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Gislene de Jesus Costa Batista
Bacharel em Turismo pela Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. gislene.costa@ufvjm.edu.br
Wellington Marçal de Carvalho
Bibliotecário coordenador da Biblioteca
da Escola de Veterinária da UFMG. Doutor em Letras 'Literaturas de Língua
Portuguesa' pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais.
Resumo: Este estudo teve como ponto de partida
diagnosticar o nível de proficiência em língua inglesa de estudantes de
graduação e pós-graduação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (UFVJM), Minas Gerais, Brasil. O diagnóstico consiste no elemento
norteador para a elaboração do relatório técnico sobre o impacto da
proficiência em língua estrangeira sobre o processo de internacionalização do
ensino superior. Este relatório fará uso de duas fontes de pesquisa, primeiro a
base de dados do Programa Idiomas sem Fronteiras, responsável pelo
monitoramento do teste de proficiência em inglês TOEFL ITP, e segundo o
mapeamento dos programas de pós-graduação institucional junto à Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação da UFVJM. A primeira etapa de análise dos dados
permitirá avaliar a média do nível de proficiência em língua inglesa dos
estudantes que realizaram o teste no período de 2013 a 2019, e a segunda
análise permitirá dizer a funcionalidade do resultado do TOEFL ITP para
comprovação da proficiência em língua estrangeira para as áreas de pesquisa e
mobilidade acadêmica internacional. O relatório técnico será utilizado para
nortear as ações promovidas pelo Programa Idiomas sem Fronteiras na UFVJM com
relação ao monitoramento da proficiência em língua estrangeira para fins
acadêmicos, e a inserção do TOEFL ITP nos programas de pós-graduação
institucional. O resultado obtido através deste estudo evidenciará a
necessidade de ampliação da oferta de cursos de idiomas e o aprimoramento da
proficiência linguística dos estudantes de graduação e pós-graduação.
Considerando o caráter hegemônico da língua inglesa no cenário global, será
possível mensurar o impacto da proficiência em língua estrangeira sobre o
processo de internacionalização da UFVJM.
Palavras-chave: Internacionalização. Proficiência em Línguas. Ensino Superior.
Abstract: This study had as its starting point
to diagnose the level of English Language proficiency of undergraduate and
postgraduate students of the Federal University of Jequitinhonha and Mucuri
Valleys (UFVJM), Brazil, Minas Gerais. This diagnosis is the guiding element to
build a technical report about the impact of foreign language proficiency on
the internationalization of higher education. This report will use two research
sources, one is database of the Languages Without Borders Program that monitors
the English proficiency test TOEFL ITP, and the other is mapping of
institutional postgraduate programs through the Research and Post-Graduation
Board of UFVJM. The first stage of data analysis will demonstrate the average
level of English language proficiency of the students who took the test from
2013 to 2019, and the second analysis will show the availability of the TOEFL
ITP as a proof of language proficiency for research and international academic
mobility. The technical report will guide the actions promoted by the Languages
Without Borders Program at UFVJM regarding the monitoring of foreign language
proficiency for academic purposes, and the inclusion of TOEFL ITP in
institutional postgraduate programs. The result of this study will highlight
the need to expand the demand of language courses and improve the language
proficiency of undergraduate and graduate students. Considering the hegemonic
character of the English language in the global world, it will be possible to
measure the impact of foreign language proficiency on the internationalization
process of UFVJM.
Keywords: Internationalization. Language
Proficiency. Higher Education.
1.1. Apresentação
O Programa Ciências sem Fronteiras
(CsF) criado em 2011, focado na promoção de intercâmbio e de mobilidade
internacional para estudantes de graduação e pós-graduação, propiciou o
intercâmbio internacional dos estudantes do ensino superior brasileiro e criou
oportunidades de tornar esses estudantes proficientes em outras línguas.
Contudo, o Ministério da Educação (MEC), idealizador da iniciativa, percebeu
que muitos contemplados pelo CsF não tinham um bom aproveitamento dos conteúdos
oferecidos pelas universidades estrangeiras de destino porque não dominavam
outro idioma.
Desse modo, a implementação do Programa CsF
deixou evidente o despreparo dos intercambistas brasileiros em relação ao
domínio de uma segunda língua. Surgiu então, a necessidade de se criar um programa
voltado para o ensino de línguas estrangeiras para fins acadêmicos. A partir de
um diagnóstico das barreiras encontradas pelo Programa CsF com relação à
proficiência em língua estrangeira dos estudantes da educação superior no
Brasil, o Ministério da Educação lançou, no ano de 2012, o programa Inglês sem
Fronteiras (IsF). Esse Programa foi criado com o propósito de apoiar as
universidades federais no desenvolvimento linguístico dos seus alunos, através
de uma política de incentivo à internacionalização do ensino superior.
A proposta do Programa IsF oferece
diversos tipos modalidades de aprendizagem da língua inglesa nas universidades
públicas brasileiras, presencial, a distância e um módulo para diagnosticar o
nível de proficiência em língua inglesa dos alunos da educação superior. Esse
último módulo permite que as universidades credenciadas ao Programa
identifiquem o nível de proficiência no idioma da comunidade acadêmica, em
especial dos graduandos e pós-graduandos. Para a execução dessas ações de
ensino de Inglês, o Programa IsF instituiu em todas as Instituições de Ensino
Superior (IES) espalhadas pelo Brasil os Centros Aplicadores (CA) para
aplicação de teste de proficiência em língua inglesa - TOEFL/ITP (Test of
English as a Foreign Language – Institutional Testing Program).
O TOEFL ITP é aplicado com a
finalidade de nivelar e diagnosticar a proficiência em Inglês dos estudantes
das universidades públicas brasileiras. O TOEFL ITP é aceito por universidades
em várias partes do mundo, além de ser utilizado por escolas de
idiomas e programas de internacionalização educacional. O teste, por seu perfil
acadêmico, pode ser utilizado por alunos que queiram monitorar sua evolução no
idioma e principalmente para quem participará de programas de intercâmbio
acadêmico.
O desenvolvimento metodológico deste
trabalho está apoiado em evidências de que o baixo nível de proficiência em um
segundo idioma é um fator limitante para a internacionalização de uma
Instituição de Ensino Superior. Nesse sentido, a proposta de diagnóstico tem
como foco evidenciar que a proficiência em um segundo idioma no ambiente
acadêmico, em especial o Inglês, pode impossibilitar ou impulsionar a
internacionalização de uma instituição que visa expandir seus horizontes em
nível mundial.
Em
1953, foi fundada a Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina (FAFEOD).
Tornou-se a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em
2005 e iniciou a sua expansão.
Figura 1 – Mapa de Minas Gerais com destaque no Vale do Jequitinhonha (em vermelho)
Fonte: google
O
Vale do Jequitinhonha é uma das doze mesorregiões do estado de Minas Gerais,
situado ao norte (Figura 1). O Vale é amplamente conhecido, por um lado, em
razão dos seus baixos indicadores sociais; por outro, por ser detentor de
exuberante beleza natural e de riqueza cultural e histórica invejável.
Atualmente
a UFVJM tem aproximadamente 9.500 alunos distribuídos em 80 programas de
graduação e pós-graduação espalhados por 11 escolas e institutos, que se
concentram nos principais campos de Ciências da Engenharia, Humanidades,
Agricultura e Saúde. A universidade possui duas fazendas experimentais, cinco
campi nas cidades de Diamantina, Teófilo Otoni, Janaúba e Unaí, localizadas no
norte, nordeste e noroeste do estado de Minas Gerais (Figura 2).
Figura 2 – Localização dos Campi da UFVJM
Fonte: google
A
Diretoria de Relações Internacionais tem como objetivos primordiais promover a
interação com organismos e instituições nacionais e internacionais, apoiar e
implementar acordos de cooperação técnica, científica e cultural, viabilizando
o intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores,
docentes e técnicos administrativos da UFVJM, e acolhendo alunos beneficiários
desses acordos. Compete à Diretoria propor políticas de internacionalização e a implantação de ações de internacionalização em
consonância com tais políticas, além de viabilizar e promover mecanismos de
cooperação internacional entre a UFVJM e instituições estrangeiras.
Organograma 1 – Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
A Diretoria é constituída por um
Diretor de Relações Internacionais, um Comitê de Orientação para
Mobilidade/Intercâmbio, um Comitê de Idiomas e uma Secretaria Executiva. O
quadro funcional da Diretoria é composto por um diretor de Relações
Internacionais, três servidores efetivos, um professor visitante estrangeiro de
Língua Inglesa, um leitor de Espanhol e estagiários de apoio administrativo,
conforme mostrado no organograma dois:
Organograma 2 – Diretoria de Relações
Internacionais
O programa Idiomas sem Fronteiras
foi implantado na UFVJM em 2013 e está institucionalmente vinculado à Diretoria
de Relações Internacionais, uma vez que, compete também à Diretoria apoiar o
ensino de idiomas na instituição. O Programa IsF tem como objetivo promover
ações em prol de uma política linguística para internacionalização do ensino
superior brasileiro.
Este estudo tem como proposta
diagnosticar o nível de proficiência em língua Inglesa dos estudantes de
graduação e pós-graduação da UFVJM, como fator que pode impossibilitar ou impulsionar
o processo de internacionalização da educação superior, por meio de um
diagnóstico.
Um dos temas em voga atualmente diz
respeito à internacionalização das universidades públicas federais como
estratégia de inserção das instituições de ensino superior (IES) no cenário
internacional. Em tempo de globalização e de internacionalização, a
proficiência em línguas estrangeiras, em particular o inglês, é um aspecto que
pode impulsionar ou atrasar a internacionalização das instituições de ensino superior
no Brasil.
O Programa Idiomas sem Fronteiras
(IsF), desenvolvido como uma política linguística voltada para a
internacionalização das universidades públicas brasileiras, foi criado com a
finalidade de promover o ensino gratuito de idiomas nas universidades. Nesse
contexto, este estudo tem como metodologia analisar os resultados do teste de
proficiência em Inglês TOEFL/ITP aplicado pelo Centro Aplicador do Programa IsF
na UFVJM. O teste possibilita que os estudantes de graduação e pós-graduação avaliem
o conhecimento no idioma, além de monitorar a proficiência linguística durante
a trajetória acadêmica.
O interesse em abordar o tema sobre
proficiência em língua estrangeira e a sua relação com a internacionalização,
tem ligação direta com minha experiência com as aplicações do TOEFL ITP na
UFVJM. A participação em eventos e debates que abordam a temática da
internacionalização também provocou questionamentos a respeito das ações
promovidas para o ensino de idiomas na UFVJM.
Em 2016, foi feita uma
entrevista de caráter investigativo com o Reitor e a Diretora de Relações
Internacionais sobre a internacionalização da UFVJM e o ensino de línguas
estrangeiras. As respostas obtidas reforçaram ainda mais a necessidade de
estudos e discussões sobre o impacto que a proficiência em língua estrangeira
tem sobre o processo de internacionalização da UFVJM.
Propor a mensuração do impacto da
proficiência em língua inglesa no processo de internacionalização da UFVJM
baseado nos resultados do teste TOEFL ITP.
•
Verificar o número de vagas ofertadas para a realização do
TOEFL ITP e o número de testes aplicados na UFVJM no período de 2013 a 2019;
•
Identificar o número de estudantes de graduação e pós-graduação
que já fizeram o teste;
•
Diagnosticar o nível de proficiência em língua inglesa dos
estudantes;
•
Mapear os programas de mestrado que utilizam o resultado do
TOEFL ITP para comprovação da proficiência em língua estrangeira;
•
Elaborar um relatório técnico sobre o impacto da proficiência
em língua inglesa no ambiente acadêmico sobre o processo de
internacionalização da UFVJM.
O conceito de “internacionalização”
provém da década de 1990; entretanto, anterior a
esse período, existia a tradição da prática e da pesquisa sobre a dimensão
internacional da educação superior, em geral relacionada ao termo “educação
internacional” ou termos que refletiam algum tipo de atividade internacional.
Basicamente, os termos tradicionais eram relacionados ou à mobilidade, tais
como estudar no exterior, intercâmbio, alunos internacionais, mobilidade
acadêmica, ou ao currículo, a exemplo de educação multicultural, estudos
internacionais, educação para a paz e áreas de estudos. Esses termos descreviam
um elemento concreto da educação internacional e, posteriormente,
internacionalização, e em muitos casos foram usados como sinônimo para o termo
geral.
Não se sabe precisar quando a
transição do termo “educação internacional” e “internacionalização da educação
superior” aconteceu. O uso do termo internacionalização em relação à educação
superior já era usado em publicações da década de 1970.
Porém, foi na década de 1990 que o termo “internacionalização” substitui o
termo “educação internacional”, descrevendo as
diferentes maneiras pelas quais as dimensões internacionais do ensino superior
vêm tomando forma.
Em boa parte da literatura sobre o
assunto, a internacionalização da educação superior passou a ser entendida como
um conceito amplo, abrangente, que envolve a cooperação internacional, mas se
refere também a mudanças que ocorrem dentro de uma determinada instituição. Uma
das definições mais amplamente aceitas da internacionalização da educação
superior a vê como um processo de introdução de uma dimensão internacional ou
intercultural em todos os aspectos da educação e da pesquisa (Knight e de Wit,
1997).
Conceitos encontrados em
bibliografias especializadas no assunto apresentam definições como educação
internacional, cooperação internacional, educação transnacional, educação
através das fronteiras e até mesmo educação sem fronteiras. Todos esses
conceitos representam os caminhos encontrados pelas instituições de educação
superior para desenvolver a mobilidade acadêmica, visando a internacionalização
através do intercâmbio científico e cultural.
No presente século, há um consenso
de que o processo de internacionalização assim como o de globalização estão se
acelerando em um ritmo sem precedentes, e que o seu impacto conjunto na
educação superior é alimentado por muitos fatores. Dentre eles, a integração
das Tecnologias de Informação e Comunicação aos processos de aprendizado,
ensino e pesquisa, as demandas de que as universidades devem preparar seus
graduandos para atuar em um contexto
internacional. A mobilidade cada vez mais fácil dos recursos humanos também
propiciam um mercado de trabalho internacional competitivo para os
trabalhadores científicos e acadêmicos.
Segundo declaração da UNESCO (1998),
a
expansão da dimensão internacional da educação superior é mais do que uma
opção, trata-se de uma responsabilidade de todas as instituições para todos os
programas. Rudzki (1998) se refere à internacionalização como:
Um
processo de mudanças organizacionais, de inovação curricular, de
desenvolvimento profissional do corpo acadêmico e da equipe administrativa, de
desenvolvimento da mobilidade acadêmica com a finalidade de buscar a excelência
na docência, na pesquisa e em outras atividades que são parte da função das
universidades. (Rudzki, 1998).
Hudzki (2011) também vai dizer que é
essencial que a internacionalização seja abraçada pelas lideranças
institucionais, gestores, professores, estudantes e todas as unidades de
serviço e suporte acadêmico. Ele acrescenta que a internacionalização é um
imperativo institucional, e não apenas uma possibilidade desejável. Desse modo,
a internacionalização transforma-se em missão da universidade quando esta é
capaz de a mobilizar, de uma forma intencional e consciente, e atingir metas
como maior dimensão às atividades de formação, pesquisa e inovação, além de
contribuir para a consolidação de espaços integrados do conhecimento no
ambiente acadêmico.
De acordo com Stalivviere (2004),
frente ao acelerado processo de internacionalização, especialmente nas últimas
duas décadas, mais efetivamente nos níveis científico e tecnológico, as
universidades buscam espaço diante desse novo panorama que se apresenta. Esse
processo passa a ser um meio de sobrevivência das universidades, ou seja, é
preciso internacionalizar para poder competir frente ao cenário nacional e
internacional. Teles (2005) acredita que, a internacionalização universitária
representa o despertar de uma consciência para um novo perfil profissional
necessário para atuar no mundo em rápida transformação, que lhe exige postura
crítica e desenvoltura internacional.
No que se refere ao acesso à
educação superior, as fronteiras não estão sendo abertas apenas nacionalmente.
O Programa Ciências sem Fronteiras (CsF) foi criado em 2011 com o objetivo de
consolidar a internacionalização por meio do intercâmbio e da mobilidade
internacional dos estudantes do ensino superior brasileiro. O Programa
propiciou às universidades condições para que estudantes pudessem ser expostos
a realidades culturais diferentes, além de criar oportunidades de se tornarem
proficientes em outros idiomas.
Com a implementação do Programa CsF,
a questão da proficiência em línguas estrangeiras emergiu e tornou-se ainda
mais evidente o baixo nível de proficiência em idiomas do alunado brasileiro. A
partir do diagnóstico das dificuldades enfrentadas pelo CsF com relação à
proficiência dos alunos, foi criado em 2012 o Programa Inglês sem Fronteiras
(IsF) com o propósito de apoiar as universidades federais no desenvolvimento
linguístico de seus alunos.
A rápida expansão da
internacionalização da educação superior no Brasil, ocorrida nos últimos anos,
tem resultado numa crescente busca pela aprendizagem de línguas em todo o país.
Provavelmente, o principal fruto dessa busca foi justamente o lançamento do
Programa Inglês sem Fronteiras (IsF), e posteriormente a sua ampliação como
Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF). Desde então, o IsF tem alcançado avanços
em relação ao ensino de línguas estrangeiras nas universidades públicas
brasileiras, proporcionado um terreno fértil para a formação inicial e
continuada de professores e alunos dos cursos de licenciaturas em línguas.
Diante da necessidade de implementação
do Programa IsF em relação ao quesito proficiência em inglês, o MEC implantou
nas IES cadastradas ao Programa os Núcleos de Línguas (NucLi). O NucLi visa
atender às necessidades da comunidade acadêmica com relação à língua inglesa
voltada à internacionalização através da oferta de cursos para fins acadêmicos
para uma experiência de intercâmbio.
O NucLi possibilita aos discentes e
servidores das IES a oportunidade de estudar e monitorar o aprendizado em
inglês por meio de ações específicas do Programa IsF. Essas ações compreendem a
aprendizagem do inglês através de uma plataforma de ensino a distância (My
English Online), cursos presenciais de inglês e a aplicação de teste
diagnóstico do nível de proficiência do inglês. Desde 2012, o IsF tem disponibilizado
através do Centros Aplicadores (CA) a aplicação do teste de proficiência em
inglês TOEFL ITP (Teste of English as a Foreign Language – Institutional
Testing Program), o que evidenciou a relevância do aprendizado do inglês no
ambiente acadêmico e propiciou a promoção da mobilidade acadêmica
internacional.
Pinheiro e Finardi (2014) ao analisarem as
políticas públicas de incentivo à internacionalização concretizadas nos
Programas Ciências sem Fronteiras e Idiomas sem Fronteiras, concordam que a
razão da baixa adesão dos brasileiros às bolsas ofertadas por programas de
mobilidade acadêmica internacional se deve, principalmente, à falta de
proficiência no inglês. Eles salientam que é necessário um maior investimento
em programas de mobilidade acadêmica que possam abranger alunos e professores
dos cursos de licenciatura em línguas estrangeiras, além de investimento na
docência para o ensino de inglês como língua internacional, desde a educação
básica à educação superior. Kramsch (2014) afirma que a proeminência do inglês
como língua internacional no atual cenário mundial parece não ter concorrência
com outros idiomas estrangeiros.
Nesse
sentido, a internacionalização destaca a importância do inglês no momento em
que se constitui em uma das metas das instituições de ensino superior no
Brasil. A realização do teste TOEFL ITP evidencia o caráter hegemônico da
língua inglesa no ambiente acadêmico, requisito primordial para a ascensão
educacional, profissional e econômica da educação superior. Sabendo, pois, que
a internacionalização das universidades brasileiras é um requisito para que
haja atualização em nível mundial, é necessário analisar o papel do inglês para
promoção da internacionalização.
3. Metodologia
O objeto de análise deste estudo diz
respeito aos resultados das aplicações do TOEFL ITP (Teste of English as a
Foreign Language – Institutional Testing Program) na UFVJM. O teste avalia
a competência linguística no idioma inglês, especificamente a habilidade de
usar e compreender a língua inglesa falada e escrita no contexto universitário.
Os candidatos são classificados em níveis de proficiência por meio dos
resultados, que são equacionados de acordo com o Quadro Europeu Comum de
Referência para as Línguas (QECR), também utilizado
em outros países para medir o nível de proficiência numa determinada língua. O
QECR estabelece uma escala de seis níveis de referência para a organização da
aprendizagem das línguas, agrupados em três blocos que representam os níveis
básico, intermédio e avançado, conforme mostrado na tabela abaixo:
Tabela
1: Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR)
Falante Básico A |
A1
(iniciante) |
A2
(básico) |
|
Falante Independente B |
B1
(intermediário) |
B2
(usuário independente) |
|
Proficiente C |
C1
(Proficiente) |
C2
(Domínio pleno) |
A coleta dos dados
acontecerá em duas etapas distintas: primeiro, com
o levantamento dos dados referentes às aplicações do TOEFL ITP na UFVJM e,
segundo, com o mapeamento dos programas de mestrado da UFVJM que utilizam o
resultado do TOEFL ITP para comprovação da proficiência em língua estrangeira.
A coleta dos dados tem uma abordagem do tipo quantitativa exploratória e fará
uso de duas fontes de pesquisa: na primeira etapa, os dados serão coletados
junto ao Centro Aplicador (CA) do Programa Idiomas sem Fronteiras na UFVJM e,
na segunda etapa, os dados serão coletados junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação (PRPPG) da UFVJM.
Na primeira
etapa, serão coletadas informações como: número de vagas ofertadas, testes
aplicados e os resultados obtidos nas aplicações do TOEFL ITP realizadas no
período de 2013 a 2019. Essas informações permitirão avaliar dois aspectos
importantes em relação às aplicações do TOEFL ITP, primeiro, verificar se a
oferta de vagas e testes aplicados corresponde à demanda existente na UFVJM, e
segundo, identificar a média geral do nível de proficiência em inglês dos
candidatos que realizaram o teste pelo menos uma vez.
Na segunda
etapa, o mapeamento dos programas de mestrado institucional que exigem a
proficiência em língua estrangeira permitirá avaliar a utilidade do TOEFL ITP
como instrumento de comprovação do nível de proficiência em inglês dos
pós-graduandos. O pressuposto que norteia essa pesquisa diz respeito à pouca
visibilidade do TOEFL ITP dentro da instituição e à falta de preparo dos
discentes dos programas de pós-graduação em relação a uma segunda língua.
Os dados
coletados nas duas etapas da pesquisa serão utilizados para a elaboração de um
relatório técnico sobre as aplicações do TOEFL ITP na UFVJM. Este relatório
permitirá avaliar a contribuição das aplicações do TOEFL ITP para a comunidade
acadêmica e para o processo de internacionalização da UFVJM. O objetivo deste
relatório é apresentar aos gestores institucionais e do Programa Idiomas sem
Fronteiras um panorama das aplicações do TOEFL ITP na UFVJM, a fim de nortear
ações específicas para atendimento da demanda institucional e o aprimoramento
da proficiência linguística da comunidade acadêmica engajada no processo de
internacionalização.
4. Considerações finais
Os resultados obtidos na primeira
etapa de coleta de informações junto ao Centro Aplicador do TOEFL ITP
permitirão avaliar dois aspectos importantes: a necessidade de ampliação da
oferta de vagas em relação à demanda institucional e o nível de proficiência
linguística da comunidade acadêmica. Em relação ao nível de proficiência, a
análise dos resultados obtidos nas aplicações do TOEFL ITP no período de 2013 a
2019 permitirá diagnosticar o nível de proficiência em inglês da comunidade
acadêmica. Na etapa de mapeamento dos programas de mestrado institucional, será
possível avaliar a funcionalidade do TOEFL ITP para comprovação de proficiência
em uma língua estrangeira.
O diagnóstico da proficiência em
língua inglesa do conjunto de estudantes da UFVJM será importante para nortear
as ações visando a ampliação das aplicações do TOEFL ITP e a oferta de cursos
para aprimoramento linguístico. Vale ressaltar que tais ações estão
condicionadas à implementação do Núcleo de Línguas no âmbito do Programa IsF como
instrumento institucional essencial para o ensino e aprimoramento de línguas
estrangeiras voltadas para a internacionalização.
Apesar de ações de
internacionalização estarem presentes na universidade, nem sempre elas fazem parte de um
planejamento estratégico institucional que leve em consideração a língua como
veículo pelo qual a internacionalização se processa. A área de línguas
necessita estar em pauta nas discussões sobre temas relacionados à proficiência
em língua estrangeira para atuar na perspectiva
de internacionalização do ensino superior.
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