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Elizane Cristina Bastos de Almeida
Pós-graduanda em Gestão de Instituições
Federais de Educação Superior (GIFES/UFMG). Graduada em História (UNOPAR);
Técnico de Enfermagem/socorrista-SAMU na Prefeitura Municipal de Betim; Técnica
em Enfermagem do Trabalho na prefeitura de Nova Lima. E-mail:
zane.morena@yahoo.com.br
André de Carvalho Bandeira Mendes
Mestre em Estudos do Lazer pela UFMG.
Psicólogo (UFMG). Psicólogo do Serviço de Psicologia Aplicada da UFMG. Docente
do GIFES (UFMG). E-mail: andrecbmendes@gmail.com
RESUMO
Este trabalho consiste na análise da implantação
de um sistema de Tecnologia de informação e comunicação (TICs) no serviço de
saúde de atenção às urgências e emergências, no âmbito pré-hospitalar. A partir
da revisão bibliográfica e do trabalho em campo são apontados os desafios
enfrentados pelos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) na busca por garantir um atendimento ágil e qualificado em toda sua área
de abrangência. A experiência teve curso na esfera da Prefeitura Municipal de
Betim, situada na região metropolitana de Belo Horizonte. Para a análise a
opção metodológica foi pela triangulação entre as técnicas de observação
participante, revisão bibliográfica e análise documental. A partir da análise
das informações e com testagem do recurso em estudo, pode-se concluir que o
sistema representa uma boa proposta na melhora da comunicação, apresentando boa
aceitação, eficácia e eficiência, sendo assim, indispensável e necessário, o
que não exclui a necessidade de serem realizados alguns ajustes para que o
resultado final seja satisfatório. É demonstrado ainda, de maneira prática e
situada, a importância das Tecnologias de informação e comunicação na atenção à
saúde, assim como a possibilidade de parcerias produtivas entre os setores
públicos e privados no atendimento à população.
Palavras-chave: Tecnologia de informação. Atendimento
pré-hospitalar. Organização de serviços de saúde.
1 -
INTRODUÇÃO
As Tecnologias de informação e comunicação
(TICs) estão bem presentes na vida cotidiana sendo inseridas também nos
serviços de saúde. A incorporação de tecnologias pela gestão do Sistema Único
de Saúde (SUS) constitui um avanço na prestação de serviços que agrega
qualidade e agilidade no atendimento.
O
uso das TICs está sendo implantado e aperfeiçoado nacionalmente através do
e-SUS, com sistemas de atendimento e acompanhamento que aperfeiçoam a gestão e
o monitoramento dos recursos[1].
A Tecnologia de Informação pode ser definida
como um conjunto organizado e articulado de equipamentos, software, redes de
comunicações, pessoas e fontes de dados que coletam e transformam estes últimos
em informações, que em uma organização servem para responder a determinadas
situações (O’BRIEN, 2004). As informações dão suporte às operações, a análise
de funções e a tomada de decisões (SPINOLA, PESSOA, 1998). Schmeil (2019)
conceitua, em relação à implementação das TICs que:
A
Infraestrutura de TIC pode ser entendida como a composição de competências
humanas e de tecnologias e metodologias baseadas em recursos computacionais;
essa composição contribui para o exercício das atividades, buscando obter
eficiência, eficácia e competitividade na área de aplicação.
Neste
estudo de caso, sob a abordagem qualitativa e com caráter descritivo, foi
realizada a análise das vantagens, dificuldades e desafios da implantação de um
software desenvolvido para auxiliar no atendimento de situações de urgência e
emergência.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS), no “Saúde Brasil 2018: Uma
análise de situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e
perspectivas” as dez principais causas de morte (BRASIL, 2019, p. 77), em 2016,
no país, foram:
1° Doenças cardíacas isquêmicas;
3° Doença de Alzheimer e outras demências;
4° Infecções respiratórias baixas;
5° Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
8° Acidentes por transporte terrestre (ATT);
10° câncer de traqueia, brônquio e pulmão.
De acordo com o mesmo documento (BRASIL, 2019, op. cit. p.89): “Causas externas
contabilizaram aproximadamente meio milhão de mortes no Brasil (484.917) em
2016. Cerca de 30% delas aconteceram por acidentes de trânsito, em ambos os
gêneros”. Tais agravos à saúde, que muitas vezes se apresentam de forma
inesperada e imprevisível, necessitam de um atendimento pronto, eficaz,
apropriado e oportuno.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) foi criado para atender essa necessidade. Firmado pelo Decreto
Presidencial número 5.055 de 2004[2], com
a finalidade de prestar socorro às situações que podem levar a sofrimento, a
sequelas, ou até mesmo à morte e em consonância com os princípios organizativos
e doutrinários do SUS. Assim, o SAMU permite operacionalizar princípios como a
Universalidade, que é a garantia de atenção à saúde por parte do sistema a todo
e qualquer cidadão; a Regionalização e Hierarquização, que consistem na
prestação de serviços organizados em níveis de complexidade tecnológica
crescente, dispostos em área geográfica delimitada e com a definição da
população a ser atendida; e da Equidade, que todas as pessoas tenham as mesmas
condições de acesso sem privilégios e sem barreiras.
Isto significa organizar os serviços de saúde em
cada região para que a população tenha acesso a todos os tipos de atendimento,
financiados pela arrecadação de impostos. Paim (2015, p.32), acerca dessa
organização, aponta que
A regionalização corresponde a um dos princípios
organizativos do SUS. Representa a articulação entre os gestores estaduais e
municipais na implementação de políticas, ações e serviços de saúde
qualificados e descentralizados, garantindo acesso, integralidade e
resolutividade na atenção à saúde da população.
A saúde, no Brasil, é reconhecida como um
direito universal e igualitário, prevista na Constituição Federal de 1988. Está
longe de ser um sucesso absoluto em termos de eficiência e qualidade, porém,
apesar dos problemas estruturais, é a maior política de inclusão social do
Brasil, sendo referência mundial em atenção primária, conforme preconiza seu
artigo 196, no qual é explícito que a “Saúde é direito de todos e dever do
Estado” (BRASIL, 1988).
No município de Betim, a implantação do SAMU foi
resultado de um convênio firmado entre a prefeitura e os governos estadual e
federal. A cidade é um dos principais polos industriais da região metropolitana
de Belo Horizonte e o quinto município mais populoso de Minas Gerais, reunindo
439.340 habitantes, possui uma área total de 343,856 km² e um perímetro de 122
km, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística[3]
(IBGE).
O SAMU de Betim possui uma Central composta por
um Regulador, que é médico; um Rádio-operador; dois profissionais no cargo de
Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARMs), que podem ser técnicos de
enfermagem, auxiliares de enfermagem ou oficiais de apoio. Na cidade, existem
três bases distribuídas estrategicamente com cinco ambulâncias, sendo duas
destas Unidades de Suporte Avançado (USAs), com uma destinada ao transporte de
pacientes graves de uma unidade de saúde a outra; uma Unidade móvel de Terapia
Intensiva (UTI), tripulada por um médico, um enfermeiro e um
condutor/socorrista; e possui também três ambulâncias que são Unidades de
Suporte Básico (USB), tripuladas por dois técnicos em enfermagem e um
socorrista/condutor.
O pedido de socorro é feito através do número
telefônico 192, cuja ligação é nacional e gratuita. Recebido na central pelo
TARM, o qual se identifica com o nome do serviço de atendimento e a cidade,
usando o script ‘SAMU Betim’, esse
profissional é responsável por registrar o nome do solicitante e o endereço
local da ocorrência, a ligação é transferida para o Médico Regulador, para isso
faz-se necessário que o solicitante esteja do lado da vítima para descrever
para o médico a situação em que a pessoa se encontra. O Regulador, através de
perguntas, detecta a necessidade de atendimento, sendo responsável também pela
classificação de prioridades, orientação, prescrição, decisão no envio ou não
de um suporte móvel, seleção do tipo de suporte a enviar, se a USB ou a USA, e
presta apoio aos executores. Segundo o Ministério da Saúde, o SAMU deve ser
acionado nos casos de:
○ Ocorrência de problemas cardiorrespiratórios;
○ Intoxicação exógena e envenenamento;
○ Queimaduras graves;
○ Ocorrência de maus tratos;
○ Trabalhos de parto em que haja risco de morte da
mãe ou do feto;
○ Tentativas de suicídio;
○ Crises hipertensivas e dores no peito de
aparecimento súbito;
○ Quando houver acidentes/traumas com vítimas;
○ Afogamentos;
○ Choque elétrico;
○ Acidentes com produtos perigosos;
○ Suspeita de Infarto ou AVC, detectadas por
sinais e sintomas como a alteração súbita na fala, perda de força em um lado do
corpo e desvio da comissura labial;
○ Agressão por arma de fogo ou arma branca;
○ Soterramento, desabamento;
○ Crises convulsivas;
○ Transferência inter-hospitalar de doentes
graves;
○ Outras situações consideradas de urgência ou emergência,
com risco de morte, sequela ou sofrimento intenso.
O serviço enfrenta desafios na comunicação,
principalmente devido a problemas de origem técnica. A falta de cobertura de
rede de telefonia em alguns bairros e locais mais distantes da cidade resultava
em dificuldades da Central fazer contato com o solicitante em casos de
divergências no endereço informado para facilitar a chegada da ambulância,
outro grande problema enfrentado era a dificuldade de comunicação da equipe com
a central durante a ocorrência nestes locais sem cobertura de telefonia,
lembrando que é da central que vem a conduta médica, o apoio da USA,
direcionamento para unidade de saúde, com esta última possuindo vaga,
profissional adequado e recursos materiais, dentre outros.
A saúde tem três dimensões: estado vital, setor
produtivo e área do saber (PAIM, op. cit.).
Diante delas, entende-se o modo pelo qual as sociedades identificam problemas e
necessidades de saúde, buscam a sua explicação e se organizam para enfrentá-los
sob influências econômicas, políticas e culturais. A política de atendimento a
urgências e emergências via SAMU tem se mostrado satisfatória e eficaz.
2 - ANÁLISE CRÍTICA E DESCRITIVA DA IMPLANTAÇÃO
DO PROGRAMA E SEUS IMPACTOS
A fim de analisar a situação problema foram
utilizadas informações disponíveis na Prefeitura Municipal de Betim (PMB) com o
recurso da triangulação metodológica (GIL, 2002), na qual foram utilizadas as
técnicas de análise documental, observação participante e revisão bibliográfica
(MINAYO, 2001; LAKATOS; MARCONI, 2008).
Por estar em campo e nos atendimentos é
impossível excluir o papel organizacional no qual o acesso às informações tem
que ser visto com certo distanciamento, em um exercício de aproximação e
afastamento validado entre pares e metodologicamente que permita o estudo
apurado do caso em questão.
Assim, este artigo é um estudo de caso, de cunho
qualitativo e caráter descritivo, com alto grau de empirismo, baseado em uma
realidade profissional compartilhada com outros profissionais da assistência à
saúde.
Diante
da situação descrita, a PMB, através dos gestores da urgência e emergência, passou
a utilizar um sistema de comunicação via satélite, criada pela empresa Velp[4]
tecnologia. Essa empresa surgiu como startup
na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presta serviços para diversos
órgãos governamentais. Seu surgimento foi em 2002 e em seu endereço eletrônico
é possível observar que seu objetivo é utilizar tecnologia e inovação para
resolver problemas de forma eficiente e econômica. Entre outras tecnologias
essa organização criou o vSkySAMU, sistema que já está sendo utilizado em
diversos consórcios intermunicipais e vem apresentando resultados positivos.
É utilizada, segundo a empresa, a comunicação
híbrida 3g/4g GPRS e satélites geoestacionários, estando presente desde o
recebimento da ligação pela central até o fechamento da ocorrência, como pode
ser visto na figura 1:
FIGURA 1 – Comunicação Híbrida – 3g e Satélite
Fonte: https://www.velp.com.br/solucao/vskysamu/, 2019. Acesso em: 19 nov. 2019.
As
principais funcionalidades do sistema são:
● Gestão
de Frotas: cadastro de unidades de saúde, controle de manutenções,
abastecimentos, alertas de manutenções vencidas/a vencer, cadastro de
fornecedores, cadastro de produtos/serviços, cadastro de equipamentos médicos,
cadastro de planos de manutenções;
● Módulo
de Cadastros: Clientes, Bases, Contatos, Municípios, Estabelecimentos de Saúde,
Alertas, Medicamentos, Pontos de Interesse, Medicamentos, Usuários;
● Módulo
de Gestão Operacional: permite gerenciar escala de profissionais, registros de
intercorrências, checklist's de
unidades móveis, controle de trocas de turno dos profissionais;
● Gestão
de Atendimentos: acompanhamento das Fichas de Atendimento Pré-Hospitalares
(APH) e Fichas de Atendimento Nas Centrais de Regulação;
● Módulo
de Relatórios e Gráficos Gerenciais;
● Sala
de Situação: permite acompanhar as ocorrências em atendimento, com indicações
de localização, situação e tempo de atendimento, através da API do Google Maps;
● Monitoramento:
permite monitorar em tempo real a localização e o status de cada unidade móvel, através da API do Google Maps;
● -
Mapas Temáticos: permite gerar mapas temáticos com base nas informações georreferenciadas
dos atendimentos, através da API do Google Maps.
O sistema vSkySamu funciona da seguinte forma:
após o pedido de socorro, a ligação é recebida pelo TARM, o qual registra no
sistema nome, endereço, ponto de referência e causa do pedido, em seguida
transfere a ligação para o médico regulador, o qual realiza a triagem, o
operador de frota, por sua vez, verifica a disponibilidade de ambulância, sua
proximidade com o local e aciona a equipe.
Através
de um aparelho de celular próprio, a equipe já recebe todos os dados relativos
à ocorrência que foram colhidos pelo TARM e pelo regulador para esse fim. Já
com o sistema vSkySAmu instalado, a equipe recebe instruções e atualiza a
central de regulação durante o atendimento, inserindo novos dados relativos à
vítima, como os sinais vitais, lesões, patologias e vai registrando
procedimentos conforme vão sendo executados.
Quanto
ao recebimento da ocorrência, deslocamento iniciado, chegada ao local, pedido
de conduta médica, saída para a unidade, chegada à unidade, liberação da
ambulância e chegada à base, dentre outras funções, o sistema permite a
visualização do deslocamento da ambulância no mapa em tempo real. Na imagem 2 é
possível notar as funcionalidades do sistema:
FIGURA 2 - Etapas do atendimento
Fonte: Adaptado dos autores a partir das informações disponíveis em: <https://www.velp.com.br/solucao/vskysamu/>. Acesso em: 19 nov. 2019.
Determinadas
funcionalidades, como transmissão de dados, fotos e vídeos, são também algumas
das ferramentas para auxiliar o médico regulador na tomada de decisões e na
orientação à equipe presente no local da ocorrência. O sistema também gera
dados estatísticos que podem nortear políticas públicas de prevenção.
Dessa
forma, é possível observar como a tecnologia da informação atua de modo
prático, mudando as ações da saúde. Assim, uma tecnologia da informação eficaz
é capaz de coletar dados referentes aos principais agravos de saúde da
população, grupos de risco, horário de acidentes, locais com agravos repetidos
de trânsito, abandono de tratamentos, percentual de álcool ou droga associado
aos agravos e, a partir daí, o órgão público tem o material para implementar as
ações direcionadas às políticas públicas de prevenção.
Segundo
relatório feito durante o primeiro mês de funcionamento do sistema vSkySamu no
município de Betim, no período entre os dias 01 de agosto de 2019 e 09 de
setembro deste mesmo ano, dos 1008 atendimentos prestados, 623 foram por causas
clínicas; 270 causas traumáticas envolvendo acidentes de trânsito, agressão
física (por arma branca ou arma de fogo), quedas de altura ou quedas própria
altura; 68 causas psiquiátricas; 26 causas pediátricas; e 21 por causas
obstétricas. Destes, quinze atendimentos necessitaram do apoio da USA, nove do
apoio da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e três do Corpo de Bombeiros
Militares de Minas Gerais (CBMMG). Além dos atendimentos, foram realizadas 731
orientações médicas.
Paim (op.
cit., p.132) ressalta que
Os instrumentos de
informação e comunicação constituem uma via de mão dupla. De um lado, temos os
responsáveis pelo sistema de saúde – gestores, coordenadores de programas,
profissionais da saúde, entre outros – que devem fornecer informações para que
a população possa: 1) ampliar os seus conhecimentos sobre saúde e aumentar a
autonomia de decisão quanto à sua vida; 2) orientar-se quanto às atitudes a
tomar, em casos de doenças, acidentes e demais agravos à saúde; 3) orientar-se,
igualmente, em relação às medidas de prevenção para evitar o surgimento de
doenças e de situações de risco à sua saúde e a saúde de seus familiares e
amigos. [...] Do outro lado temos a manifestação da população, por meio de
encaminhamento de suas demandas que podem ser: reclamações, sugestões,
reivindicações e elogios (grifos do autor).
Um
mês após a implantação do novo sistema, representantes dos funcionários
realizaram relatórios ressaltando pontos positivos e possíveis ajustes
operacionais para uma melhor experiência no uso da nova ferramenta de trabalho.
Na análise feita pelos funcionários
da Central as vantagens ressaltadas foram:
- Melhora importante no tempo/resposta das equipes para com a
central;
- Melhora importante na noção que a central terá quanto ao tempo
estimado de chegada da equipe na cena;
- Acionamento rápido;
- App intuitivo e de fácil compreensão.
As dificuldades
e desafios enfrentados foram:
- Função “Redirecionar ambulância”: no sistema atual faz-se
necessário cancelar a ocorrência inicial para depois enviar novo veículo, médicos
reclamam a necessidade de (quando criado esta nova ocorrência) ter de
preencher novamente o histórico da ligação inicial. Para o operador do
sistema, simplesmente redirecionar e tornar a ocorrência em aberto
novamente seria o ideal;
- Função “Apelido da ocorrência”: existe a necessidade desta função
na tela do TARM devido ao número de ocorrências e a dificuldade de
localização tanto na tela do médico quanto do operador de frota;
- Pesquisar ocorrências - habilitar esta função com barra de
rolamento e botões para filtrar a ocorrência pelo tipo ou bairro e, se
possível, pesquisar por mais datas e não somente por 24h anteriores;
- Mapa GPS: atualização com tempo menor. Devido ao sistema atualizar
com mais de 20 segundos fica impossível orientar equipe em tempo real;
- Busca de endereço: é um ponto falho do sistema. Primeiramente
deveria deixar com seta “Betim” como busca principal, no momento atual tem
que digitar a cidade. Atualmente, o sistema requer a necessidade de
digitar muitos caracteres para que faça a busca pela rua com o bairro e
quando aparecem as sugestões não tem a opção de rolagem de opções para
seleção do bairro;
- Encerramento de ligações: é um ponto a aprimorar no sistema.
Atualmente, são pouquíssimas opções para registro. Necessário colocar
opções como: Transferido para a PM, transferido para a Autopista,
transferido para SAMU de Contagem, e outras poucas opções, sendo as
relatadas as mais frequentes;
- Vincular o telefone 192 ao sistema quando tocar. Isso ajudaria
bastante com o sistema atual de copiar e colar. Pois existem casos em que
o atendente copia faltando caracteres e isso atrapalha o serviço;
- “Aguardando recurso” – Possibilidade de o operador de frota
“destravar” a ocorrência para despacho;
- “Sinais Sonoros” – Sinais sonoros específicos para cada operador
(Ex.: Dados Vitais com sinal sonoro diferenciado, pois atrapalha a
regulação sinais sonoros comuns sobre assuntos diversos);
- Ocorrência aguardando despacho – Liberar a
possibilidade de evolução na ficha mesmo em situação “Aguardando Despacho”
(Pelo fato de em determinadas situações “PCR” o médico despachar para
ganhar tempo e depois não conseguir evoluir o caso pelo fato de a
ocorrência estar travada aguardando despacho).
A
análise feita pelos funcionários das ambulâncias, no campo real de trabalho
envolvem ajustes na comunicação e na interface. Quanto aos ajustes na
comunicação foi notado que o campo referente ao histórico é muito pequeno, a
equipe tem que dividir o histórico em pequenas partes. Caso haja necessidade de
correção, existe a dificuldade de voltar na mesma mensagem para fazê-la.
Enviar
a mensagem usando áudio não está sendo eficaz, pois existem erros, as palavras
não estão sendo compreendidas, fazendo-se necessário retornar ao texto para
correção, o que ocasiona o atraso no envio da mesma. A equipe sugere a
implantação de mensagem de voz para maior agilidade; ou que seja adicionado:
campo de evolução de enfermagem (situação no local), juntamente com os dados
vitais, para que sejam enviados juntos e não seja necessário enviar os dados
vitais e depois, em outra mensagem, enviar a descrição do ocorrido no local.
Na
passagem de dados vitais, a grande maioria dos reguladores não espera as
equipes pedirem conduta médica, após os dados vitais já oferecem conduta, sem a
equipe ter passado o histórico geral do caso, o que pode ocasionar uma mudança
de referenciamento hospitalar da ocorrência; Se fosse possível que eles
conseguissem visualizar na tela: “equipe digitando”, se não for possível
orientá-los a aguardar o pedido de conduta médica pelas equipes.
As
equipes estão explicando a situação de mudança aos solicitantes para evitar um
desconforto maior, já que a ferramenta de comunicação com a central se trata de
um telefone, porque, na hora de passar os dados, as pessoas acham que o
profissional está usando aplicativos de mensagens ou redes sociais, ao invés de
socorrer a vítima.
3 -
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os
profissionais da saúde, especialmente os que estão no campo da atenção à
urgências e emergências, não podem perder tempo, nestas situações-limite cada
minuto é importante, o tempo entre a solicitação do socorro e a chegada da
equipe na cena do evento, chamado de tempo resposta, pode ser decisivo na
diminuição do sofrimento, das sequelas e do risco de morte.
Porém
existem fatores que podem desarranjar o processo como a falta de conhecimento
da população relativo à função do SAMU e a má utilização do serviço. Esse fator
tem sido um grande dificultador do processo por ocupar uma unidade móvel
fazendo dela apenas um transporte para unidades de saúde.
Os
eventos são imprevisíveis, o que não permite o serviço se programar, tanto pode
haver momentos de tranquilidade quanto podem surgir várias ocorrências na mesma
hora, exigindo que o regulador faça classificação de prioridades; há situações
em que uma solicitação de urgência tenha que esperar a liberação de uma
ambulância ocupada atendendo caso que não se caracteriza uma urgência ou
emergência. Considerando tais fatores e visando a otimização do tempo resposta,
fica claro que os desafios continuam.
A
mudança cultural, juntamente com as práticas que a inserção dos recursos tecnológicos
promove, está sendo avaliada cotidianamente em contato com a empresa que
desenvolveu e presta suporte ao sistema.
Portanto,
é bastante relevante a interlocução entre as prefeituras e demais instâncias de
atenção com as instituições acadêmicas, nas quais startups podem promover soluções inovadoras e ver os problemas por
outro ângulo, fora da rotina, muitas vezes apertada, dos profissionais da
assistência.
REFERÊNCIAS
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da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm>
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PAIM, Jairnilson Silva. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2009. ISBN:
978-85-7541-453-8. E-book interativo: 2015 (edição impressa: 2009).
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos
básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos
científicos. 7. ed. 2 reimp. São Paulo: Atlas, 2008.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e
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O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação: e as decisões gerenciais na era da
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SCHMEIL, Marcos Augusto. Saúde e
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SPINOLA, Mauro; PESSÔA, Marcelo. Tecnologia da
Informação. In: Gestão de Operações.
2a ed. Professores do Departamento de Engenharia da escola Politécnica da USP e
da Fundação Carlos Alberto Vanzolini. São Paulo: Editora Edgard Blücher,1998,
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[1]Maiores informações em: <http://datasus.saude.gov.br/projetos/50-e-sus>Acesso
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[2] Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5055.htm>.
Acesso em 20 de novembro de 2019.
[3]Informações disponíveis no endereço eletrônico <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/betim/panorama>.
Acesso em 15 de outubro de 2019.
[4] Maiores informações sobre a história da empresa podem
ser obtidas no endereço eletrônico <http://www.velp.com.br/sobre-nos/>.
Acessado em 19 de novembro de 2019