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Jeanne Vieira Soares
Graduada em História e em Gestão Ambiental (Tecnólogo), participou e Acompanhou a implantação das unidade de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) construída em áreas organizadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em Minas Gerais. Segue a linha de pesquisa de recursos hídricos com ênfase na precipitação provável em Araçuaí MG e uso dos recursos hídricos na irrigação de culturas desenvolvidas na região. É engajada em tecnologias sustentável que possa melhorar a vida de agricultores (as) da região. Atualmente trabalha na rede estadual de Ensino como professora da disciplina de História.
O conceito de modelos mentais atualmente é usado em diversas áreas, dentre estas a Educação e a Filosofia. Embora não exista clareza sobre seu significado, a aceitação ampla da ideia parte da premissa que nós podemos só podemos aprender algo novo, construindo modelos dele, a partir daquilo que já conhecemos. Sendo assim um modelo não pode ser considerado unitário, pois cada de nós possuímos diversas maneiras de compreender e interagir com o sistema físico.
O psicólogo Kenneth Craik foi quem primeiro postulou a ideia de modelos mentais no início da década de 40. Segundo Craik (apud Borges,1998), a mente constrói modelos mentais em pequena escala da realidade, que usa para antecipar a eventos, raciocinar e embasar explicações. Uma outra vertente aqui apresentada é a teoria de modelos mentais defendida por Johnson Laird, cuja concepção deriva da noção de modelo introduzida por Craik em 1943, sua teoria baseia-se na ideia de que construímos modelos mentais de eventos de estado de coisas no mundo empregando processos mentais tácitos. De acordo com Johnson-Laird nossa habilidade em dar explicações está intimamente relacionada com nossa compreensão daquilo que é explicado e para compreender qualquer fenômeno ou estado de coisas, precisamos ter um modelo funcional dele.
Ainda citando Johnson-Laird (1983), este distingue pelo menos três tipos de representações mentais: representações proposicionais, modelos mentais e imagens mentais.
1- Representações proposicionais - São representações de significados totalmente abstraídas e verbalmente expressáveis, são cadeias de símbolos que correspondem a linguagem natural. Podemos citar a exemplo: a frase “o menino segura uma caixa”, poderia ser representada mentalmente como uma representação proporcional, uma vez que é verbalmente expressável; como um modelo mental de qualquer menino segurando qualquer caixa ou como uma imagem mental de um menino especifico segurando uma determinada caixa.
2- Modelos Mentais – De acordo com Borges os modelos mentais é uma representação interna um tanto abstraída, que corresponde analogamente àquilo que está sendo representado, podendo ser visto de qualquer ângulo e que normalmente não retém aspectos distintivos de uma dada instância de um objeto ou evento. Em outras palavras a principal função do modelo mental é permitir ao seu construtor explicar e fazer previsões sobre o sistema físico que o modelo analogicamente representa, porém, para explicar e fazer previsões sobre alguma coisa o sujeito deve, necessariamente, compreender essa coisa. Decorre daí que os modelos mentais são estruturas cognitivas relacionadas à compreensão. Compreender algo significa construir um modelo mental para este algo. Mas podemos compreender coisas diversificadas, desde o funcionamento de uma máquina até o funcionamento de uma equação matemática, o que demanda a formação de modelos mentais diferentes. Para Johnson Laird (1983), objetos físicos demanda a formação de modelos mentais físicos, que representam o mundo físico (um motor, por exemplo), coisas abstratas demanda a formação de modelos mentais conceituais, exemplo de uma fórmula matemática ou um discurso de sala de aula.
3- Imagens- São representações bastante especificas que retém muito dos aspectos perceptivos de objetos ou eventos, olhados de um ângulo particular e com detalhes de uma determinada instância do objeto ou evento. Podemos considerar então que imagens correspondem ao modelo mental visto a partir de um dado ponto de vista.
Tais modelos são estruturalmente análogos aos processos que acontecem no mundo exterior, embora sejam incompletos e não representem diretamente a realidade. É muito importante entender que modelos mentais são aprendidos através da experiência do indivíduo, isto é, eles podem ser mudados, não são universais, nem inatos, são construídos principalmente pelas experiências individual. O que corrobora com o que aprendemos na disciplina anterior sobre Teoria da Aprendizagem, onde David Ausubel, já falavam que cada conhecimento encontra se ligado a conhecimentos prévios que o indivíduo possui, à sua experiência, às modalidades pessoais de mediação e percepção. Sendo assim, A aprendizagem significativa ocorreria pela interação entre velhas e novas imagens mentais, originando uma imagem altamente diferenciada, o resultado final desse processo seria um modelo mental pujante.
Método de Investigação de Modelos Mentais
Segundo Vieira Junior (2019), investigar a cognição humana não é uma tarefa fácil, e a maneira mais adequada para que a investigação da mente ocorra é por meio de entrevista e descrição de fenômenos, símbolos e pictograma, isto porque as pessoas em si não tem consciência do seu próprio modelo mental, para (Moreira 1998 apud Vieira Junior 2019) uma das técnicas mais utilizadas para investigar a cognição humana são os protocolos verbais descrevendo o que a pessoa faz enquanto resolve um problema ou imediatamente após terminar, para isto sugere se o uso da metodologia proposta por Vosniadou, para essa autora perguntas generativas criam um confronto com o fenômeno sobre o qual não se tem experiência a não e que não se tenha recebido qualquer instrução. Ao se deparar com esse tipo de questões os alunos precisam buscar por informações relevantes na sua base de conhecimento e usá-las para construir ou resgatar um modelo mental que é então utilizado para responder a pergunta, desse modo perguntar generativas tem maior potencial para oferecer informações sobre modelos e estruturas teóricas do que aquelas questões factuais.
Outros métodos são sugeridos tais como: análise qualitativa que se mede o padrão de respostas e o método de entrevistas semiestruturada sugerido por Moreira, este tem sido destaque no processo de investigação junto aos mapas conceituais. Argumentos que envolvem apenas um Modelo Mental podem ser resolvidos com rapidez e exatidão, por outro lado, a existência de múltiplos modelos (mesmo que necessários) exige maturidade e/ou concentração em cada um deles para que se realizem testes e se estabeleçam conclusões. Obviamente que quanto mais complicadas as proposições originais, mais difícil será a construção e a manutenção de modelos e isso não se restringe à organização espacial de objetos.
O processo de aprendizagem, portanto, exige a comparação e combinação de diversos Modelos Mentais, o professor pode utilizar de estratégias que facilitem estas ações. Ao conjunto de artifícios, preparado pelo professor (sequência didática), dá-se o nome de “modelo conceitual”. Um modelo conceitual é uma interface precisa e completa do sistema a ser estudado, projetada pelo professor para ajudar a construção dos Modelos Mentais dos alunos – que nem sempre são precisos, consistentes e completos, mas devem ser funcionais. Portanto, a conexão direta entre um Modelo Mental e um modelo conceitual pode ser função da experiência prévia do aluno e de sua habilidade em adquirir tal conhecimento, associada ao suporte dado pelo professor para isso.
Referências Bibliográficas
BORGES, A. T. Modelos mentais de eletromagnetismo. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 15, n. 1, p. 7-31, 198.
VIEIRA. Junior Nilton, Ciências Cognitivas na Educação. Apostila (Pós-Graduação em Docência), Instituto Federal de Minas Gerais- 2019.
Recebido em 05 de maio de 2020
Publicado em 29 de maio de 2020
Como citar este artigo (ABNT)
SOARES, Jeanne Vieira. O Conceito e Investigação sobre Modelos Mentais. Revista MultiAtual, v. 1, n.1., 29 de maio de 2020. Disponível em: https://www.multiatual.com.br/2020/05/o-conceito-e-investigacao-sobre-modelos.html