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Alex de Paula
Professor de Música; Especialização em Educação Aplicada a Performance
Musical – UNIS MG; Especialização, em andamento, em Docência – IFMG Arcos;
alexdpaula2003@hotmail.com
Gercylene Silva e Silva
Professora de Língua Portuguesa – SEMED São Francisco do Pará PA;
Especialização, em andamento, em Docência – IFMG Arcos; gercylene@yahoo.com.br
Dandara Lorrayne do Nascimento
Professora de Matemática – IFMG Arcos; Mestrado, em andamento, em
Modelagem Matemática e Computacional – CEFET MG; dandaralno@gmail.com
Resumo: A educação passa
por dificuldades, tanto pela falta de capacitação profissional, pelo espaço
físico inadequado ou até mesmo pela evasão dos alunos da escola. Neste estudo,
daremos um destaque maior na falta de interesse dos alunos pelas disciplinas e
atividades escolares. Tomando o tema “aula dada, aula estudada, hoje!”, o
objetivo deste estudo é refletir sobre a importância de ser um estudante e não
mero aluno. Partindo de uma pesquisa qualitativa e como forma de alcançar esse
objetivo, foi realizada uma pesquisa envolvendo 15 alunos
do sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal situada na cidade de
Governador Valadares, em Minas Gerais. Os resultados obtidos mostraram que
ainda existe boa parcela de alunos que não possuem interesse em aprender e não
apresentam hábitos de estudos extraclasse. Entretanto, observamos que grande
parte dos alunos consegue entender os conteúdos em sala de aula e optam por
estudar com seus colegas. Consideramos que a tríplice escola/aluno/responsáveis
deve agir de modo a favorecer os hábitos de estudos extraclasse como forma de
aprender e consolidar os conceitos entendidos em sala de aula.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Ensinar a aprender. Sistema Educacional.
The importance of being a student, more than being a student: “lesson
given, lesson studied, today!”
Abstract: Education goes through
difficulties, both due to the lack of professional training, inadequate
physical space or even the evasion of students from the school. In this study,
we will highlight the lack of interest of students in school subjects and
activities. Taking the theme “class given, class studied, today!”, The
objective of this study is to reflect on the importance of being a student and
not just a student. Starting from a qualitative research and as a way to
achieve this objective, a research was carried out involving 15 students from
the sixth year of elementary school at a municipal school located in the city
of Governador Valadares, in Minas Gerais. The results obtained showed that
there is still a good portion of students who have no interest in learning and
do not have extra-class study habits. However, we observed that most students
are able to understand the contents in the classroom and choose to study with
their colleagues. We believe that the triple school / student / guardian must
act in a way that favors the habits of extra-class studies as a way of learning
and consolidating the concepts understood in the classroom.
Keywords: Teaching-learning. Teach to
learn. Educational
system.
1 INTRODUÇÃO
Diversos
são os motivos que contribuem com o aprendizado do estudante, dentre eles, a
colaboração das pessoas que o cercam. Os pais e/ou responsáveis são os
primeiros e maiores educadores dos indivíduos, visto que é no contexto familiar
que o sujeito se forma. Portanto, é importante que os pais/responsáveis
estimulem seus filhos a estudar, disciplinando-os. Pois,
As
escolas, normalmente, se preocupam muito mais em descobrir se o aluno teve 74,9
ou 75,7% de presenças ou se ‘já fechou’ (um dos absurdos da escola brasileira)
e não tem o menor interesse em desenvolver a inteligência das crianças e dos
jovens (PIAZZI, 2008, p. 129).
Partindo
desta realidade, é válido refletir sobre o que é possível fazer para que este
contexto se diferencie. Pais e/ou responsáveis e professores devem se preocupar
em ensinar as crianças e os jovens a estudar diariamente e não apenas para as
provas. A inteligência é adquirida no estudo diário. Mas, nossa cultura, a
maneira que somos ensinados, e o que ouvimos dos nossos pais em período de
prova é: “menino, vai estudar que a prova é amanhã!”; aí está a chave para a
primeira mudança no ensino e no aprendizado. Diante disso, Piazzi (2008)
sugere:
Se você
criar esse hábito (estudar pouco, mas TODO DIA), irá verificar, em pouco tempo,
que o que você estudou não fica retido apenas o tempo suficiente para, mal e
porcamente, descarregar num papel na hora da prova.
Você
vai perceber que as informações e as habilidades que adquiriu estudando nesse
ritmo irão ficar em sua mente PARA O RESTO DA VIDA! (PIAZZI, 2008, p. 46-47).
Piazzi (2008) propõe o estudo
diário para que o aprendizado aconteça. O autor explica que,
Se você
assistir à aula pela manhã, deverá estudar à tarde. (E não num outro dia!)
Se você
assistir à aula à tarde, deverá estudar à noite. (E não na manhã seguinte!)
Se você
assistir à aula à noite, deverá ir dormir uns 40 minutos mais tarde; mas, em
qualquer caso, não durma antes de estudar as aulas daquele dia (PIAZZI, 2008, p
45-46).
Ou
seja, se o aluno vai para a escola pela manhã, que à tarde (em casa, sozinho)
estude o conteúdo assistido na escola. Isso implica em resolver as atividades
propostas pelo professor também. Esta aula não pode ser deixada para o outro
dia, pois o cérebro tem seu processo natural de armazenagem durante a noite de
sono. Se o aluno aprende a ser estudante não precisa estudar para a prova, nem
realizar cursinho pré-vestibular, este estudante estará preparado para o
vestibular e todas as provas de seu nível escolar.
Assim, o cérebro
humano é comparado ao computador: “aprenda
a usar o melhor computador do mundo: SEU CEREBRO!” (PIAZZI, 2008, p. 23).
Piazzi (2008) nos ensina que nosso cérebro é capaz de armazenar muito mais do
que podemos imaginar, que é capaz de aprender, de ser mais inteligente, que
todo o desempenho depende de nosso esforço diário. Este progresso do cérebro
começa desde muito cedo, com nossos responsáveis nos ensinando a ser
inteligentes. Porém, quando não somos ensinados conforme nos é oportuno ser
inteligentes, quando crescemos temos a escolha de seguir o caminho que melhor
julgamos para nossa vida, ou seja, podemos escolher ser estudantes
(inteligentes).
O “sono não é a consequência de um corpo cansado. O
sono é causado pela necessidade de esvaziar a RAM. É o cérebro pedindo
“- Por favor, pare o carro que preciso trocar o pneu!” (PIAZZI, 2008, p. 37, grifos
do autor).
Isto é, precisamos estudar, mas respeitando o tempo que nosso cérebro suporta;
se extrapolar, não adianta, não aprendemos, ao contrário, só nos cansamos. Ou seja,
durante o sono da noite nosso cérebro processa o que estudamos durante o dia.
Ao
longo do estudo (diário) em casa, Piazzi (2008) sugere rabiscar, escrever,
desenhar, porém, cada estudante encontra sua melhor maneira de aprender.
Somente a leitura do assunto não é suficiente para internalizar o conteúdo. É
valioso entender essa realidade, assim podemos aprender a estudar. Aí entra o
papel do aluno e dos pais e/ou responsáveis. Os pais em disciplinar, cobrar do
filho o estudo diário; o aluno em entender o processo e valorizar o ser
estudante, não só ser aluno, pois mais que ser aluno, deve ser estudante.
Estudar duas horas por dia só nos faz mais inteligentes, mal nenhum pode nos
ocorrer, além de nos fazer donos de nossa história, nos tornando sujeitos críticos
para o mundo que habitamos.
Logo, o estudante
precisa ser pesquisador, e o estudo solitário e diário propicia isso, pois
nesse instante o estudante estará atento a cada movimento que ele realiza em
seus exercícios, refletindo cada passo, realizando anotações das dúvidas para
tirar, possivelmente, com o professor. “Lembre-se:
ninguém aprende coisa alguma se não for autodidata, ou seja, professor
de si mesmo” (PIAZZI, 2008, p. 64, grifos do autor); o
estudante torna-se o seu melhor professor.
Aí
mora o segredo para o aluno[1] aprender ser estudante[2], entender que precisa
estudar todos os dias, sozinho e com papel e caneta e/ou lápis. Então o papel
do professor é explicar, ou seja, na escola o aluno assiste às aulas, atento às
explicações do professor, realizando anotações, se possível, para no ato do
estudo, aprender o que o professor explicou na aula. Mas é válido ressaltar que
o professor precisa saber explicar, pois muitos dominam o conteúdo, mas têm
dificuldades de transmitir o que sabe e esse é um problema que pode prejudicar
consideravelmente o aluno. Também é importante observar que cada explicação é,
digamos, individual, cada aluno entende o assunto de uma maneira, pois o
aprendizado é único, então a explicação do professor precisa ser de diversas
maneiras (não somente expositiva) para que assim alcance o maior número de
alunos da classe.
É
importante destacar que muitos alunos tem o hábito de estudar escutando música,
Piazzi (2008) diz que pode estudar assim, desde que você não compreenda a letra
da música tocada, pois o lado do cérebro usado na hora do estudo é o esquerdo e
o lado que escuta a música é o direito, porém se você ouve a música com a letra
que você entende, o lado esquerdo é interferido, isto é, as letras do estudo se
misturam com as letras da música, implicando no não aprendizado do assunto
estudado. Portanto, escute música, mas diferente de sua língua compreendida.
Mas meu pai, minha mãe, meus professores dizem o tempo todo que devo
estudar mais!
Exatamente!
Esse é um dos motivos pelo qual o sistema educacional do Brasil é um dos piores
do mundo!
Estudo não
é questão de quantidade, mas de qualidade.
Você não
deve estudar mais, deve estudar melhor (PIAZZI, 2008, p. 42, grifos do autor).
Logo, precisamos aprender a
estudar, a ser estudantes, pois alunos já o somos na sala de aula. Os sujeitos
brasileiros vão para a escola em um turno, assistem as aulas (quando assistem),
e muitos, ou a maioria, não estuda sozinho em outro turno, estuda nas vésperas
da prova, ou quando precisa para realizar algum teste, exame. Para colaborar com
a melhora do sistema educacional, o professor também precisa se moldar;
reciclagem deve fazer parte de sua rotina, isto é, professor é um eterno
estudante/pesquisador, quanto mais pesquisa, mais amplia seu campo de visão,
com isso, poderá alcançar um número maior de alunos e com eficiência no ensino
e aprendizagem.
Saber
ser aluno e saber ser estudante não é tarefa difícil nem impossível, estão ao
nosso alcance. Nas aulas, estejamos atentos para entender o que é explicado e
em casa, sejamos estudantes para aprender o que nos é proposto e para fixar o
que foi estudado, nos disciplinemos para ter sempre uma boa noite de sono. Ser
aluno é importante, mas mais que isso, ser estudante é enriquecedor.
“A decisão do que vai para onde é tomada com base na
carga emocional, associada a cada fragmento de informação e não à carga
racional”
(PIAZZI, 2008, p. 39). Assim, a questão do ser professor chato, carrancudo
também interfere no aprendizado do aluno, além de fazer mal para o próprio
professor; ser simpático faz bem para si e para o outro. É possível ser
agradável, mesmo com alunos indisciplinados, pois professor é reflexo, é
espelho, se oferecemos um sorriso, um dia esse sorriso retorna, pode demorar,
mas um dia chega de alguma maneira, mesmo que por um gesto.
Os
equívocos existem, fato, mas é possível mudarmos essa realidade. Os alunos não
sabem se comportar, os pais precisam discipliná-los em casa. Os indivíduos leem
mais por obrigação, mas se faz essencial ler por vontade, visto que é a leitura
que nos leva para mundos desconhecidos e que fisicamente, de repente, não
podemos ir; a leitura ainda nos propicia maturação cognitiva e intelectual.
Precisamos aprender a ser estudantes; estudar todos os dias e para aprender,
não para a prova.
Dessa
forma, tomando esse tema: “aula dada, aula estudada, hoje!”, o objetivo deste
trabalho é refletir sobre a importância de ser um estudante e não mero aluno.
Como forma de alcançar esse objetivo será feita uma pesquisa de campo com 15
alunos do sexto ano do Ensino fundamental de uma escola pública no município de
Governador Valadares – MG.
2 DESINTERESSE DO ALUNO
A
educação passa por dificuldades, tanto pela falta de capacitação profissional,
pelo espaço físico inadequado ou até mesmo pela evasão dos alunos da escola.
Daremos um destaque maior na falta de interesse dos alunos pelas disciplinas e
atividades escolares.
O
processo de aprendizagem depende da razão que motiva a busca de conhecimento
(KUPFER, 1995, p. 79). Os discentes necessitam ser provocados para que sintam
vontade em aprender, e não os docentes derramarem sobre suas consciências
noções que não irão trazer interesses. A forma de ensinar o conteúdo da
disciplina pode favorecer um estrago grande se não for lançada da maneira
adequada, despertando no aluno o desinteresse em aprender, afastando-o do meio
escolar. Este desinteresse pelos estudos poderá refletir no futuro dos alunos.
Visto isso, é necessário conhecer os motivos de desinteresse.
2.1 Motivos de desinteresse
Precisamos
entender o porquê dos motivos de desinteresse em aprender os conteúdos
escolares. Como professores, conseguimos observar a falta de produção dentro de
sala de aula. São alunos que estão em um contexto diferente dos demais, que
estão assim, mas não são assim (ARROYO, 2004). Dessa forma, este estudo busca
compreender as possíveis causas de desinteresse pelos conteúdos escolares.
Um
dos motivos que levam os alunos a se desinteressarem pelas aulas é o clima ou
ambiente escolar. Arryo (2004) salienta que o bom funcionamento e a organização
da instituição tem uma porcentagem considerável no êxito de seus alunos. Um bom
ambiente escolar agrega muito na vida do indivíduo, resulta em valiosos fatores
em sua vida pessoal e estudantil.
Refletindo
nos motivos que levam os alunos a deixarem a escola ou deixar de estudar, não
podemos nos esquecer do contexto econômico e social. Vemos muitas crianças,
adolescentes e jovens nos sinais vendendo algo para ajudar os pais em casa. De
acordo com Batista (2005), as crianças têm abandonado as séries iniciais para
ajudar na renda familiar, principalmente nas regiões mais carentes do país.
Ou
seja, esse “fracasso ocorre devido à desigualdade social, o da injustiça, ou da
inclusão social”, (BATISTA, 2005, p. 46). Contudo, devido a estes grandes
problemas enfrentados por tais alunos, professores e demais profissionais da
educação são atingidos; são diversos fatores que prejudicam a educação, como
formação de professores, investimento em escolas, plano de carreira, dentre
outros. De acordo com Chalita (2001), “Lembrai-vos que a a finalidade da
educação é formar seres aptos para governar a si mesmo e não para ser
governados pelos outros” (CHALITA, 2001, p. 64).
Assim,
não podemos deixar para trás a família do estudante, é ela que ajuda construir
e formar o caráter do ser humano, ajuda na conscientização da vida e na
construção de compromisso e responsabilidades. Segundo Chalita (2001, p.21) “a
família é a célula da sociedade”. Dessa
forma, “pais autoritários, conflitos familiares, divórcios, fazem parte de um
extenso rol de causas que podem levar o aluno a se sentir rejeitado e começar a
se desinteressar pelo estudo” (XAVIER; QUADROS; CARDOSO, 2014, p. 16).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Como
forma de analisar qualitativamente os possíveis motivos de desinteresse pelos
estudos e investigar o slogam “aula dada, aula estudada, hoje!”, foi realizado
uma pesquisa com 15 alunos do sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola
pública no município de Governador Valadares - MG.
Para
realizar esta pesquisa foi utilizada 1 hora/aula e contamos com o apoio da
professora regente da classe para organizar o ambiente, introduzir a proposta e
responder, também, algumas questões sobre a temática.
O
questionário aplicado aos alunos possui 9 questões e os resultados e análises
podem ser vistos a seguir.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O
processo de ensino e aprendizagem sempre fez parte de maneira indireta ou
direta na convivência entre os humanos. No aspecto do processo no ambiente
acadêmico, a realização desta convivência vai depender de um bom entendimento e
uso de materiais didáticos por parte do docente.
O
termo “didática” refere-se à arte de ensinar, a ação pelo qual a experiência e
a cultura é passada pelo docente aos alunos nos ambientes escolares. Segundo
Silva e Borba (2011), didática é um conjunto de teorias e técnicas utilizadas
de acordo com a pesquisa, essa arte de ensinar influencia no aprendizado.
Dessa
forma, as questões 1, 2 e 3 do questionário, respondido pelos alunos,
referem-se ao processo de ensino, à didática do professor. A seguir, podemos
analisar os resultados dessa abordagem pelos Gráficos 1, 2 e 3.
Gráfico 1: Explicação do docente
Pelo
Gráfico 1, podemos perceber que 54% dos estudantes responderam que a forma com
que o professor ensina desperta interesse em aprender os conteúdos, porém 46%
não estão totalmente satisfeitos com a didática. Um dos motivos para isso, pode
ser, também, quanto ao conteúdo que está sendo estudado, ou afinidade com a
disciplina, ou abordagem do professor. A seguir, temos o Gráfico 2.
Gráfico 2: Entendendo a matéria
Piazzi (2015) ressalta que em sala
de aula devemos entender o conteúdo e em casa, criando os hábitos de estudos
diários, é que devemos aprender. Dessa forma, pelo Gráfico 2, Podemos perceber
que 93% dos alunos sempre entendem através da forma como o professor explica.
Comparando com o resultado do Gráfico 1, isso mostra que mesmo a grande maioria
dos alunos aprendendo a matéria, muitos deles não se sentem interessados. Logo,
o grande desafio é encontrar maneiras que motivem os alunos nesse processo de
aprendizagem. Além disso, temos 7% dos alunos que não conseguem aprender
através das explicações da docente em sala de aula. Isso reflete que, para
conseguir aprovação, esses alunos devem buscar outras maneiras de aprender, ou
seja, estudos extraclasse, conforme já reforçava Piazzi (2008). Dando seguimento, temos a seguir o Gráfico 3.
Gráfico 3: Aprendendo os conteúdos
O Gráfico 3 reflete que 62% dos
alunos conseguem aprender apenas com as explicações da professora, não
necessitando de estudos complemetares, mesmo esses sendo de grande importância.
Além disso, 38% dos estudantes necessitam de um apoio externo. Considerando
esse resultado com o resultado descrito no Gráfico 2, podemos perceber que
mesmo grande parte dos alunos compreenderem a matéria pela forma com que a
professora explica, alguns deles ainda necessitam de recursos externos para
compreenderem todos os detalhes. Desse modo, a professora regente da turma
também relatou que a grande maioria dos alunos demonstram facilidade quanto aos
conteúdos e procura sempre mudar as metodologias de ensino quando percebe essa
dificuldade dos discentes.
Neste universo de trocas de experiências
adquiridas e variedades de cultura, o docente e seus materiais didáticos têm um
destaque para o aprendizado do aluno. Para Candau (1991), o docente é um indivíduo
entrelaçado em sua atividade prática e transformadora. Como membro que faz parte desse processo de
ensino, o docente se esforça na ação da sua prática, gera situações de
realização de suas atividades, seja individual ou coletivas.
Dando
continuidade à análise dos dados, a questão 4 do questionário é sobre a
dinâmica de estudos dos alunos. A seguir, podemos analisar os questionamentos
através dos Gráfico 4.
Gráfico 4: Estudos em grupo
Pelo Gráfico 4
podemos perceber que 15% dos alunos nunca preferem estudar em grupo, 30%
preferem estudar em grupo apenas em determinadas situações e 55% dos alunos
preferem sempre estudar em grupo. Com isso, podemos concluir que 15% dos alunos
preferem realizar os estudos de maneira individual. Conforme dito antes, Piazzi
(2008) relaciona a importância dos estudos diários individuais, como forma de
fixar os conteúdos apresentados em sala de aula; logo, essa prática mostra-se
de grande importância na vida dos alunos.
Entretando,
segundo Vigotsky (1988), o docente deve ser um agente mediador do processo de
ensino, propondo desafios e auxiliando os alunos na solução dos mesmos,
oferecendo práticas em grupo, em que os alunos que tiverem maior facilidade
ajudem aqueles com maiores dificuldades. Essas atividades em sala de aula são
de grande importância para os alunos, pois coloca em vigor um elo de ligação e
de atitudes que contribui com a criação do conhecimento. O docente é
coparticipante dessa sequência do conhecimento, que deve possuir ações como
mediar, contribuir e orientar. Conforme Masetto (2003),
É importante que o
professor desenvolva uma atitude de parceria e corresponsabilidade com os
alunos, que planejam o curso junto, usando técnicas em sala de aula que
facilitem a participação e consideração os alunos como adultos que podem se
corresponsabilizar por seu período de formação profissional (MASETTO, 2003, p.
22).
Os
docentes são como profissionais em suas áreas específicas em diversas áreas do
conhecimento e zelam para seu conteúdo seja aprendido pelos alunos. “A sua arte
é a arte da exposição” (LEGRAND, 1976, p. 63).
Dessa forma, desenvolve a função como facilitador, mediador do ensino e
aprendizagem. Assim, a função predominante do docente deixa de ser o de
ensinar, e sim, o de auxiliar o aluno a aprender e buscar conhecimento.
Mas há professores que veem os alunos como os principais
agentes do processo educativos. Preocupam-se em identificar suas aptidões,
necessidade e interesses com vistas a auxiliá-los na coleta das informações de
que necessitam no desenvolvimento de novas habilidades, na modificação de
atitudes e comportamentos e na busca de novos significado nas pessoas, nas
coisas e nos fatos. Suas atividades estão centrada nas figura do aluno, sem
suas aptidões, capacidades, expectativas, interesses, possibilidades,
oportunidades e condições para aprender (SILVA; BORBA, 2011, p. 9)
Nesse
sentido, as questões 5, 6 e 7 do questionário referem-se aos estudos
extraclasse dos alunos. A seguir, os resultados podem ser observados pelos
Gráficos 5, 6 e 7.
Gráfico
5: Estudos extraclasse
Pelo
Gráfico 5, podemos perceber que 38% dos estudantes não possuem hábitos de
estudos extraclasse frequentes. De acordo com Piazzi (2008), isso faz com que
as informações entendidas em sala de aula sejam perdidas na memória de curto
prazo e diminui a chance dos alunos lembrarem dos detalhes ensinados pelo
professor. Piazzi (2015) sugere que estudos diários extraclasse é a maneira
mais eficiente de driblar o esquecimento. Além disso, podemos ver que 38% dos
alunos possuem hábitos de estudos extraclasse e 24% estudam, fora da sala de
aula, às vezes. A professora regente da turma relatou que a maioria dos alunos
realizam as lições em sala e extraclasse. A seguir, o Gráfico 6 traz mais
informações sobre os estudos extraclasse desses estudantes.
Gráfico 6: Entendendo os conteúdos em
casa
Pelo Gráfico 6, podemos ver que 63%
dos estudantes sempre buscam sanar suas dúvidas em relação ao conteúdo, através
de estudos extraclasse. Entretanto, 30% dos estudantes buscam sanar suas
dúvidas apenas em algumas situações e 7% dos alunos que possuem dúvidas quanto
ao conteúdo nunca buscam pesquisar a respeito (em casa). A seguir, o Gráfico 7
mostra a relação de alunos que estudam para as provas.
Gráfico 7: Estudos para provas
De
acordo com Piazzi (2015, p. 51) “O truque não é estudar para passar, mas
estudar para aprender. Estudar para aprender significa estudar POUCO, mas todo
dia!”. Assim, percebemos, pelo Gráfico 7, que 7% dos alunos nunca estudam para
as provas. Entretanto 55% sempre estudam para as provas e 38% estudam às vezes.
Relacionando os resultados do Gráfico 7 com o Gráfico 5, percebemos que cerca
de 17% dos alunos que não possuem hábitos de estudos extraclasse, estudam
somente para as provas. Isso reflete as ideias inicias sobre o meio cultural em
que estamos inseridos, de muitas vezes pensarmos em estudar apenas para as
avaliações e esquercermos que a avaliação é um processo contínuo; logo, o ato
de estudar deve ser diário.
Percebe-se
(e não é difícil notar) que o processo contínuo do ensino transforma-se mais
preciso quando os alunos participam da aula. As aulas tornam-se contagiantes e
motivadoras quando os alunos interagem através de perguntas e que eles mesmos
tentam responder. Uma resposta que gera outra pergunta, que cria informação
adicional para determinado estudante. Becker (2001), fortalece a ideia que a
educação é um processo contínuo que constrói conhecimento, que se completa com
docentes e alunos, acontecimentos sociais do cotidiano e o conhecimento interno
já criado.
Dessa
forma, podemos encontrar alunos que possuem interesse em estudar e aprender a
cada dia mais. Nesse sentido, as questões 8 e 9 do questionário respondido
pelos alunos estão relacionadas com a disposição dos discentes pelos estudos. A
seguir, podemos analisar essas questões através dos Gráficos 8 e 9.
Gráfico 8: Interesse em aprender
Pelo Gráfico 8 podemos ver que 1%
dos alunos não possuem interesse em aprender. Isso pode ser explicado pelo fato
de alguns alunos terem aversão à escola, ou não gostarem das disciplinas
curriculares. Vemos também que 61% sempre possuem interesse em aprender e 38%
dos alunos possuem esse interesse às vezes. O Gráfico 9, a seguir, mostra os
resultados dos alunos que gostam, ou não, de estudar.
Gráfico 9: Gosto em estudar
Pelo Gráfico 9 podemos ver que 46%
dos alunos disseram que, de fato, sempre gostam de estudar, em contrapartida,
46% disseram que gostam de estudar, às vezes; e 8% dos alunos não gostam de
estudar. Relacionando esses resultados com os apresentados no Gráfico 8,
podemos refletir que 15% dos alunos sempre tem interesse em aprender, porém não
gostam de estudar sempre. Isso reflete o que diz Piazzi (2015, p. 28) “O Brasil
tem milhões de alunos e pouquíssimos estudantes”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Respeitar
o processo natural do cérebro é colaborar para que o aprendizado aconteça, ou
seja, ir para a aula e assistir com atenção a explicação do professor, sendo
bom aluno; bem como, estudar em casa e/ou na escola (qualquer lugar propício)
sozinho e ter uma boa noite de sono é fundamental para que o aprendizagem
ocorra.
Estudar
é essencial para a vida cognitiva e intelectual do sujeito, portanto,
aprendamos a estudar. Isso não é tarefa difícil, apenas nos pede disciplina,
isto é, ser aluno e ser estudante no momento certo.
Lembramos
que esta pesquisa foi realizada com alunos do sexto ano do Ensino Fundamental.
Esses alunos estão na faixa etária de 11 anos, logo, é mais comum a cobrança
dos pais quanto à realização das tarefas escolares.
Consideramos
que por meio do uso de metodologias de ensino e aprendizagem, juntamente
coligados à prática pedagógica, que por sua vez mais pensativas, críticas e com
grande responsabilidade, será possibilitado um sistema de ensino que ofereça a
autonomia, que promova o diálogo e as resoluções de problemas enfrentados.
Portanto,
diante da relevância desse tema sobre lição dada é lição estudada, os
conhecimentos aqui apurados, possam servir e auxiliar os docentes em um melhor
desempenho em suas aulas no ambiente escolar; assim como, alertar aos alunos de
sua missão enquanto estudantes.
REFERÊNCIAS
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Quebradas: trajetória e tempos e
mestres. Petrópolis: Vozes, 2004.
BATISTA, A. A. G. Coleção Instrumentos da Alfabetização.
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Ceale/FAE/UFMG, 2005.
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CANDAU, M. V. A didática em questão. 9 Ed.
Petrópolis, Editora Vozes, 1991.
CHALITA, G. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
KUPFER, M. C. Freud
e a Educação: O mestre do Impossível. São Paulo: Scipione, 1995.
LEGRAND, L. A didática da reforma: um método ativo
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MASETTO, M. Competências pedagógicas do professor
universitário. São Paulo: Summus, 2003.
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instruções do cérebro para os alunos em geral. 2 Ed. São Paulo: Aleph, 2008.
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em concursos: manual de instruções do cérebro para concurseiros e
vestibulandos. 2 Ed. São Paulo: Aleph, 2015.
SILVA, R. N.; BORBA.
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VIGOTSKY, L. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.
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QUADROS, E. X.; CARDOSO, E. E. S. Causas
e Consequências do Fracasso escolar: no início da escolaridade. Web
artigos, v.online, 2014.
[1] Aluno –
designamos como o sujeito que estuda apenas na sala de aula, ou apenas assiste
às aulas ministradas pelo professor; ou ainda, aquele que estuda apenas nas
vésperas das provas.