Etiópia, e depois desceu para o Egito e
para a Líbia, alastrando-se pelos outros territórios do Rei (Pérsia).
Subitamente ela caiu sobre a cidade de Atenas, atacando primeiro os habitantes
do Pireu, de tal forma que a população local chegou a acusar os peloponésios de
haverem posto veneno em suas cisternas. Depois atingiu também a cidade alta e a
partir daí a mortandade se tornou muito maior (JR, 2020).
Provavelmente, a enfermidade, a qual assolou os gregos, desconfia-se
pelos sintomas que se tratava de febre tifoide, pois segundo relatos de
Tucídides em seu livro “História da Guerra de Peloponeso” o quadro clínico
apresentava as mesmas características do Tifo, “febre alta, mal-estar
em um modo geral, diarreia, fortes dores de cabeça, falta de apetite, aumento
do baço, manchas rosadas no tronco, retardamento do ritmo cardíaco e tosse
seca” (NEVES e SILVA, 2016, p. 17) aliados a falta de higiene,
possibilitou que a doença se alastrasse rapidamente causando mortes em grande
escala. Essa moléstia atacou os gregos duas vezes e somente foi possível
contê-la pelo fato daqueles, os quais o mal já havia atingido terem adquirido
imunidade, ajudando os enfermos na recuperação.
Desta maneira, acredita-se que naquele momento a febre tifoide tenha
sido contida, introduzida mais tardiamente, em 1489, ao velho continente por
soldados espanhóis em busca de conquistas pelos territórios. Continuando a
fazer vítimas no século XVII em uma colônia americana, Jamestown, na qual,
dizimou os cidadãos daquele local.
Passados esses episódios o tifo recebeu maiores atenções somente no
século XIX, quando esta mazela eliminou 560.000 soldados franceses, os quais
lutavam juntamente com Napoleão. Assim, estudiosos da época aprofundaram suas
pesquisas para localizarem o agente causador e no início do século XX
descobriu-se que a enfermidade era transmitida pela picada de piolhos
infectados:
A
febre tifoide é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Salmonella
entérica typhi, que possui uma morfologia microbiana Gram-negativa, pertencente
à família Enterobacteriaceae. Doença essa que está associada à ingestão de
alimentos ou bebidas contaminados, tais contaminações deve-se a situações precárias
de saneamento básico ou a má higienização desses produtos (NEVES e SILVA, 2016,
p. 17).
Entretanto, mesmo a medicina tendo encontrado a forma de transmissão
causadora da doença, devido as constantes guerras e condições higiênicas
precárias, as quais os seres humanos eram expostos durante as batalhas, a febre
tifoide alastrou-se, chegando a matar três milhões de pessoas na Europa
Ocidental e na Rússia entre os anos de 1918 e 1922, atacando, inclusive os
campos de concentrações, na Alemanha.
Hoje, o tratamento para a tifoide é realizado por meio da utilização de
antibióticos prescritos pelos médicos, repousos e reidratação. Existe uma
vacina, porém não é tão eficaz quanto às medidas higiênicas e preventivas da
doença.
1.2 VARÍOLA – A PESTE ANTONINA
O primeiro relato de doença pandêmica depois de Cristo (D.C.), foi por
volta do século II, a denominada Peste Antonina que espalhou-se pela Roma e por
outros países devido a chegada de tropas vindas da Mesopotâmia. Esta moléstia
matou mais ou menos 5 milhões de pessoas, tendo sintomas assemelhados aos da
varíola, os doentes apresentavam vômito, febre e erupções cutâneas.
Penetrando
no corpo, o patógeno se espalha pela corrente sanguínea e se instala,
principalmente, na região cutânea, provocando febre alta, mal estar, dores no
corpo e problemas gástricos. Logo depois destas manifestações surgem, em todo o
corpo, numerosas protuberâncias cheias de pus, que dificilmente cessam sem
deixar cicatrizes, e conferem coceira intensa e dor. O risco de cegueira
pelo acometimento da córnea, e morte por broncopneumonia ou doenças
oportunistas, já que tais manifestações comprometem o sistema imunitário [...].
(SÓ BIOLOGIA, 2020)
Atualmente, a varíola é conhecida popularmente pela denominação de
bexiga, devido às feridas que aparecem no corpo dos enfermos. Sendo acometida
pelo vírus “Orthopoxvirus variolae” pode transmitir-se
por meio do contato de objetos infectados pelo doente ou mesmo por secreções
expelidas pelas lesões as quais são características da enfermidade.
Historicamente,
com o passar dos séculos, a falta de informações fez com que essa
virulência se espalhasse pelos continentes e atingisse países como Egito,
Japão, Islândia e Brasil, causando a mortalidade de grande maioria da
população. Inclusive quando esta virulência aportou em terras brasileiras,
levou diversos indígenas a óbito, pelo fato de que, “além da baixa imunidade,
os hábitos coletivos e a falta de tratamentos tornavam a população nativa
especialmente vulnerável a doenças trazidas por estrangeiros” (NEIVA, 2020).
Desta maneira, os surtos causados pelas contaminações apenas diminuíram
após a descoberta da vacina, “em 26 de outubro de 1977,
foi anunciado o último caso de infeção natural pelo vírus da varíola no mundo,
na área de Merka, Somália” (Schatzmayr, 2001, p. 1525)”. Portanto, a varíola, até o momento é considerada uma moléstia eliminada,
não oferecendo perigo de contágio aos cidadãos, desde que estes sejam
imunizados conforme o calendário de vacinação.
1.3 PESTE NEGRA – A PRAGA DE JUSTINIANO
No ano 541 D.C. surgiu a Praga de Justiniano, transmitida durante a
guerra pela restauração do Império Romano, causou a morte de 25 milhões de
pessoas, além de ser considerada como o primeiro surto mundial da peste
bubônica.
Esta enfermidade se espalhou facilmente entre os indivíduos, pois as
tropas do imperador eram transportadas de um continente a outro por meio de
embarcações, assim os ratos, os quais viviam no convés e estavam infectados
transmitiam a doença para os seres humanos através da picada de carrapatos.
Ademais, essa mazela não teve casos isolados apenas nessa época, pois
mesmo com o passar do tempo não parou de se proliferar e ressurgiu em 1346,
provavelmente na Ásia, alastrando-se pelos diversos países do mundo por meio de
navios mercantis. Neste caso o número de mortes foi maior, uma média de 200
milhões.
Logo, esta patologia causadora de sintomas tão característicos quanto
impressionantes recebeu o nome de Peste Negra, pois necrosava as extremidades
do corpo, causava febre, além de inflar e produzir pus nos linfonodos dos
enfermos.
Outros surtos da Peste ocorreram em diversas partes do mundo, a última
notificação de pandemia desta mazela foi na China, século XIX, local, no qual,
o tratamento tornou-se possível quando o pesquisador Alexandre Yersin,
descobriu a bactéria Yersinia Pestis como sendo causadora dos sintomas. A
partir de então, antibióticos foram utilizados e a Peste Negra passou a ser
considerada um agente com baixo risco de contaminação.
Desta forma, segundo Pinheiro (2020) “a taxa de mortalidade da peste,
que era de 60 a 90%, caiu para apenas 10% a 20%, o que quebrou o ciclo de
transmissão da bactéria”.
1.4 CÓLERA
Posteriormente a Peste Negra, identificou-se a cólera, “uma diarreia
infecciosa grave causada por sorogrupos da bactéria Vibrio cholerae produtores de enterotoxinas” (CÂMARA, 2020), foi relatada pela primeira
vez em 1817, provavelmente advinda da Índia e proliferou-se:
[...]“ao longo do século XIX, que testemunhou seis pandemias durante 60
de seus cem anos. [...] a cólera foi se espalhando pelo mundo durante anos em
cada um dos ciclos pandêmicos. [...] demorando anos para ir de um canto ao
outro do globo terrestre, a disseminação da cólera também foi, em grande parte,
devido à modalidade da globalização na época: a colonização direta e, portanto,
o crescente trânsito entre colonizadores e colonizados (SHULZ, 2020).
Apenas após o acometimento na Inglaterra, em 1849, começaram os estudos
para tentar descobrir as causas de proliferação da doença. Nesta época o médico
John Snow pressupôs que a infecção ocorreria por meio da água contaminada
devido ao saneamento básico quase inexistente e a coleta de água originada dos
esgotos ou fossas.
As primeiras pesquisas de Snow foram rejeitadas e necessitou-se que
ocorresse novo adoecimento da população nos anos subsequentes para que
autoridades acreditassem nas descobertas do médico. Destarte, conforme os
estudos em relação a doença avançaram descobriu-se que:
A infecção se dá pela rota fecal-oral, por ingestão de água e alimentos
contaminados em um ambiente de saneamento deficiente. Cerca de 90% dos
infectados são assintomáticos, e entre os sintomáticos apenas 10% apresentam
diarreias profusas com risco de morte devido à rápida e intensa desidratação
seguida de hipotensão e choque. A taxa de ataque secundário da cólera, mesmo em
grandes epidemias, raramente excede a 2% (CÂMARA, 2020).
Por conseguinte, Jonh Snow não tornou-se o único a investigar os
possíveis motivos pelos quais a bactéria se disseminava. No passado ocorreram
muitas especulações, as quais permeavam em torno da forma de contágio e cura
desta mazela, assim a cólera foi comparada a Peste Negra, porque ocorreram
fases em que a “ferocidade da doença, que matou a maioria dos doentes em apenas
um dia” (CÂMARA, 2020).
Então, em conformidade com o avanço das averiguações,
percebeu-se que para cessar a infestação pela bactéria seria necessário adotar
medidas higiênicas diárias, implantar saneamento básico nas regiões afetadas,
além de tratar os doentes com antibióticos.
Nos dias atuais, a cólera ainda pode ser uma realidade em
locais carentes de cuidados sanitários, no entanto, há uma vacina, que foi
criada por volta de 1990, a qual imuniza pessoas que mantêm contato aos
ambientes propícios de proliferação.
1.5 TUBERCULOSE
A tuberculose (TB) ou tísica é outra enfermidade, a qual
caracteriza-se como pandêmica, pois desde antes da era de Cristo vêm ocorrendo
contaminações da mesma ao entorno do mundo. “Existem relatos de evidência de TB
em ossos humanos pré-históricos encontrados na Alemanha e datados de 8.000
antes de Cristo (AC)” (CONDE, 2002).
O bacilo de Koch, como também pode ser denominada esta
moléstia, dissemina-se por meio do ar, em locais miseráveis e com grandes
aglomerados de pessoas.
Enquanto os povos aumentavam
seus domínios com as guerras, levavam ou entravam em contato com o bacilo da
TB. Assim, a doença prosseguiu se espalhando mundo afora, mercê consequência
das conquistas e da miséria que a guerra trazia (CONDE, 2002).
A investigação das características da tuberculose, sua
proliferação e possíveis antídotos para a cura surgiram apenas a partir do
século XVII quando estudos da anatomia em indivíduos infectados identificaram
“estruturas, principalmente no pulmão dos doentes, com aspecto de tubérculos
nas vísceras” (CONDE, 2002). Desta forma,
em 1882, Robert Koch descobriu o bacilo Mycobacterium
tuberculosis, fato este que causou grandes esperanças referentes a
erradicação da mazela.
Contudo, apesar de se obterem dados sobre o agente causador
apareceram muitas suposições de como acabar com a doença, por exemplo:
“necessidade absoluta do isolamento dos pacientes em sanatórios, com repouso
total e os climas de montanha e marítimos, além de exposição ao sol, bem como a
boa alimentação” (CONDE, 2002). Os tratamentos “a base de quinino, creosoto,
enxofre, cálcio e preparados de ouro e bismuto” (CONDE, 2002), também
foram constantemente indicados, recorrendo-se em alguns casos a cirurgias de
retirada das partes afetadas pela enfermidade e a pneumotórax, injeção de ar no
espaço entre o tórax e o pulmão, sendo este o método que por vezes trazia
resultados mais satisfatórios.
Assim, efetivamente, décadas se passaram e com a descoberta
dos medicamentos realizaram-se diversos testes, elencando nos anos de 1960 um
“esquema definitivo, usando três antibióticos ao mesmo tempo, [...] diariamente
por 18 a 24 meses” (CONDE, 2002), curando, desta forma, 95% dos infectados.
Atualmente, a tuberculose tem tratamento, porém não
conseguiu-se eliminar por completo a doença, pelo fato de que os fluxos
migratórios ainda ocorrem, a miséria e a falta de saneamento básico são
realidades em diversas partes do mundo, além do crescimento da enfermidade
ocorrer principalmente em portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV),
porque eles têm a imunidade corporal prejudicada como sintoma desta doença.
1.6 GRIPE ESPANHOLA
No século XX, durante a Primeira Guerra Mundial, a Gripe Espanhola, um
vírus do tipo Influenza espalhou-se pelo mundo, de 1918 a 1920. Inicialmente
parecia-se com os sintomas de um resfriado, porém apresentava um alto poder de
contágio e de mortalidade, desta maneira informações sobre a propagação
introdutória do vírus são incertas, estudiosos pressupõem que o primeiro
contato com a doença ocorreu na China ou nos Estados Unidos quando o soldado
Albert Gitchell, apresentou os primeiros indícios da enfermidade.
A disseminação desta gripe foi global e ocorreu com rapidez, as
tecnologias existentes na época não conseguiam detectar o agente causador, por
isso, orientou-se as populações a cumprirem medidas higiênicas, o uso
obrigatório de máscaras e o isolamento social, igualmente, está ocorrendo no
momento atual. Previdelli apud Miranda (2020) relata que em 1918,
as pessoas rapidamente assimilaram que as multidões poderiam causar
transmissões. "Os bloqueios foram implementados e houve progresso na
aplicação de medidas preventivas que historicamente se mostraram
eficazes". A vacina para essa moléstia foi criada apenas em 1944, logo,
possivelmente a proliferação da Gripe Espanhola conteve-se devido às populações
terem desenvolvido imunidade a doença.
1.7
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS)[1]
Na década
de 80, uma nova moléstia passou a fazer vítimas, relata-se que os primeiros
casos apareceram nos Estados Unidos e na África, por isso “acredita-se que a infecção tenha surgido nas regiões africana
central e oriental, uma vez que ali teve início sua maior frequência e onde a
infecção de primatas ocorre na natureza” (FORATTINI, 1993).
Não há afirmativas de uma data específica quanto ao início da
manifestação desta doença, no entanto, pressupõe-se que as primeiras
ocorrências aconteceram entre os anos de 1930 a 1950, em tribos africanas
afastadas da civilização, nas quais realizavam-se a caça de chimpanzés ou a
domesticação dos mesmos.
Desta maneira, a descoberta da AIDS ocorreu somente após
1981, pelo fato de que vários homens americanos usuários de drogas ou
homossexuais foram diagnosticados com “sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis
carinii e comprometimento do sistema imune” (TREVISOL, 2020).
Então, a partir dos dados coletados sobre a nova patologia,
investigações foram feitas em doentes, os quais apresentavam essas
características e descobriu-se o agente causador, o Vírus da Imunodeficiência
Humana, originário, provavelmente, dos macacos verde-africanos e tendo como
formas de transmissão “por via sexual, sanguínea, acidental e de mãe para filho
(vertical)” (TREVISOL, 2020).
Com o passar das décadas, constatou-se que as pessoas
infectadas faleciam pelo enfraquecimento da imunidade corporal e pelo ataque de
outras doenças oportunistas, além da modificação constante do HIV, um dos
aspectos pelos quais pesquisadores ainda não encontraram a cura para esta
doença.
O auge da mortalidade
causada pelo vírus foi em 2004, vindo a diminuir constantemente com o passar
dos anos. Na atualidade, os indivíduos infectados caso realizem os tratamentos
adequadamente conseguem manter “boa qualidade de vida e expectativa de vida
similar a pessoas não infectadas” (TREVISOL, 2020). Portanto, o mecanismo mais
eficaz para a luta contra a doença é a conscientização das formas de
transmissão e os cuidados necessários para não adquirir a AIDS.
1.8 COVID 19
Dezembro de 2019, uma data, a qual historicamente será
lembrada como o marco inicial de uma pandemia, que começou em Wuhan, na China e
multiplicou-se rapidamente por todo o território terrestre. As primeiras
pessoas infectadas tinham contato com um Mercado de Frutos do Mar, por este
motivo pesquisadores desconfiaram que possivelmente o hospedeiro do vírus fosse
um animal, porém não encontravam relações entre os vírus já pesquisado e o novo
exemplar encontrado nos seres humanos doentes, SARS-CoV-2 ou Covid-19 como
denominaram os americanos.
Diante disso, a hipótese mais favorável partiu do pressuposto
de ter ocorrido uma mutação genética em morcegos ou pangolins, os quais
modificaram o agente causador da doença e possibilitou a transmissão para os
homens, fato que geralmente acontece com os vírus do tipo Corona:
De cada vez que há uma pandemia, o subtipo dos vírus que
circulava anteriormente desaparece. É como que substituído pelo novo subtipo, o
da pandemia. Assim, entre 1918 e 1957 estiveram em circulação vírus
pertencentes ao subtipo H1N1, entre 1957 e 1968 ao subtipo H2N2 e desde 1968
até ao presente o subtipo H3N2. A única exceção foi a reintrodução do subtipo
H1N1 em 1977, ano em que não houve substituição do subtipo H3N2 (ZARAMELA,
2020).
Características desse tipo de virulência, as insuficiências
respiratórias podem ser assintomáticas para alguns pacientes, leves para
outros, não passando de simples resfriados ou graves, a Sars-Cov e o Mers-Cov,
como tem ocorrido com a maioria dos infectados e as quais causaram muitas
mortes no passado e nos dias atuais. Logo, os sintomas apresentados pelos portadores
da Covid-19 demoram em torno de 14 dias para aparecerem.
Ao entrar no corpo humano, o vírus se multiplica dentro do
nosso nariz e outras partes do sistema respiratório de forma despercebida. Essa
fase é chamada de pré-sintomática ou de incubação. Nela, apesar de ainda não
haver sintomas, indivíduos contaminados são capazes de infectar outras pessoas
(ALDERETE et al, 2020).
Os primeiros sinais da doença são inicialmente semelhantes
aos de uma gripe: febre, dor no corpo, tosse e prostração, podendo evoluir para
dificuldade respiratória, dor no peito, perda de movimentos ou da fala, além de
em alguns casos apresentar indícios inespecíficos, por exemplo, cefaleia,
diarreia, erupções cutâneas, conjuntivite, entre outras. Desta forma,
O novo coronavírus viaja, principalmente, em gotículas
eliminadas na fala, espirros ou tosse. O contato com elas pode ocorrer de forma
direta de pessoa para pessoa, — quando beijamos, abraçamos, apertamos as mãos
ou ficamos muito perto de pessoas infectadas —, ou de forma indireta, quando
encostamos em superfícies e objetos contaminados (ALDERETE et al, 2020).
Assim, caso ocorra a presença de sinais semelhantes ao da
Covid, faz-se necessário a realização de testes comprovatórios e em situações,
nas quais a avaliação seja positiva, nos casos leves e moderados os médicos
orientam ao isolamento social em casa, mantendo-se distante dos familiares, os
quais residem no ambiente, separação dos objetos pessoais, repouso, uso de
máscara e utilização de remédios específicos. Já nos indivíduos com sintomas
críticos, indica-se a internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para a
inserção de ventilação mecânica.
Assim sendo, o ano de 2020 começou com um novo desafio para a
ciência, descobrir a origem do SARS-CoV-2, diminuir ou cessar as transmissões e
achar um antídoto eficaz para eliminar o agente causador. Contudo, as
contaminações apenas aumentaram rapidamente e com o passar dos meses as mortes
também se alastraram, atingindo, principalmente, idosos e indivíduos, os quais
continham alguma comorbidade, por isso em 11 de março de 2020 a OMS decidiu
emitir um alerta sobre a periculosidade de se adquirir esse tipo de vírus e
declarou o “status” de pandemia
mundial.
Segundo o
diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a demora para a definição
como pandemia se deu por ser uma palavra perigosa pelas interpretações que pode
gerar, mas que o aumento em mais de 13 vezes do número de casos externos à
China e as mais de 4 mil mortes justificam a nova classificação.
Os dados
apresentados pela organização apontam mais de 118 mil casos em 114 países, com
4.291 mortes (BARRETO, 2020).
Governantes criaram planos de ações para que seus cidadãos
não fossem severamente afetados por essa moléstia, anúncios foram feitos às
populações de modo a propagar esclarecimentos sobre prevenção e possíveis
causas de contaminação. A OMS divulgou as medidas protetivas: isolamento
social, uso de máscaras, higienização de objetos pessoais e ambientes, em
geral, além da limpeza das mãos, lavando-as ou utilizando álcool em gel na
concentração de 70%.
No Brasil, em 21 de março o governador do estado de São
Paulo, João Dória anunciou quarentena de 15 dias, iniciando em 24 de março. As
exigências impostas estruturaram o decreto 64.881/20, neste determinou-se que
lugares, os quais pudessem ocorrer aglomerações deveriam ser fechados:
Artigo 2º - Para o fim de que cuida o artigo 1º deste
decreto, fica suspenso:
I - o atendimento presencial ao público em estabelecimentos
comerciais e prestadores de serviços, especialmente em casas noturnas,
“shopping centers”, galerias e estabelecimentos congêneres, academias e centros
de ginástica, ressalvadas as atividades internas;
II – o consumo local em bares, restaurantes, padarias e
supermercados, sem prejuízo dos serviços de entrega (“delivery”) e “drive
thru” (BRASIL, 2020).
E enfatizou-se que apenas serviços essenciais poderiam
continuar abertos, desde que cumprissem as novas regras:
§
1º - O disposto no “caput” deste artigo não se aplica a estabelecimentos que
tenham por objeto atividades essenciais, na seguinte conformidade:
1.
saúde: hospitais, clínicas, farmácias, lavanderias e serviços de limpeza e
hotéis;
2.
alimentação: supermercados e congêneres, bem como os serviços de entrega (“delivery”) e “drive thru” de
bares, restaurantes e padarias;
3.
abastecimento: transportadoras, postos de combustíveis e derivados, armazéns,
oficinas de veículos automotores e bancas de jornal;
4.
segurança: serviços de segurança privada;
Destarte,
as escolas, tanto privadas, quanto públicas, a princípio afastaram funcionários
pertencentes ao grupo de risco: idosos, grávidas e aqueles, aos quais
apresentavam algum problema de saúde. Depois, decretou-se férias a maioria da
equipe escolar, alunos, professores, gestão, permanecendo no ambiente apenas
alguns colaboradores do setor de segurança e da limpeza, aos quais foram
orientados a trabalharem cumprindo as exigências impostas pelo governo.
Condutas
foram estudadas para se obter o melhor retorno as atividades institucionais,
assim, devido aos casos de pessoas doentes serem confirmadas e relatadas,
diariamente, em toda parte do mundo, decidiu-se pela realização de aulas
remotas, isto é, pelo desenvolvimento do trabalho docente no ambiente virtual.
O
Centro Paula Souza, autarquia responsável por monitorar o ensino médio e
técnico das Escolas Técnicas Estaduais (Etec) e o tecnólogo das Faculdades de
Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) optou pela utilização de um programa
computacional, o “Microsoft Teams”,
que possibilita reunir os estudantes e realizar as aulas de modo síncrono,
podendo disponibilizar materiais, vídeos e até mesmo dar o comando aos alunos
para que eles apresentem seminários, teatros, entre outros, por isso a
instituição resolveu trabalhar de maneira online até o final do ano letivo de
2020.
Portanto, a pandemia da Covid-19 demonstrou ao mundo que
seria necessário empregar medidas rápidas e precisas, modificar hábitos diários
para proteger a si mesmo e àqueles, os quais fazem parte do convívio tanto
social quanto familiar. Além disso, sentimentos afloraram e enquanto algumas
pessoas aprimoraram suas competências socioemocionais propagando resiliência,
união e cooperação, outras demonstraram dificuldades para aceitar as situações
impostas, deste modo, manifestou medo, raiva, desgosto, sentimento de solidão e
não adaptação para trabalhar ou estudar em “home
office”.
2 COMPETÊNCIAS
O termo competência surgiu no mercado empresarial, em 1973,
nos Estados Unidos, por meio de uma publicação de David McCleland, o qual
estava em “busca de uma abordagem mais efetiva que os testes de
inteligência nos processos de escolha de pessoas para as organizações”
(DUTRA et al., 2006, p.2), esta terminologia gerou debates sobre quais saberes psicólogos e
administradores deveriam ter para desempenharem uma tarefa imposta pelo
ambiente coorporativo, assim “o conceito foi rapidamente ampliado para
dar suporte a processos de avaliação e para orientar ações de desenvolvimento
profissional.”(DUTRA et al., 2006, p.2).
Depois, por volta da década de 80, o estudioso Rychard
Boyatzis, reclassificou competências “a partir da caracterização
das demandas de determinado cargo na organização” (DUTRA et al., 2006, p.2),
procurando “fixar ações ou comportamentos efetivos esperados” (DUTRA et al.,
2006, p.2), como um conjunto de conhecimentos,
atitudes e habilidades que nós, seres humanos utilizamos para realizar as
atividades em nosso ambiente de trabalho apoiando-se em conhecimentos que já
estão dispostos em nossa mente sobre determinado assunto e aprimorando-os para
conclusões mais complexas.
Na área educacional, a palavra competência incorporou-se às
teorias pedagógicas na década de 90, tendo Philippe Perrenoud como pensador que
idealizou o ensino em três ciclos para que os conhecimentos fossem adquiridos
pelos alunos. Deste modo, a justificativa utilizada por ele expôs o fato pelo
qual o ser humano interage com o meio em que vive, produz experiências as
quais, se aprimoram e se tornam habilidades.
Desse modo, cada pessoa, de maneira diferente,
desenvolveria competências voltadas para a resolução de problemas relativos à
superação de uma situação, como, por exemplo, saber guiar-se no caminho de
volta para casa a partir de um ponto de referência, o que mobiliza competências
de reconhecimento ou mapeamento espacial; saber lidar com as dificuldades
infantis, o que aciona competências pedagógicas; saber construir ferramentas, o
que estimula competências matemáticas e lógicas, entre outras (PERRENOUD, 1999,
p. 151).
As
competências podem ser conquistadas nos meios de vivências do indivíduo,
familiar, social e estudantil, assim no ambiente escolar para que o
desenvolvimento destas capacidades ocorra deve-se buscar estratégias de modo a
construir as habilidades que ainda não foram estruturadas, além de aprimorar
aquelas, as quais em algum momento da vida foram edificadas. Logo, necessita-se
considerar “competências não escolares que desenvolvemos a partir das relações
sociais que estabelecemos e as nossas condições de existência” (PERRENOUD,
1999, p. 151).
Desta
maneira, duas décadas se passaram após as considerações de Perrenoud. No Brasil, as propostas educacionais se
transformaram e foram inseridas ao currículo formal orientações, as quais o
ensino deveria ter uma única proposta pedagógica, ser pautado na cidadania,
considerando questões sociais e socioemocionais. Posto isto, em 2017 e 2018
homologou-se a Base Comum Curricular (BNCC) para a Educação Básica:
Prevista
na Lei de Diretrizes e Bases (1996) e no Plano Nacional de Educação (2014), a
BNCC é fruto de amplo processo de debate e negociação com diferentes atores do
campo educacional e com a sociedade brasileira. Desde 2015, foram produzidas
três versões do documento, que contaram com a participação de diversos especialistas
[...] (BRASIL, 2017, p.1).
Assim,
dez competências gerais foram consideradas para estabelecer “um conjunto de
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que buscam promover o
desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões: intelectual, física,
social, emocional e cultural” (FERNANDES, p.1). Dentre as qualificações a serem
moldadas nas aprendizagens dos alunos acrescentou-se as habilidades para a
formulação do projeto de vida, a capacitação para o mercado de trabalho, além
da formação socioemocional que apresentou a função de emoldurar as capacidades
mentais dos estudantes, preparando-os para os lidarem com sentimentos e
desafios da vida adulta.
O
ensino técnico profissionalizante, por sua vez, anteriormente às especificação
sobre aprendizagens por competências determinadas pela BNCC, já havia
estabelecido desde o ano de 1999, no parecer do Conselho Nacional de Educação
(CNE) 16/99 “modelo de educação profissional centrado em competências por área”
(BRASIL, p. 13) e mantem, até os dias atuais o ensino pautado na construção de
competências e habilidades técnicas juntamente a utilização de bases
tecnológicas, conteúdo relacionado a grade curricular de cada curso. Desta
forma a estruturação dos planos de curso do ensino técnico profissionalizante:
São
instrumentos que contém todas as bases tecnológicas para formar as competências
e habilidades necessárias para a formação do Perfil Profissional de cada módulo
e de conclusão de curso, detalhando onde e como exercer a atividade profissional
de cada curso, consta ainda as metodologias de ensino, referências
bibliográficas, entre outras (CENTRO PAULA SOUZA, ca. 2010).
À
vista disso, as aprendizagens desenvolvidas nos cursos profissionalizantes
capacitam:
O
cidadão que busca uma oportunidade de se qualificar por meio de um curso
técnico está, na realidade, em busca do conhecimento para a vida produtiva.
Esse conhecimento deve se alicerçar em sólida educação básica que prepare o
cidadão para o trabalho com competências mais abrangentes e mais adequadas às
demandas de um mercado em constante mutação.
Portanto,
o ensino técnico proporcionará ao indivíduo obter conhecimentos profissionais
específicos, além de desenvolver competências relacionadas à área escolhida,
preparando-o, desta forma para construir seu projeto de vida, tendo no
histórico estudantil uma formação qualitativa e possibilitando o desempenho de
funções específicas exigidas no ambiente de trabalho.
2.1
COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS DESENVOLVIDAS NO ENSINO TÉCNICO
Diferentemente
das aprendizagens cognitivas que priorizam adquirir o conhecimento dos diversos
conteúdos escolares, as competências socioemocionais são capacidades, as quais
os indivíduos moldam suas emoções por meio do desenvolvimento de habilidades,
atitudes e valores, assim:
As práticas
cognitivas são aquelas que dizem respeito ao desenvolvimento de habilidades
para a compreensão de conteúdos, conceitos e processos dentro
dos diferentes objetos de conhecimento. As competências socioemocionais
são aquelas que visam o desenvolvimento das dimensões comportamental
(atitudinal) e relacional dos indivíduos (SAEDIGITAL, 2020).
Deste
modo, apesar, do desenvolvimento das competências socioemocionais terem ganhado
atenção do sistema educacional brasileiro apenas em 2020, devido a inserção de
parâmetros estabelecidos pela BNCC. O
termo já é utilizado nos Estados Unidos a cerca de vinte anos e define a
educação pautada na evolução das emoções, as quais proporcionarão a formação de
um indivíduo capaz de conviver e estabelecer relações nos ambientes familiar,
sociais e de trabalho, além de evitar frustrações, entre outras sensações
negativas, aos quais um cidadão despreparado possa a vir desenvolver. Logo:
A Educação Socioemocional (em inglês, SEL – Social
Emotional Learning) é o processo através do qual os alunos aprendem, dentro
do currículo escolar, a refletir e efetivamente aplicar conhecimentos e
atitudes necessários ao longo da vida escolar, educando os corações, inspirando
mentes, materializando projetos e contribuindo para a transformação desses
estudantes pela educação.
À
vista disto, atualmente a inserção de competências e habilidades sociemocionais
ao currículo tornou-se de suma importância, pois estas demonstraram ser
“essenciais em qualquer aspecto da vida humana, inclusive para o
desenvolvimento de competências com viés acadêmico, cognitivo e
científico” (SAEDIGITAL, 2020).
Destarte,
na educação técnica profissional, a demanda por desenvolver as competências
socioemocionais também ocorreu, pelo fato de que no mercado de trabalho
empresas estão em busca de profissionais capacitados, os quais desempenham as
funções técnicas com qualidade e aplicam suas emoções para lidar com os
desafios da profissão, por isso, as vezes aparecem em “anúncios de vagas os termos
“empatia”, “autonomia”, “resiliência” e “capacidade de trabalhar em equipe”
como atributos desejáveis” (SAEDIGITAL, 2020).
Assim
sendo, o Centro Paula Souza é uma instituição de ensino profissionalizante, que
foi fundada em 1969 pelo decreto-lei de 06 de outubro do mesmo ano, começando a
atuar em 1970 contendo três cursos técnicos na área da Construção Civil. Desde
aquela época a autarquia priorizou desenvolver cursos os quais atendessem “às
necessidades e características dos mercados de trabalho nacional e regional”
(BRASIL, São Paulo, p.1), além de possibilitar o “contínuo aperfeiçoamento
profissional e o aprimoramento de sua formação cultural, moral e cívica”
(BRASIL, São Paulo, p.1).
Por
este motivo Etec e Fatec apresentam missões, as quais possibilitam a promoção
da “educação pública profissional e tecnológica dentro de referenciais de
excelência, visando o desenvolvimento tecnológico, econômico e social” (CENTRO
PAULA SOUZA, São Paulo), visões que estimulam a “produtividade e
competitividade da economia paulista” (CENTRO
PAULA SOUZA, São Paulo) e valores, os quais viabilizam fatores como:
·
Valorização e desenvolvimento humano
·
Postura ética e comprometimento
·
Respeito a diversidade e a pluralidade
·
Compromisso com a gestão democrática e
transparente
·
Cordialidade nas relações de trabalho
·
Responsabilidade e sustentabilidade
·
Criatividade e inovação (CENTRO PAULA SOUZA,
São Paulo).
Consequentemente,
às exigências da inserção deste tipo de competência ao currículo formativo, em
2019 a Administração Geral do Centro Paula Souza atualizou o perfil das
competências socioemocionais aos quais devem ser aprofundadas no ensino
propedêutico, elencou valores e atitudes as quais necessitam estimular o
estudante de nível técnico ao “interesse pela realidade; [...] na resolução de
situações-problema; e [...] a pesquisa, a utilização e a produção de
conhecimento (CENTRO PAULA SOUZA, São Paulo, 2019, p.1).
Desta
maneira as competências socioemocionais direcionam-se de modo a proporcionar ao
estudante dos cursos técnicos:
•
aprendizagem baseada em projetos;
•
comunicação profissional/ argumentação;
•
contextos do trabalho;
•
trabalho por projetos;
•
ética profissional;
•
pensamento crítico;
•
resolução de situações-problema;
•
análise e tomada de decisão;
•
flexibilidade comportamental;
•
trabalho conjunto-colaborativo para alcance de objetivos comuns;
•
empatia;
•
desinibição;
•
trato com pessoas em diversas posições hierárquicas;
•
autonomia intelectual e de ação;
•
estruturação de plano de carreira;
•
empreendedorismo, inovação e novas tecnologias;
•
continuidade de estudos;
•
projeto de vida;
•
reflexão sobre o próprio conhecimento, potencialidade e possibilidades. (CENTRO
PAULA SOUZA, São Paulo, 2019, p.1)
Por
consequência, os planos de curso das instituições técnicas devem fornecer ao
estudante a capacidade de ter autonomia intelectual, para que este crie
estratégias de modo a estabelecer no ambiente de trabalho relacionamentos
interpessoais empáticos, éticos, e que interpretem as competências socioemocionais
manifestadas pelos diversos membros da empresa, sabendo ouvi-los e
compreendendo o ponto de vista de cada um.
Outras
características a serem construídas pelo aluno do curso técnico são, a
flexibilidade para tomar decisões em momentos repentinos, a adaptação para
trabalhar em equipe, demonstrando espírito de liderança e sendo capaz
compreender os vários tipos de situações, as quais podem-se estabelecer
acordos. Por este motivo requer-se a ampliação das argumentações coerentes,
além do encorajamento para as tomadas de decisões pautadas em análises e na
aplicação do pensamento crítico para a resolução de situações-problemas.
Além
disso, o discente precisa entender a importância de se manter com os gestores e
colaboradores participação, planejamento, exposição de ideias, propósitos em
comum, demonstrando a eles ter capacidade para a gestão do tempo hábil,
comprovando também habilidades para manusear as diversas ferramentas digitais
(TIC’s) e competência para desenvolver projetos, por isso é necessário à
assimilação do que são o histórico e a cultura organizacional, em adição a percepção de que no espaço coorporativo é
preciso conhecer os termos técnicos/ científicos, os quais têm que se empregar
nas documentações exigidas a cada área.
Portanto,
o ensino técnico profissionalizante é estruturado instituindo-se não somente a
aprendizagem técnica, mas também a aprendizagem socioemocional, a qual ao final
da formação proporcionam condições para que o indivíduo se autoconheça,
identificando suas potencialidades e estruture seu projeto de vida de maneira
autônoma e ética.
3 A ADAPTAÇÃO DO ENSINO TÉCNICO EM RELAÇÃO AO COVID-19 E O
ISOLAMENTO SOCIAL
Oito
meses se passaram e a pandemia provocada pela Covid-19 ainda persiste, houve o
afrouxamento de algumas medidas preventivas conforme o monitoramento da
proliferação do vírus e realmente por alguns dias as infecções e as mortes
diminuíram.
Entretanto,
há poucos dias alguns países da Europa e dos Estados Unidos relataram as
ocorrências de reinfestações em mamíferos pelo novo Corona vírus, atribuindo o
agravamento do problema a uma nova mutação bem mais potente.
Identificada oficialmente pelo nome de 20A.EU1,
essa cepa foi descrita em um artigo ainda não revisado por pares e publicado na
plataforma online medRxiv.
Mais especificamente, os cientistas rastrearam o aparecimento
dessa cepa do coronavírus entre trabalhadores no nordeste da Espanha e ela
teria se espalhado, de forma rápida, por grande parte da Europa desde o verão.
O estudo ainda sugere que pessoas que voltaram de férias na Espanha tiveram um
papel fundamental na disseminação dessa variante pela Europa (FORATO, 2020).
Na Dinamarca, os visons se contaminaram por meio da
aproximação com seres humanos e a partir da incubação do vírus houve uma
mutação, a qual retornou aos homens de maneira mais agressiva, necessitando que
as autoridades locais determinassem o extermínio de muitos animais da espécie.
Já no Brasil, pesquisadores
da Universidade de Oxford descobriram por meio da sequenciação do genoma da
Covid que desde o início da propagação aconteceram infecções causadas por três
tipos de cepas modificadas, isto é, “pequenas mutações quase insignificantes
que ocorreram no vírus” (BIERNATH, 2020) e se alastraram por todo o país, sendo
que se diferenciaram dependendo do estado ou região onde manifestaram-se as
contaminações.
Segundo esse mesmo grupo de
estudiosos, enquanto não há remédios ou vacinas específicas, a possibilidade de
uma reinfecção com características mais devastadoras podem acontecer em breve e
as medidas preventivas, como isolamento social, distanciamento, utilização de
máscaras, cuidados com a higiene e fechamento de locais que proporcionam
aglomeração, as quais ajudaram na contenção da disseminação do vírus até o
momento precisam ser mantidas. Assim, em uma
visão otimista, a situação poderia ter sido bem pior [...] se comércio, escolas
e demais estabelecimentos continuassem funcionando como antes (BIERNATH,
2020).
Desta maneira, o Centro
Paula Souza, desde o início da pandemia respeitou as medidas de isolamento
social, primeiramente estabelecendo um período de férias de modo a proteger
seus colaboradores e compreender a manifestação virótica. Ademais, orientou os funcionários
sobre o trabalho realizado em “home
office” e realizou “uma série de capacitações,
workshops e seminários online para aperfeiçoamento pedagógico dos professores”
(SÃO PAULO, 2020). Assim tornou-se possível o aprimoramento da
utilização de as ferramentas digitais, inclusive o Microsoft Teams, plataforma que possibilita a abertura de reuniões
e os compartilhamentos de conteúdos.
Logo, no mês de abril houve
o retorno das atividades escolares, entretanto, diferentemente, do modo
tradicional, desta vez, devido a manifestação da Covid-19 as aulas voltaram de
modo remoto, necessitando ser ministradas pela plataforma digital, o que causou
grande estranhamento entre os estudantes, os quais também necessitaram ter
acesso a internet e ao aplicativo do programa.
3.1
ESTUDO DE CASO: AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS, O ENSINO TÉCNICO E A PANDEMIA
Este estudo de caso foi
estruturado por meio da observação de aulas remotas realizadas pela plataforma
“Microsoft Teams”, conversa com os
estudantes, além da análise de redações redigidas por alguns alunos sobre o
momento de pandemia e a nova forma de estudar. Assim, a pesquisa apresentará os
resultados obtidos através da investigação sobre as competências
socioemocionais desenvolvidas durante os estudos neste momento de pandemia.
Dois mil e vinte tornou-se
um ano atípico, diferente de todos os outros aos quais já havia vivido,
ocorreram diversas adaptações a uma nova realidade que sair de casa
transformou-se em algo perigoso, desta maneira foi preciso ambientação de vários
setores sociais, inclusive das escolas as quais fecharam suas portas e
necessitaram de planejamento rápido para poderem desenvolver um trabalho de
qualidade, não deixando os alunos sem aulas. Logo, em referência ao assunto q
diretora-superintendente do Centro Paula Souza (CPS) Laura Laganá explanou:
Este ano será lembrado pela força de superação de nossos
estudantes, professores, servidores administrativos e gestores. Todos
entenderam a gravidade da situação atual e buscaram alternativas para que o modelo
da nossa instituição continue servindo de referência, tanto na qualidade de
ensino quanto em exemplo de solidariedade (SÃO PAULO, 2020).
Desta maneira, o ensino
técnico supervisionado pelo CPS optou pelo uso da ferramenta “Teams”,
sendo “criadas quase 100 mil salas de aula síncronas online” (SÃO PAULO, 2020).
A Etec Professor Idio
Zucchi, foi a escola escolhida para realizar-se as observações do estudo de
caso, esta unidade escolar fica localizada na cidade de Bebedouro, no estado de
São Paulo, por este fato e pela denominação antiga estruturada em decreto, às
vezes esta instituição técnica é conhecida pelos cidadãos da região como Etec
Bebedouro.
Estando em funcionamento
desde 2006, foi primeiramente utilizada como polo de extensão da cidade de
Taquaritinga, tendo seu funcionamento junto a Escola Estadual Dr. Paraíso
Cavalcanti. Após, em 2011, recebeu o nome atual e em 2014 mudou-se para um novo
prédio, amplo, arejado e que atende às necessidades, as quais os estudantes
precisam para adquirirem diversas aprendizagens, tanto práticas, quanto
teóricas.
Atualmente essa escola
técnica, possui quatro extensões que funcionam nas cidades de Jaboticabal,
Pitangueiras, Viradouro e Bebedouro, na Estação Experimental de Citricultura.
Assim, esta instituição oferece aos estudantes cursos técnicos profissionalizantes,
ensino médio integrado e projetos realizados junto à comunidade.
Destarte, para que o
trabalho desenvolvido por essa Etec continuasse sendo qualitativo mesmo após a
chegada da Covid – 19 capacitaram-se o corpo docente e orientaram-se os alunos
sobre o novo jeito de estudar “foram produzidos
diversos tutoriais, cartilhas, vídeos e masterclasses para
acolhimento dos jovens (SÃO PAULO, 2020) e os materiais necessários para a realização das aulas remotas.
Primeiramente, ao contato
inicial com o estudo de modo virtual, sensações apresentadas pelos discentes
foram de estranhamento, muitos não conseguiam conectar-se a plataforma por
dificuldade de acesso, por problemas no e-mail institucional ou mesmo pelo fato
do celular não comportar o aplicativo do programa. Já aqueles, que obtiveram a
entrada na sala de reunião sentiram-se perdidos, alguns não compreenderam
diversos comandos como o fechamento do microfone para que cada um se
manifestasse em momentos diferentes, outros sentiram vergonha e não quiseram
participar da conversa sobre como eram as experiências vividas nesse momento de
pandemia.
Assim, a semana introdutória
das aulas foi pautada em disponibilizar condições favoráveis de ingresso, além de disponibilizar explicações sobre como
manusear a ferramenta digital, inclusive alguns alunos do ensino médio
integrado ao técnico se sentiram sensibilizados pelos estudantes do ensino
profissionalizante os quais tiveram dificuldades para compreender a execução do
aplicativo e gravaram vídeos explicativos para ajudá-los.
Além disso, questões
filantrópicas surgiram fazendo com que “paralelamente
às aulas virtuais, estudantes e professores de diversas unidades se mobilizaram
em iniciativas solidárias para ajudar suas comunidades locais” (SÃO PAULO,
2020)
Logo, a maioria dos
discentes se acostumou com a nova maneira de estudar no ambiente digital, sendo
que o “índice de aprovação do formato chegou a
85%” (SÃO PAULO, 2020). No entanto, ocorreram vários trancamentos de cursos e
as justificativas enumeradas relacionavam-se as dificuldades de se adaptar ao
estudo virtual.
No mês de
julho aconteceu a divulgação do vestibulinho, avaliação para adquirir acesso ao
curso técnico na segunda metade de 2020, mas neste momento pandêmico “foi
organizado um novo modelo de avaliação sem a realização de provas presenciais.
Por meio da análise do histórico escolar” (SÃO PAULO, 2020).
Assim,
considerando a situação de alastramento da doença e aumento dos casos de
pessoas infectadas, o número de inscritos não alcançou o patamar desejável, houve
dificuldades para conseguir pessoas interessadas em prestar o vestibulinho para
o ensino técnico, fato este provavelmente referente às dificuldades de acesso,
incredulidade para reconhecer a eficácia do ensino virtual ou por medo de não
conseguirem utilizar as ferramentas digitais durante as aulas remotas.
Consequentemente,
após o início do segundo semestre foram realizadas algumas redações, as quais
não eram obrigatórias de serem respondidas, Porém, o aluno que se sentisse a
vontade poderia escrevê-la e entregar no ícone de tarefas da plataforma, assim
trinta e seis estudantes de cursos diferentes estruturaram os textos e
enviaram.
Na produção textual
pedia-se para que fizessem um relato sobre quais foram os motivos que os
levaram a escolha de estudar em uma escola técnica e como haviam reagido após
saberem que haviam passado no vestibulinho. Depois eles
deviam falar sobre as experiências de participarem das aulas de modo remoto e
durante esse momento de pandemia quais competências socioemocionais estavam
sendo desenvolvidas.
Assim sendo, os
estudantes os quais desenvolveram as produções textuais disseram estar em busca
de uma colocação no mercado de trabalho. Alguns já haviam prestado o
vestibulinho para o ensino técnico quando as provas eram realizadas
presencialmente e de maneira escrita, no entanto, não tinham conseguido obter
notas favoráveis para a inserção ao curso, então a análise do histórico escolar
facilitou a realização do objetivo de estudar na Etec e proporcionou a eles
sensações como felicidade, medo por dar continuidade aos estudos, apoio
familiar, possibilidade de planos futuros, entusiasmo pelas novas experiências,
entre outras competências socioemocionais positivas.
Dentre os
estudantes, os quais fizeram os seus relatos havia discentes graduados que
priorizaram a formação técnica para adquirirem conhecimentos e qualificação, além de aumentarem a
possibilidade de conseguirem um bom trabalho, fato este que os deixava
frustrados perante as possibilidades apresentadas pelo mercado de trabalho.
Quanto a utilização
da plataforma educacional a maioria deles achou esse tipo de aprendizagem
cansativa, complicada, estressante pelo fato de, às vezes, não conseguirem
manter interação com os outros membros do grupo, acumularem muitas atividades e
terem dificuldades de utilizar o “Teams’”. Do mesmo modo, afirmaram que
no início da formação demonstraram desânimo e dificuldade para lidar com a
situação, assim chegaram a possibilitar a desistência do curso, porém tiveram
de ser persistentes, determinados e estarem em busca do crescimento pessoal,
além de tentarem diariamente se acostumar com a nova realidade. Desta forma,
concordaram que nos dias atuais faz-se necessário ter competência digital para
atuar no mercado de trabalho.
Apesar da adaptação
com as ferramentas digitais, muitos alunos, os quais haviam começado os cursos
técnicos anteriormente às exigências de isolamento social e também aqueles que
não se adequaram às aulas remotas sentiam-se estressados, com vergonha e
manifestaram implicitamente saudades da escola e das interações interpessoais,
além de interesse pelo retorno presencial, mesmo sentindo insegurança por causa
da pandemia, pois perante a qualquer dúvidas tinham a orientação dos
professores e o apoio dos gestores para a realização de atividades extra-classe
no ambiente escolar.
Para finalizar,
grande parte dos estudantes, aos quais expuseram suas angústias e perspectivas
por meio desta redação entenderam que realizar uma autoavaliação é um método
importante de se conhecer e concordaram que o ensino remoto pela plataforma, no
início, causou dificuldades, nervosismo, desânimo e perda do foco, além terem
levado em consideração o trancamento da matrícula. Contudo, segundo eles as
reflexões foram constantes durante esse momento pandêmico, então perceberam que
para enfrentar alguns obstáculos, seria preciso
atingir metas e concluir objetivos.
Portanto, a partir da análise dos textos, da conversa virtual com alguns
estudante e pela observação comportamental dos mesmos no ambiente remoto
tornou-se possível perceber que os estudantes, independente do curso escolhido,
sentiram-se satisfeitos, felizes por ingressarem ao ensino técnico e que a
escolha por esse tipo de aprendizagem proporcionaria a eles melhores chances de
ingressar e evoluírem no mercado de trabalho. Entretanto, com o início da
pandemia as perspectivas mudaram, pelo fato deles terem que utilizar o estudo
de modo remoto e o uso da plataforma educacional, isso gerou desconfortos,
angústias, medos, vergonha, entre outros sentimentos negativos na maioria dos
alunos, os quais necessitaram de assimilação para que se acostumasse com as
aulas online e voltassem a criar
perspectivas presentes e futuras.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acesso ao ensino técnico tornou-se uma realidade na
vida de muitos cidadãos, pois possibilita de forma rápida e eficaz
aprendizagens qualitativas profissionais, além de proporcionar maiores chances
de acesso ao mercado de trabalho.
Por este motivo muitos jovens optam pela formação
técnicas e as Etecs são escolas qualificadas muito requisitadas para o ingresso
ao ensino propedeutico. Fato este que ocorre não somente pela excelência dos
conteúdos ministrados serem estruturados por meio da construção de competências
e habilidades, voltados a base técnológia relacionada a profissão escolhida,
mas também por receber presencialmente o aluno de modo acolhedor, se
preocupando com as aprendizagens e posturas as quais o mercado de trabalho
exigirá dele durante o desempenho de suas funções.
Assim, esta pesquisa baseou-se na intenção de demonstrar
que as pandemias podem modificar hábitos e competências socioemocionais dos estudantes.
Além de cobrar medidas rápidas e exigir mudanças de comportamentos, os quais
geram estranhamentos e desconforto, levando o ser humano, por vezes a
pensamentos negativos e atitudes impensadas.
Portanto, com o fechamento das escolas e a inserção de
aulas virtuais os paradigmas educacionais de aprendizagem mudaram rapidamente e
os discentes necessitaram ingressar em um ambiente desconhecido sem ao menos
terem chance de se adaptar anteriormente. Desta forma, muitos desistiram e
outros necessitaram de apoio para continuar e se sentirem novamente capazes de
estruturarem suas competências e habilidades para o desempenho das funções no
mercado de trabalho.
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