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Jader Luís da Silveira
Graduado em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), Especialista em Gestão de
Instituições Federais de Educação Superior na Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Professor e Diretor do Grupo MultiAtual Educacional
Cynara Fiedler Bremer
Pós Doutora pela Universidad de Granada,
Espanha (2019). Pós Doutora pela Universität des Saarlandes, Alemanha (2015).
Doutora em Engenharia de Estruturas pela UFMG (2007). Mestre em Engenharia de
Estruturas pela UFMG (1999). Engenheira Civil pela UFMG (1996). Professora da
Universidade Federal de Minas Gerais
Nathan Peixoto Oliveira
Possui graduação em Engenharia de
Produção pela UFF - Universidade Federal Fluminense (2014), especialização em
Gestão de Projetos pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (2016),
mestrado (2017) e doutorado (2020) em Administração de Empresas pela Université
de Bordeaux (França). Doutorando CAPES no PPGEP - Programa de Pós-graduacão em
Engenharia de Produção (CAPES 5) pela UFSC - Universidade Federal de Santa
Catarina
Resumo: As Instituições Federais de Ensino Superior (IFES)
apresentam complexidade em sua estrutura por contemplarem simultaneamente
ensino, pesquisa e extensão. Com isso, os seus gestores enfrentam dificuldades
relacionadas às múltiplas tarefas, a conciliação com atividades profissionais
externas e à ausência de conhecimentos prévios da função. Entretanto, diante
dos desafios torna-se necessário conhecer quais competências e os principais
desafios dos gestores frente a esse cenário. O objetivo desse trabalho é
conhecer o perfil de gestores do Instituto Federal de Minas Gerais, IFMG Campus Arcos, buscando traçar as
principais dificuldades enfrentadas e as habilidades necessárias para o
exercício do cargo. Para atingir tal objetivo, será realizada uma abordagem
qualitativa de caráter descritivo-interpretativa com dados coletados em
entrevistas semiestruturadas com os gestores da IFES. Os resultados mostram que
a maioria dos servidores não possuem formação específica para o exercício do
cargo de gestão, com sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções. Conclui-se
que os desafios e as competências relatadas são ligadas a liderança, a
criatividade, curiosidade, comunicação, motivação e auto aprendizado, seguida
pela necessidade de colaboração, negociação e inovação.
Palavras-chave:
Gestão. Desafios. Competências. Instituição.
Abstract: The Federal Institutions of Higher Education
(IFES) present complexity in their structure as they simultaneously contemplate
teaching, research and extension. Thus, their managers face difficulties
related to multiple tasks, conciliation with external professional activities
and the lack of prior knowledge of the function. However, in the face of
challenges, it is necessary to know which competencies and the main challenges
face the managers in this scenario. The objective of this work is to know the
profile of managers of the Federal Institute of Minas Gerais, IFMG Campus
Arcos, seeking to outline the main difficulties faced and the skills needed to
perform the position. To achieve this goal, a qualitative
descriptive-interpretative approach was performed with data collected in
semi-structured interviews with IFES managers. The results show that most
servers do not have specific training for the management position, with work
overload and accumulation of duties. We could conclude that the challenges and
competencies reported are linked to leadership, creativity, curiosity,
communication, motivation and self-learning, followed by the need for
collaboration, negotiation and innovation.
Keywords: Management. Challenges. Skills. Institution.
1 Introdução
As
Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) são vistas por Santos e
Bronnemann (2013, p. 3), como “complexas e diferentes de outros tipos de
organizações em virtude de sua estrutura, sua organização e seus objetivos
serem diferenciados”. Essas instituições possuem como suas atividades básicas,
o ensino, a pesquisa e a extensão, que por sua vez, necessitam de dirigentes
para cada divisão, tais como diretorias, subdiretorias, departamentos,
faculdades, escolas, setores, entre outros. Nesse sentido, os professores
passam a desenvolver um perfil multitarefa, além da docência e pesquisa.
Conforme
Barbosa e Mendonça (2016), as funções ocupadas pelos professores no ensino
superior estão passando por revisões e mudanças a cada dia. Os professores
devem estar preparados para a docência, pesquisa e gestão. Entretanto,
trabalhos apontam que os professores que assumem a gestão são inexperientes,
não possuem capacitação e conhecimentos exigidos pelo cargo (MEYER JÚNIOR,
1991).
O
objetivo geral dessa pesquisa é conhecer os desafios enfrentados e as
competências gerencias exigidas para a função de professores-gestores de IFES.
Espera-se também, descobrir a importância da capacitação e formação desses
gestores para a melhoria da gestão da IFES, à luz dos modelos de Barbosa e
Mendonça (2016) e Santos e Bronnemann (2013).
Os
gestores da IFES pesquisada possui uma sobrecarga de trabalho e acúmulo de
funções, além da maioria não possuir uma formação específica para o exercício
do cargo de gestão. Com isso, percebe-se que as dificuldades enfrentadas por
tais servidores são relacionadas a informação, comunicação, burocracia, e
excesso de reuniões. Esses cargos exigem competências ligadas a liderança e
relações interpessoais no ambiente de trabalho.
Este
trabalho está estruturado em outras 4 seções. Na seção 2 é apresentado o
Referencial Teórico, seguida pela apresentada a metodologia utilizada na seção
3. Na seção 4 são realizadas análises e discussões relacionados aos resultados
obtidos. Finalmente na seção 5, apresentam-se as conclusões e as perspectivas
da continuidade desse trabalho.
2 Referencial teórico
2.1 A complexidade das IFES
As
Instituições Federais de Ensino Superior, como destaca Reis e Bandos (2012) são
organizações complexas, que executam tarefas múltiplas (ensino, pesquisa e
extensão) em um mesmo ambiente. Essas organizações são marcadas pela
multiplicidade de atividades desenvolvidas, que dependem de capacidade de
gestão, política e de liderança dos seus dirigentes.
Além disso, apresentam
diversidade pessoal atuante, como os seus servidores, docentes, discentes e ao
seu papel na sociedade. Juntamente com toda essa heterogeneidade, as IFES ainda
enfrentam vários desafios como aspectos ligados ao orçamento, luta pela sua
autonomia universitária, desvalorização por parte dos governos, exigências
legais e normas de entidades reguladoras (SOARES, 2013).
A eficácia dos serviços
prestados pela universidade ocorre quando seus dirigentes têm habilidades
gerenciais para lidar com diferentes situações frente ao cenário atual.
Contudo, conforme Mastella e Reis (2008), é muito comum que os docentes que
assumem cargos de diretores de unidades acadêmicas, departamentos de pró-reitoria
ou ainda a reitoria, não possuam os conhecimentos condizentes ao cargo. Esse fato
ocorre pois, na maioria dos casos os docentes são especialistas nas suas
respectivas áreas de atuação e docência, que muitas vezes não são
necessariamente ligadas à administração.
2.2 Os docentes no cargo de gestão das
IFES
Ao
assumirem um cargo de gestão, os professores das IFES acabam acumulando a essa
nova função, várias outras atividades que já exercem, tais como as ligadas à
docência, pesquisa e extensão. Além disso, outro problema enfrentado pelo
professor-gestor reside nas atividades exercidas para fins profissionais,
externos à IFES em exercício, que também precisa conciliar com a docência em
outra instituição de ensino, consultorias, pesquisas, entre outros (MEYER
JÚNIOR, 1991).
Almeida
e Binotto (2016) também identificaram esse problema enfrentado pelos gestores
universitários que normalmente não possuem, antes de assumirem o cargo,
conhecimento gerencial, de liderança e de gestão de pessoas, o que pode
acarretar diferentes dificuldades, apontando também como causa, a necessidade
de conciliação de múltiplas atividades (MARRA; MELLO, 2003). Entretanto,
Barbosa, Mendonça e Cassundé (2016) demonstram a importância do docente
desenvolver competências gerenciais, além das exigidas para o cargo de
professor do magistério superior, como parte de sua formação.
Normalmente
esses gestores são indicados ou eleitos para assumir a gestão durante um
determinado período, remetendo a outro tipo de problema. Ao tomar posse desses
cargos, Tosta (2011) destaca o desafio enfrentado pelos gestores relacionado à insuficiência
de conhecimento de dados e informações anteriores à gestão a ser assumida por
este. Além disso, outras dificuldades também merecem ser lembradas como a
tomada de decisões em relação aos recursos financeiros e de pessoal, além do
tempo exigido para o cargo no âmbito da Instituição e fora dela.
No
cotidiano de suas atividades e durante o atendimento na função de gestor, esse
professor ainda precisa manter a comunicação com seus pares, outros dirigentes,
subordinados, alunos e a comunidade acadêmica. Conforme relata Marchioro e
Simon (2017), ele é constantemente avaliado de acordo com suas atividades e
tomadas de decisões frente à própria comunidade e funcionários, que por sua
vez, esperam uma postura de liderança e representatividade e que atendam
demandas e necessidades dos mais diversos setores da Universidade, necessitando
assim conhecimentos das relações interpessoais no ambiente de trabalho e
conhecimentos sobre mediação de conflitos.
Tosta
(2011) descreve a importância das IFES se voltarem para o desenvolvimento de
uma cultura focada na captação, absorção, disseminação e utilização do
conhecimento. Esse conhecimento pode ser desenvolvido de formas diferentes,
como entre os próprios gestores e também pela própria IFES ao oferecer
capacitação para os envolvidos.
O
principal problema enfrentado concerne à formação dos gestores e, assim como
Soares (2013, p. 86) relata, também à “inexistência de um planejamento estratégico
(ou gestão estratégica) que viabilize um posicionamento efetivo em função da
grande concorrência existente no segmento”. Dessa forma, IFES de diferentes
padrões e perfis devem buscar estratégias para que a gestão universitária seja
exercida de forma positiva e com ganhos para o desenvolvimento da instituição e
sua comunidade.
3 Estudo de Caso
O Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) é uma instituição que oferece
educação superior, básica e profissional, de forma pluricurricular. É uma
instituição multicampus,
especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes
modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e
tecnológicos às suas práticas pedagógicas. Sua reitoria está instalada em Belo
Horizonte e possui dezoito campi
(IFMG, 2019). Segundo o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o IFMG:
[...] foi
criado pela Lei nº 11.892, sancionada em 29 de dezembro de 2008, é uma
autarquia formada pela incorporação da Escola Agrotécnica Federal de São João
Evangelista, dos Centros Federais de Educação Tecnológica de Bambuí e de Ouro
Preto e suas respectivas Unidades de Ensino Descentralizadas de Formiga e
Congonhas (IFMG, 2014, p.19).
A
estrutura organizacional da instituição é constituída, segundo o seu PDI:
[...] pelos
seus órgãos colegiados (Conselho Superior e Colégio de Dirigentes); Reitoria
(Gabinete, Pró-Reitorias, Diretorias Sistêmicas, Auditoria Interna,
Ouvidoria-Geral, Procuradoria Federal, Assessoria de Relações Internacionais) e
Diretorias dos Câmpus. Por ser uma instituição multicâmpus e descentralizada, a
administração dos câmpus é feita por diretores-gerais nomeados de acordo com o
que determina o art. 13 da Lei nº 11.892/2008, tendo seu funcionamento e
estrutura organizacional, de acordo com suas particularidades, definidos em
Regimento Interno aprovado pelo Conselho Superior e publicado no Diário Oficial
da União (IFMG, 2014, p.31).
A
estrutura do IFMG comporta os Campi,
que são situados em municípios do interior do estado de Minas Gerais com maior
autonomia e independência e, os Campi
Avançados que são uma “extensão de um campus
que já existe, com possibilidade de oferecer os mesmos ou novos cursos em uma
outra região. A tendência é que este núcleo avançado se transforme em uma nova
unidade” (IFBAIANO, 2019). Normalmente, o campus
avançado oferece uma quantidade menor de cursos e opera com um quantitativo de
servidores em número reduzido, com é o caso do IFMG Campus Avançado Arcos.
O
IFMG Campus Avançado Arcos foi
inaugurado no dia 05 de maio de 2016 e conta com 28 salas de aula convencionais
e oito ambientes para laboratório, operando em espaço cedido pela prefeitura. A
IFES funciona lado a lado com a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e visa
complementar as opções educacionais oferecidas na região, investindo em áreas da
mecânica, além do foco em cursos técnicos e educação a distância.
A
unidade possui o curso técnico em mecânica e a graduação em engenharia
mecânica, com duzentos alunos matriculados, e na educação a distância, a
pós-graduação lato sensu em docência
na educação básica, com 380 alunos e o curso de formação profissional em
estratégias de ensino e aprendizagem, somando 1300 alunos. O IFMG Campus Arcos possui onze professores e nove
técnicos administrativos em educação, totalizando vinte servidores, operando
assim com a quantidade máxima de servidores permitida para o modelo de campus avançado.
O
Diretor Pro Tempore juntamente com o
Conselho Acadêmico e a Comissão Própria de Avaliação constituem a equipe
gestora do campus. A Chefia de
Gabinete constitui um anexo a Direção Pro
Tempore. Subordinados à diretoria geral constam os setores de Comunicação;
de Eventos; Gestão de Pessoas; Setor de Tecnologia da Informação; Direção de
Ensino; Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais;
Comissão de Vestibular e Exame de Seleção e a Coordenação de Administração e
Planejamento. As Coordenações de Cursos (graduação em engenharia e pós
graduação em docência) e do Comitê de Educação à Distância (CEAD) são
vinculadas à Direção de Ensino. Com exceção do Conselho Acadêmico e a Comissão
Própria de Avaliação que são órgãos de deliberação, os demais constituem treze
órgãos de gestão (IFMG, 2019). A figura 1 ilustra o organograma da estrutura
administrativa do campus.
Figura
1 – Organograma da estrutura universitária do IFMG Campus Avançado Arcos.
Para
traçar os perfis dos gestores do campus,
foram analisados documentos relacionados a organização dos processos de
trabalho, como Plano de Desenvolvimento Institucional, Plano de Desenvolvimento
das Unidades Acadêmicas, Avaliações Institucionais, dentre outros. Espera-se
com isso, compreender os conhecimentos, as avaliações, tempo necessário,
comprometimentos dos subordinados, burocracia e ética que, normalmente são
ligados a atividade gestora.
O
estudo foi realizado por meio de uma abordagem qualitativa de caráter
descritivo-interpretativa e os dados foram coletados por meio de entrevistas
semiestruturadas com professores-gestores do IFMG Campus Avançado Arcos.
A
pesquisa foi baseada em Santos e Bronnemann (2013), na qual optou-se por uma
abordagem qualitativa de caráter descritivo-interpretativa e deve-se à natureza
dos fenômenos, do tipo de relação e da necessidade de descrever esses fenômenos
e suas especificidades. Conforme Mastella e Reis (2008), buscou-se conhecer o
perfil dos principais gestores da instituição pesquisada e entender qual é a
realidade na qual está inserida tais dirigentes.
A
escolha da IFES dá-se pelo fato de ser uma instituição que vem se fortalecendo na
região e vem aumentando as suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, além
de oferta de novos cursos de graduação e pós graduação, ao longo dos seus três
anos de existência, consolidando os ensinos presenciais e a distância.
Baseado
em Almeida e Binotto (2016), foram pesquisados dados dos entrevistados como:
data de ingresso na Instituição, função ocupada em gestão, formação acadêmica (graduação,
especialização, mestrado e doutorado), experiências profissionais anteriores. Foram
conhecidos também os documentos relacionados à gestão como o PDI, resultados da
Avaliação Institucional, relatórios e organização dos processos de trabalho da instituição.
Diante do cenário encontrado, foi discutido com os docentes, a importância da
instituição ofertar cursos de formação e capacitação para gestão universitária
e atuação na IFES.
4 Resultados e Discussões
Observou-se
que, devido ao número reduzido de servidores da estrutura, os treze órgãos de
gestão são ocupados por oito gestores, de forma que os setores de Comunicação;
de Eventos; Gestão de Pessoas; Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais; Comissão de Vestibular e Exame de Seleção e a
Coordenação de Administração e Planejamento ficam sob a administração do gestor
do Departamento de Administração e Planejamento (DAP), unificando as funções em
uma única pessoa. Os cargos existentes no campus
são descritos no quadro 1.
Quadro
1 – Cargos de gestão do IFMG Campus
Avançado Arcos.
1. Direção Geral Pro Tempore |
2. Chefia de Gabinete |
3. Departamento de Administração e
Planejamento (DAP) |
4. Direção de Ensino |
5. Coordenação de Curso de Graduação em
Engenharia |
6. Coordenação de Curso de Pós Graduação em
Docência |
7. Comitê de Educação à Distância (CEAD) |
8. Setor de Tecnologia da Informação (TI) |
Fonte:
o autor (2019).
O cargo de Direção Geral é exercido
em caráter “pro tempore”, ou seja
temporário, escolhido e nomeado pelo Reitor, dispensando durante esse período
eleições para o cargo. Importante ressaltar que a atual gestão também trabalha
para administrar problemas da gestão anterior, que foi interrompida a pedido
pelo o então Diretor Geral, justamente por questões administrativas e problemas
com a equipe. Com isso, desde janeiro de 2019, o atual diretor foi removido da
Direção Geral de outro campus para a
resolução dos citados problemas.
A titulação máxima dos gestores é
representada por três especialistas, quatro mestres e um com pós doutorado como
é mostrado na figura 2.
Figura
2 – Número de docentes por nível de formação acadêmica da equipe gestora.
Fonte: o autor (2019).
Analisou-se
também quanto a formação específica para gestão/administração (figura 3), onde
37,5% possui formação específica de pós graduação (sendo dois especialistas e
um mestre) e 62,5% não possui nenhuma formação ligada a gestão, tanto na
graduação quanto na pós graduação. Nenhum gestor possui graduação ligada a
administração. O fato curioso é que apenas o ex Diretor possui graduação e pós
graduação em nível de mestrado em Administração. Nem mesmo o atual Diretor
Geral é graduado em Administração, porém o seu mestrado é ligado a gestão.
Figura
3 – Número de docentes por tipo de formação específica em gestão/administração.
Fonte: o autor (2019).
Diante
dessa situação, os gestores foram questionados sobre a importância da formação
específica e administração para o exercício de cargos de gestão. Na figura 4 é
possível perceber que 37,5% relataram como muito importante e 37,5% como
importante. 12,5% entenderam como pouco importante e 12,5% como sem nenhuma
importância.
Figura
4 – Relevância da formação específica em gestão.
Fonte: o autor (2019).
Um dado bastante interessante
observado nos gestores foi no aspecto ligado a comunicação, para metade dos
entrevistados não tem nenhum tipo de problema relacionado a comunicação; 25% relataram
como a principal dificuldade enfrentada é a comunicação com a Reitoria situada
na capital do estado e, 12,5% apontaram a dificuldade com a comunicação interna
no campus. Ainda 12,5% entendem que a
principal dificuldade é relacionada a comunicação externa, entre os demais campus e 50% não possuem nenhum tipo de
problema com comunicação (figura 5). Um dado positivo analisado é que nenhum
gestor apontou dificuldades em todos os tipos de dificuldades de comunicação.
Figura
5 – Maior tipo de dificuldade de comunicação.
Fonte: o autor (2019).
Quando foram analisadas as
dificuldades relacionadas as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e
os seus respectivos sistemas, 37,5% apontam que o principal problema enfrentado
é o excesso de sistemas disponíveis para o exercício da função. 12,5% possuem
dificuldades no entendimento e manuseio de sistemas e, 25% tinham dificuldades
em entender as ligações entre sistemas (internos e externos). 25% não tinham
nenhum tipo de problema relacionado ao uso das TICs, como mostra a figura 6.
Figura
6 – Dificuldades relativas a comunicação e as TICs.
Fonte: o autor (2019).
Os
gestores apontam que o cotidiano possui alta demanda de trabalho e falta de
tempo para 62,5% e 37,5% sentem dificuldades de conciliação da gestão com
lecionar aulas, conforme a figura 7. É importante ressaltar que nenhum servidor
apontou dificuldades de conciliação da gestão com atividades externas, visto
que todos trabalham regime de dedicação exclusiva.
Figura
7 – Aspectos relacionados a demanda de trabalho.
Fonte: o autor (2019).
O
cotidiano de trabalho também é influenciado pelo espaço físico, de forma que
25% apontaram que o principal problema é a ausência de salas específicas; 12,5%
tem como principal problema o compartilhamento de espaços com profissionais de
outras áreas; acompanhados de 37,5% que relatam que o espaço físico com tamanho
insuficiente. 25% não possui nenhum tipo de problemas relacionados ao espaço
físico (figura 8). Esses problemas de espaço devem-se ao fato que o prédio
utilizado pelo IFMG atualmente, mesmo pertencendo a Prefeitura, fora sempre
ocupado pela PUC, antes da chegada da IFES na cidade.
Figura
8 – Questões relacionadas ao espaço físico no Campus.
Fonte: o autor (2019).
A figura 9 mostra que as questões
relacionadas às dificuldades enfrentadas quanto a questão financeira foram
vistas por 50% enfrentadas pela falta de recursos, seguida por 12,5% ligadas
aos repasses de recursos. 25% disseram que há poucas dificuldades enfrentadas e
para 12,5% não há dificuldade alguma na parte financeira da instituição.
Figura
9 – Principais dificuldades relacionadas às questões financeiras.
Fonte: o autor (2019).
Segundo os gestores, a relação de
trabalho com os subordinados foi bem avaliada, de forma que 75% tem uma ótima e
25% tem uma boa relação com os seus subordinados, mostrado na figura 10. Nenhum
entrevistado relatou pontos negativos na relação com os seus subordinados.
Figura
10 – Relação Gestor-Subordinados.
Fonte: o autor (2019).
Os gestores também tiveram a
oportunidade de enumerar as principais dificuldades relacionadas às questões
burocráticas. A
alta demanda de trabalho para pouco tempo foi a dificuldade mais apontada pelos
entrevistados, seguida pelas reuniões marcadas sem aviso prévio e o próprio
excesso dessas reuniões. A falta de objetividade nas reuniões e a longa duração dessas
foram menos relatadas, conforme mostra o gráfico da figura 11.
Figura
11 – Dificuldades burocráticas.
Fonte: o autor (2019).
As maiores dificuldades enfrentadas
na gestão apontadas por seis entrevistados foram o tempo para realização de
atividades externas ao Campus e a
responsabilidade nas tomadas de decisões, respectivamente. Em seguida, as
avaliações de toda a equipe quanto ao seu desempenho no cargo e o comprometimento
da equipe foram relatadas por três gestores. O conhecimento de dados da gestão anterior; a
gestão de divergências entre a equipe e os aspectos de burocracia e de
centralização do poder tiveram menores apontamentos, ilustrado na figura 12.
Esses dados demonstram que, mesmo com problemas enfrentados pela gestão
anterior, a atual não foi influenciada.
Figura
12 – As principais dificuldades enfrentadas nos cargos de gestão.
Fonte: o autor (2019).
Todos os entrevistados relataram que
as relações interpessoais e o ambiente de trabalho e a gestão financeira e
orçamentária são áreas de importância do conhecimento para o exercício das
atividades. Sete gestores entendem que os conhecimentos sobre gestão de
recursos humanos são importantes, seguido pelas políticas públicas, representado
por seis servidores. Outros assuntos de importância foram a gestão pedagógica
(cinco) as tecnologias da informação e comunicação; a organização dos processos
de trabalho e o planejamento e avaliação (quatro cada).
Figura
13 – Importância do conhecimento nas áreas de atuação.
Fonte: o autor (2019).
Os gestores apontaram como
principais competências exigidas para o exercício das funções: saber dirigir e
liderar (oito); trabalhar com criatividade e curiosidade, saber se comunicar,
motivação pessoal, motivação da equipe e auto aprendizado (sete); buscar
colaboração com os subordinados, flexibilidade com a equipe e capacidade de
negociação (seis); buscar inovação, buscar colaboração com os outros gestores (dois);
e, domínio técnico e tolerância a situações de estresse (dois).
Figura
14 – As competências exigidas para o exercício do cargo de gestão.
Fonte: o autor (2019).
Por fim, todos os gestores
consideram relevante a hipótese de um possível oferecimento pela IFES de cursos
de formação específica em gestão universitária para exercer o cargo, de forma
que quatro consideram muito importante, três importante e um pouco importante.
Isso reforça a importância do conhecimento gerencial e de gestão universitária
para servidores ocupantes de cargos de direção na IFES.
Figura
15 – Relevância do oferecimento de cursos de formação para o cargo de gestão
universitária.
Fonte: o autor (2019).
5 Conclusão
O
objetivo desse trabalho foi conhecer os desafios enfrentados e as competências
gerenciais exigidas para a função de professores-gestores de Instituições
Federais de Ensino Superior, bem como, descobrir a importância da capacitação e
formação desses gestores para a melhoria da gestão da IFES. Com isso,
observa-se as principais dificuldades enfrentadas pelos gestores nos campos de
tecnologias, comunicação, financeira e burocráticas. Também foi possível
perceber que a maioria dos gestores não apresentam uma formação específica para
o cargo no qual está atuando, apesar de reconhecerem que é necessário o
desenvolvimento de competências para que a instituição tenha um melhor
andamento.
A
instituição pesquisada possui pouco tempo de atuação no município, porém já
apresenta um histórico de problemas com a gestão, ligada a direção geral e o
servidores passam por um momento de transição e adaptação frente ao novo Diretor.
Percebe-se que o maior desafio enfrentado é o acúmulo de cargo de gestão em
alguns professores, o que acaba sobrecarregando-os de diferentes tipos de
trabalho. As questões relacionadas ao grande número de sistemas de informática
e a parte financeira dificulta o exercício das atividades.
As
principais competências destacadas são o espírito de liderança, a criatividade,
curiosidade, comunicação, motivação e auto aprendizado, seguida pela
necessidade de colaboração, negociação e inovação. Curiosamente, a competência
menos citada é a de domínio técnico. Entretanto, os gestores entendem que é de
grande importância o estudo e se mostram interessados e uma possível oferta de
curso de gestão universitária na IFES, para capacitá-los e melhorar o
desenvolvimento das atividades no Campus.
Sabendo-se
que esse trabalho não pretende esgotar o assunto, torna-se necessário a
realização de novas pesquisas e projetos de modo a abranger as experiências
desses professores-gestores e capacitá-los de forma que, os diferentes
conhecimentos obtidos nesse trabalho sejam voltados em prol da IFES pesquisada
e de seus dirigentes.
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